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Após consulta popular o Reino Unido resolveu deixar a União Europeia – UE, optando por afastar-se da convivência política e econômica comum, de certo que os defensores da segregação possuem inúmeras justificativas às suas pretensões, até porque, mesmo no Brasil ainda encontramos grupos separatistas pedindo a independência de tal ou qual estado federado sob o argumento da prosperidade. Mundo afora, esses movimentos se caracterizam pelo egoísmo, onde cada um que vive seu momento de bonança ignora que longe de uma unidade de crescimento, a longo prazo, as consequências serão devastadoras.

Por outro lado, observando alguns sinais, o que os britânicos fizeram “foi sair na frente” de outros países, separando algo que nunca esteve unido, senão por relações estritamente negociais. Desde a sua fundação em 1993, a UE não conseguiu construir uma identidade dotada de solidariedade comum, resistente aos abalos de uma economia global tão instável quanto a de nossos tempos.

Hoje o continente é afetado pelo racismo, xenofobismo e divisionismo, onde cada vez mais se aplica a máxima que em “farinha pouca, meu pirão primeiro”, os noticiários internacionais mostram isso, do esporte à imigração, a Europa vem restaurando muros de intolerâncias que se supunham derrubados.

Profundamente influenciado pela Alemanha, terra da conservadora Angela Merkel, os países que integram o “velho mundo” cada vez mais se subjugam ao regramento dos gestores do grande capital internacional, reféns dos bancos, não possuem a coragem/vontade da Islândia de mandar tudo as favas e repactuar o modelo com a sociedade e, quando o arrojo acontece, nos moldes tentado pela Grécia em 2015, que ameaçou seguir no mesmo esteio, o recuo acaba inevitável, face as pressões que beiram o estado de exceção.

Do outro lado do oceano a coisa também não anda bem, nos EUA, o bilionário Donald Trump vem com tudo para as eleições esse ano, dinheiro é o que não falta para sua candidatura, que representa os mais significativos segmentos do capital mundial, não que a Hillary Clinton seja a musa de um estado do bem-estar social, porém, “entre a cruz e a caveirinha”, as propostas de Trump são tão assustadoras que a transforma em quase progressista.

O continente sul-americano por sua vez também assiste uma onda conservadora, que se alastrou a partir de Honduras, quando em 2009 o presidente Manuel Zelaya foi tirado de sua casa e colocado num avião para Costa Rica; no Paraguai, em 2012, o Congresso executou um impeachment relâmpago contra Fernando Lugo; por aqui, o tsunami chegou atendendo pelo mesmo nome, com direito a homenagem a torturador na admissibilidade da Câmara e escolha de Senador-relator campeão de doações eleitorais e acusado das mesmas irregularidades da presidenta-ré – “pedaladas fiscais”.

Enfim, nuvens sombrias cobrem o horizonte, o momento é de pregar tábuas nas portas e janelas até que a tempestade se dissolva; ventos do extremado nacionalismo e da moral inquisitiva sacodem bandeiras de ideologias perseguidoras, enquanto, seus seguidores que perderam a vergonha, não falam mais pelos cantos, não se escondem e já são explícitos em dizer que se aproximam, portanto, resistir a tormenta é vital, mesmo porque, um dia tudo passa.