Batalhas encerradas

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Enfim acabou. Desta vez, de forma definitiva até meados de 2020. Pelo Brasil inteiro, o debate democrático, a proposição de ideias, foram substituídos por posturas quase que exclusivamente acusatórias, com um tom de agressividade que beirava o fanatismo. Quem ganhou? Diante do quadro de animosidade, perdeu a sociedade de inúmeras cidades brasileiras, por ter sido obrigada a escutar, ver e ouvir os embates nos meios de comunicação.

Acompanhando a extensão disso tudo nas redes sociais, vi de forma incoerente, amizades serem colocadas em risco, ou até mesmo desfeitas por conta do jogo político que se apresentava. A total falta de capacidade de alguns aceitarem que o outro pensa diferente, fez-me ser refletir se isso não seria algo de extremo totalitarismo. Afinal, a democracia traz consigo a necessidade de respeitar opiniões diversas. Sem xingamentos, sem palavras vãs, sem a tão recorrente baixaria.

Vi candidatos irem ao debate cobertos por um manto de empáfia, arrogância e insistência em atacar. E o que é pior. Vi suas assistências comemorarem efusivamente cada ataque desferido. Será que é tão difícil convencer o eleitor com propostas? Quando publiquei algo do tipo na internet, algumas pessoas que considero muito afirmaram ser necessário partir para o viés “desmascarador”, para alertar o eleitor sobre as verdades que cercam candidatos A ou B.

Reservo-me pacificamente o direito de discordar. Por algumas simples razões. O eleitor que se deixará influenciar por acusações, é o mesmo que passará o período eleitoral devassando a vida de cada concorrente, para criar um julgamento coerente e de acordo com sua linha de pensamento. Para o eleitor que se guia apenas pela correnteza, tais ataques dificilmente farão diferença. O altíssimo índice de votos brancos, nulos e de abstenções mostra que essa política insensata, pautada por um discurso de desmerecimento do concorrente, não ganha mais as partidas. Um quadro de tão baixo nível, levará mesmo o eleitor a não querer fazer parte do certame. 

Como estudioso do fenômeno da segurança pública, fiquei apreensivo com a capacidade de elementos da classe média disseminarem o ódio e a agressividade, como fizeram durante esses 75 dias. Por mais que eu saiba que a violência é inerente à natureza humana, ainda me espanta ver olhos brilhando de raiva, por conta de algo no qual deveria imperar a sensatez.

Nossa sociedade é frágil. E isso tem reflexos em todos os setores da sociedade. Precisamos construir degrau por degrau dessa estrutura e um dos requisitos básicos para isso é o bom senso e o desapego ao próprio ego. Difícil para alguns, que já transcenderam o mundo da política, aterrissando sob holofotes no “show bizz” tupiniquim.

Uma boa parcela da população deu o seu recado. Sua ausência planejada do processo mostra de forma clara, que muita coisa precisa mudar no que os candidatos, principalmente aos cargos majoritários, propõem para a construção de uma sociedade mais coerente e equilibrada.