• Crise afeta cardápio no Centro

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    Sem variação no cardápio devido à falta de repasses, Restaurante Popular Jorge Amado, na Avenida Rio Branco, que já atendeu 3 mil pessoas diariamente, teve seu movimento reduzido em 43%

    Foto: Marcelo Feitosa

    Carnes vermelha e branca já não fazem parte do prato de quem almoça no Restaurante Popular Escritor Jorge Amado, no Centro de Niterói. Para conter os gastos, diante da falta de repasses do Governo do Estado, que já somam 14 meses, ovo e salsicha são servidos diariamente como refeição. O que muda é só a forma de preparo.  

    Mas mesmo diante do quadro, a empresa responsável pela unidade, a Alimentação Carmense, nega a possibilidade de fechar o restaurante, afirmando que vai tentar se manter com os R$ 2 cobrados pela refeição, apesar do movimento já ter caído 43%. 

    De acordo com o gerente do restaurante, Luiz Carlos Barbosa, a unidade chegou a atender 3 mil usuários diariamente. Atualmente, com a pouca variação no cardápio, a quantidade de refeições caiu para 1,7 mil. Já o café da manhã costumava ser servido para 900 pessoas, mas caiu para 500. As filas que antes chegavam a dobrar a Avenida Visconde do Rio Branco já não existem mais.  

    Segundo a empresa, a dívida do Governo do Estado com já chega a R$ 3 milhões. Por conta disso, adaptações precisaram ser feitas para que o local que não feche as portas. Segundo o gerente, a tradicional fruta  do café da manhã já não é mais ofertada. Há cerca de dois meses a carne vermelha e o frango, que eram opções durante três vezes na semana, viraram raridade.  

    “Tivemos que fazer alguns cortes para manter o restaurante e não deixar quem precisava sem refeição. Hoje, raramente oferecemos carne ou frango porque não temos condição. Procuramos variar o cardápio com opções de prato diferentes, mas sempre salsicha e ovo. Está muito complicado”, afirma Luiz.  

    Custando apenas R$ 2 a refeição, o Restaurante Popular Escritor Jorge Amado é a principal escolha de quem precisa economizar. Com essa arrecadação, segundo o gerente, são pagas as contas de luz, água e toda a manutenção necessária.  

    “Estamos sobrevivendo com essa quantia de R$ 2 paga por quem vem almoçar aqui. É pouco, mas é assim que estamos conseguindo manter os serviços. De manhã mantemos apenas metade do salão com as luzes acesas para economizar”, destaca Luiz Carlos, que ainda conta que dois lavatórios foram interditados para diminuir a quantidade de água usada. 

    Quem foi garantir o almoço nesta quinta-feira (30) no restaurante popular se deparou com o cardápio do dia: risoto de salsicha, ovos, canjiquinha, chicória, suco de uva e uma fruta de sobremesa. Mas as opções não agradam muita gente, que lembram que em épocas de vacas gordas, até pratos exóticos, como carne de javali, eram servidos. 

    “Desde o começo diminuiu muito a alimentação. Serviam carne e hoje é só salsicha. Tem muita gente que não tem condições de pagar uma quentinha e precisa desse lugar. O preço de R$ 2 é muito acessível e não encontro em lugar nenhum. Se o restaurante fechar, daqui a pouco quem não tem condições vai precisar roubar para comer”, teme o cobrador Paulo Roberto dos Santos, de 55 anos.  

    De acordo com a Carmense, mesmo com a grave crise financeira que o governo do Estado atravessa o Restaurante Popular de Niterói permanece em operação enquanto a empresa tiver estoque de alimentos. Procurado, o Governo do Estado não se pronunciou sobre o assunto.