Dia de todos que somos santos

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Em 13 de maio de 610, o Papa Bonifácio IV dedicou o templo romano chamado Panteão em honra a Maria e aos mártires. Os deuses romanos haviam cedido lugar aos santos da nova fé. A data foi mudada para 1º de novembro, quando o Papa Gregório III (731-741) dedicou uma capela em Roma, a Todos-os-Santos, nesta data. 

Finalmente, em 835, o Papa Gregório IV declarou o Dia de Todos os Santos uma festa universal. Já o livro do Apocalipse mencionava uma multidão de fiéis de várias nações que alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro, entre cânticos de louvor (Apocalipse 7,2-14).

O dia em que se celebra o nascimento de um santo para a vida é o dia de sua morte, e isso por uma razão prática: ninguém nasce santo, torna-se santo. Muitos deles eram ilustres desconhecidos, até se tornarem “celebridades da fé”. Somente a três personagens da Tradição Cristã se celebra o dia do nascimento: Jesus Cristo, 25 de dezembro; Nossa Senhora, 8 de setembro; São João Batista, 24 de junho. Mesmo assim, desses mesmos três personagens centrais se celebra a morte: Jesus Cristo, na sexta-feira santa; Assunção de Nossa Senhora, a 15 de agosto; São João Batista, em 29 de agosto. 

Esta tradição de recordar os santos está na origem da composição do calendário litúrgico. Nas datas do aniversário de morte dos cristãos, martirizados como testemunhas da fé, realizavam-se missas, vigílias e orações, habitualmente, no mesmo local onde foram mortos, sobretudo, ao redor do Coliseu, de Roma. Posteriormente, tornou-se hábito erigirem-se igrejas e basílicas dedicadas à memória desses mártires, nos locais de seu martírio. 

A partir da perseguição de Diocleciano (século IV), o número de mártires cresceu tanto que ficou impossível designar, separadamente, um dia do ano para cada um. O primeiro registro de um dia comum para a celebração de todos aconteceu em Antioquia, no século IV, no domingo seguinte ao de Pentecostes,  tradição que se mantém nas Igrejas de Rito Oriental. 

Com o avançar do tempo, mais homens e mulheres surgiram como exemplos de santidade e foram honrados e reconhecidos em todo o mundo. Inicialmente, eram apenas os mártires; depressa se deu grande relevo a outros cristãos, apesar de não terem sido martirizados, mas também considerados heróis por suas virtudes, 

O Concílio Vaticano II (1963-65) ampliou o conceito de santidade, estendendo-o a todos os fiéis batizados. A vocação à santidade se tornou universal: deixou de ser tarefa ou privilégio de alguns, para se transformar numa sublime ambição para todos. 

Dessa forma, o Dia de Todos os Santos poderia ser rebatizado para “dia de todos nós que somos santos”, que caminhamos para a santidade, que aspiramos a um ideal que transcende nossa vida rasa e se enraíza na plenitude de Deus. O grande testemunho dos santos não repousa nos seus milagres ou eventos extraordinários, mas no fato de terem buscado essa plenitude. É ela que nos define. Ela é a marca da nossa identidade.