Linhas intermunicipais em risco

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Fetranspor informou que o repasse do subsídio do Bilhete Único é vital para a saúde financeira das empresas

Foto: Arquivo

A decisão da Alerj de restringir o Bilhete Único a quem recebe salário mensal de até R$ 3 mil e elevar a tarifa para R$ 8 por viagem foi recebida com apreensão por parte dos passageiros. E o que está ruim pode piorar. De acordo com a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), o risco de suspensão de linhas intermunicipais é “real e iminente”. A entidade ainda analisa quais linhas podem ser retiradas e quando isso poderá ocorrer. 

Aos passageiros que temem uma imediata diminuição na frota, a concessionária garantiu, no entanto, que “o serviço de transporte de passageiros está sendo prestado normalmente na Região Metropolitana do Rio e que, até o momento, a Fetranspor não foi informada sobre paralisação de empresas devido à dívida do BUI”. Segundo a Fetranspor, o Governo do Estado deve à entidade R$ 21 milhões. 

Em meio a cifras milionárias, o passageiro já começa a contar os centavos que vai gastar a mais para trabalhar. O repasse que o Governo é obrigado a fazer diariamente gira em torno de R$ 2 milhões. Dessa forma, a dívida com as empresas cresce todos os dias. No último dia 2, o desconto do benefício chegou a ser suspenso por falta de pagamento às concessionárias. Na segunda-feira, liminar obrigou que o BU continuasse a ser aceito. 

O professor de história Geilson Marins, de 43 anos, faz parte da parcela da população que depende diária e diretamente do benefício, e vai passar a desembolsar um real e cinquenta centavos a mais por viagem. 
“Uso muito o Bilhete Único porque circulo por toda a Região Metropolitana dando aula e estudando. Estou apreensivo com os gastos que vou passar a ter com a mudança”, comentou. 
O servidor público Alex Farias, de 45 anos, expressou preocupação de que as empresas optem por realizar demissões para economizar gastos com vale-transporte. 

“Para mim vai ser um custo a mais. Não é especificamente no meu caso, mas me preocupa que aconteçam demissões do pessoal que mora longe do trabalho”, disse. 

A Fetranspor informou que o repasse feito pelo Governo é vital para a saúde financeira das empresas, que têm gastos diários com o abastecimento dos veículos com diesel, por exemplo, que representa 25% da despesa total. O órgão pontuou, ainda, que “a crise se agrava a cada dia, uma vez que há empresas em que a receita do BUI (parte paga pelo Estado) corresponde a mais de 40%”. 

Em relação ao ressarcimento aos passageiros que pagaram mais caro para usar o Bilhete Único no começo da semana, a Fetranspor informou que aguarda posicionamento da Justiça. A concessionária ainda informou que, por entender que as empresas não têm como assumir o custo de um benefício social implementado pelo Estado, já recorreu da decisão judicial que as obrigou a manterem o benefício.