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Motoristas de Niterói que seguiram pela Ponte em direção ao Rio de Janeiro no início da manhã desta sexta-feira tiveram que ter bastante paciência
Marcelo Feitosa
Taxistas dos municípios do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo promoveram uma manifestação na manhã desta sexta-feira (1º) que parou as três cidades. Com interdições em vias importantes da capital, houve reflexo na Ponte Rio-Niterói, que chegou a ter travessia de quase duas horas, e na BR-101, que apresentou oito quilômetros de retenção. Segundo representantes da categoria, eles protestaram contra a permissão de trabalho concedida a motoristas que oferecem serviço de transporte privado de passageiros, através do aplicativo Uber, através de liminar favorável, cujo recurso ainda tramita no Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJ-RJ).
Depois de ter alcançado 98 minutos, período mais crítico na travessia da Ponte sentido Rio, como medida emergencial, a EcoPonte, concessionária que administra a rodovia, decidiu abrir duas áreas de retorno, uma próxima ao pedágio e outra na altura da Reta do Cais. Isso foi possível com a retirada de um trecho específico da mureta que faz a divisão entre as duas pistas.
Também na Ponte, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) montou um esquema especial para acompanhar os taxistas que seguiam de Niterói e São Gonçalo em direção ao Rio. Por volta das 7h30, carros da PRF escoltaram diversos táxis gonçalenses nesse sentido. Viaturas foram colocadas em pontos estratégicos da rodovia, para evitar que a Ponte fosse interditada, o que é considerado infração gravíssima, sujeita a multa de R$ 5.746,20.![]()
Manifestação no Rio causou grandes reflexos no trânsito de Niterói. Na Avenida Jansen de Melo, motoristas enfrentaram engarrafamentos
Marcelo Feitosa
Na BR-101, segundo a Autopista Fluminense, o trânsito foi normalizado por volta das 10h30, mas o congestionamento foi registrado da região do Porto Velho até a Avenida do Contorno, especialmente na altura dos acessos à Ponte.
De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio (CET-Rio), por volta das 6h, os taxistas interditaram um trecho da Avenida Francisco Bicalho, importante via de acesso ao Centro. Depois disso, foram registradas complicações no trânsito em outras vias, como Avenida Brasil, sentido Centro; Linha Vermelha, sentido Centro; Gasômetro, que teve o acesso interditado algumas vezes pelos manifestantes; Avenida Epitáfio Pessoa, na Lagoa, com reflexo até o Túnel Rebouças; Viaduto dos Pracinhas, na Cidade Nova; entre outras áreas da Zona Sul, entre elas Copacabana e Botafogo. Os manifestantes seguiram então para a Avenida Presidente Vargas, no Centro, onde ficaram até a dispersão, que começou por volta das 11h30, sendo o trânsito regularizado somente após o meio dia.
Nesse cenário, a Via Binário acabou se tornando a melhor opção para o centro do Rio. O trânsito ficou complicado também na Ilha do Governador, onde os manifestantes fecharam parte do acesso para o Aeroporto Internacional Tom Jobim - Galeão, resultando em uma quantidade considerável de pessoas que perderam seus voos. Ocorreram perdas também no Aeroporto Tom Jobim, no Centro. Segundo algumas companhias aéreas, haverá a possibilidade de remarcação do voo sem cobrança de taxa em um período de até 15 dias, em função do situação atípica, mas para isso o cliente deverá fazer contato com a companhia contratada.
Por causa dos reflexos da manifestação, que interditou vias importantes do município, a Prefeitura do Rio chegou a decretar estágio de atenção. Segundo nota divulgada à imprensa, às 9h30, o município entrou no segundo nível (em uma escala de três), devido aos impactos da manifestação, que atingiram diversas regiões da cidade, principalmente a Ilha do Governador, a chegada ao Centro e as vias expressas como Avenida Brasil, Linha Vermelha e Ponte Rio-Niterói.
Ainda de acordo com a Prefeitura, agentes da CET-Rio e da Guarda Municipal, com apoio da Polícia Militar, foram mobilizados na tentativa de minimizar os impactos das interdições no trânsito da cidade. Mas a principal recomendação foi para que a população desse preferência ao transporte público ou, sendo expressamente fundamental utilizar o carro, que optasse por rotas alternativas.
Segundo a Prefeitura do Rio, através da Secretaria de Transportes (SMTR), a movimentação dos taxistas foi acompanhada desde o início, como forma de tomar medidas para amenizar a situação do trânsito. Para isso, a Secretaria informou que foram mobilizados 550 operadores da CET-Rio, que trabalharam com apoio da Guarda Municipal, Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) e Centro de Operações Rio – com monitoramento em tempo real da situação.
Ainda de acordo com a Secretaria, ainda pela manhã o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, recebeu uma comissão de representantes de taxistas no Centro de Operações Rio para ouvir as reivindicações do grupo que rparticipou da manifestação. No entanto, avaliando os prejuízos causados, foi solicitado aos manifestantes que encerrassem o ato até o meio-dia e, caso isso não ocorresse, medidas “mais enérgicas”, nas palavras no próprio secretário, seriam tomadas como a cassação de autonomias dos participantes que dessem continuidade ao movimento após o período acordado.
Segundo Picciane, todas as medidas jurídicas cabíveis quanto ao caso do aplicativo Uber foram tomadas, no entanto, até o momento, a prefeitura (que tentou proibir o serviço) não obteve êxito.
“É importante frisar que o grande motivo dessa manifestação é a contestação de uma decisão judicial, que foge ao controle do município. A Prefeitura do Rio, através da Procuradoria-Geral do Município, contestou judicialmente a legalidade do aplicativo que, hoje, funciona na nossa cidade e tivemos uma decisão desfavorável ao nosso pleito. Nós entendemos a angústia dos taxistas, que isso gera prejuízo à atividade regulamentada para o táxi no Rio, mas as decisões judiciais precisam ser respeitadas e as contestações precisam se dar no âmbito judicial”, declarou o secretário, conforme nota emitida pela assessoria de imprensa da SMTR.
Uber - Procurada, a Uber informou, através de nota, que defende que os usuários tenham direito de escolher o modo como desejam se movimentar pela cidade e que os motoristas parceiros têm que ter seus direitos constitucionais de trabalhar (exercício da livre iniciativa e liberdade do exercício profissional) preservados.
"A verdadeira promessa de plataformas tecnológicas como a Uber é ajudar as cidades a ter maior eficiência na mobilidade urbana, todos os dias", declarou a empresa.
Por conta do protesto e do trânsito que segue intenso nas principais vias de acesso ao Centro do Rio, a Uber está oferecendo descontos de R$ 20 para as viagens iniciadas ou finalizadas nas áreas principais de conexões de transporte público da capital fluminense, como estações de metrô, barcas e trens, terminais de ônibus e de BRTs.
Niterói - Com os acessos à Ponte congestionados, algumas das principais vias de Niterói apresentaram lentidão. Segundo a Niterói Transporte e Trânsito (NitTrans), as avenidas Jansen de Melo e Marquês do Paraná, na Região Central, apresentaram fluxo intenso, com reflexo até o Túnel Roberto Silveira. Na Zona Norte, a Alameda São Boaventura apresentou lentidão desde a entrada da cidade, e no Barreto houve congestionamento nas principais vias. Na Zona Sul, o fluxo foi intenso nas avenidas Roberto Silveira e Jornalista Alberto Francisco Torres, em Icaraí.
Barcas - Por causa da manifestação que afetou diretamente o trânsito, a CCR Barcas reforçou o efetivo e estendeu o horário de rush. Segundo a concessionária, até às 8h foi registrado um aumento de 10% no número de passageiros transportados, em comparação com a média das sextas-feiras do mês de abril de 2015. No boletim, a CCR informou que na linha Arariboia-Praça XV, o aumento foi de 9%. Já no trajeto Charitas-Praça XV, o crescimento foi de 18%. E na linha Cocotá, que liga a Ilha do Governador ao Centro do Rio, o aumento foi de 32%.
(Com Pamella Souza)
Quase duas horas para atravessar a Ponte Rio-Niterói
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