Marcha de combate ao racismo religioso em SG

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"Macumbeiros têm que morrer", ouviu a jovem Kethelyn Coelho, de 16 anos, em uma escola pública de São Gonçalo. "Não carrego macumbeira", ouviu Fabiana Figueiredo, de 23 anos, constrangida por um motorista de ônibus, após adentrar no transporte vestida de branco e com seus fios de conta do candomblé. A cada 15 horas, o Brasil registra um caso de intolerância religiosa, dentre violências física e verbal, e violação de locais sagrados, em sua maioria contra religiões de matrizes africanas. Como forma de mobilizar e convocar a cidade para o combate a esta violação de direitos, a Secretaria de Desenvolvimento Social de São Gonçalo, por meio do Conselho de Igualdade Racial, promove a Marcha de Combate ao Racismo Religioso, que acontece neste sábado (14), a partir das 15h.  

Segundo a Prefeitura, a concentração será na Praça Doutor Luiz Palmier, no centro da cidade, e segue até a praça Zé Garoto, onde haverá apresentação cultural com capoeira do Projeto Cardume, e o grupo Erê Iyá L Omi. O objetivo é reunir não só religiosos, mas todos aqueles que promovem a cultura da paz.  

"O racismo não pode predominar e fazer mais vítimas. Nosso objetivo é reunir todos e todas que desejam promover a paz. Nós estamos lutando para que não haja mais violência, morte e perseguição, e para isso contamos com o esforço de todos, independente de sua expressão de fé", disse o Babalorixá Pai Jorge de Ogum, do Ilê Asè Togun Lomi Efon , vice presidente do Conselho de Igualdade Racial, que há mais de 40 anos realiza trabalhos sociais em sua casa de axé no bairro Palmeiras, em São Gonçalo.  

Lei - Em janeiro deste ano, o Estado do Rio sancionou a lei 7885, que dispõe sobre a denúncia em forma de registro de ocorrências com a nomenclatura de intolerância religiosa, com penalidade de até R$20 mil. Apesar do termo "intolerância" ainda ser referenciado para estes crimes, Pai Jorge ressalta a importância da palavra racismo, que configura a perseguição violenta às religiões de matriz africana.  

"Nós ainda sofremos com os impactos do fundamentalismo conduzido por mentes colonizadas. Historicamente foi construído todo um processo de racismo e ruptura, a partir do sequestro de negros e negras africanos, vilipendiando suas histórias, suas formas de ser e crer. Eu mesmo fui iniciado na religião católica, apesar de ter uma família espírita em sua maioria. Muitos têm medo de sofrer violências, sabemos que a luta é grande, mas nós não vamos desistir", afirmou o Babalorixá.