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Moradores foram surpreendidos após a mudança com os problemas que têm tirado o sono na casa própria
Foto: Douglas Macedo
Pouco mais de duas semanas após ganharem as chaves de seus apartamentos – dia 20 de dezembro – do Residencial Minha Casa Minha Vida, em Venda da Cruz, São Gonçalo, moradores se depararam com diversos problemas na unidade. Desde que se mudaram, enquanto alguns blocos sofrem com vazamentos de água, em outros a água não chega. A caixa-d’água dos nove blocos do setor cinco, por exemplo, precisaram ser esvaziadas para que uma limpeza fosse feita.
Segundo moradores, durante a vistoria realizada antes da mudança, nenhum teste nos serviços foi feito; o objetivo era identificar se janelas, portas e pisos estavam em boas condições. Em alguns casos, rachaduras foram encontradas nos pisos, e em um dos apartamentos do primeiro andar de um bloco, onde a moradora é uma senhora de 80 anos, a janela estava sem o trinco. O sistema do encanamento, entretanto, começou a dar defeito assim que os primeiros moradores chegaram.
“Os próprios residentes foram correr atrás do porquê dos vazamentos. Percebemos que as boias não dão vazão, são pequenas para a caixa utilizada. Quando abrimos o compartimento, algumas nem tampa tinham. Nos deparamos com a sujeira dos restos de obra e até pombos mortos. Agora elas estão sendo esvaziadas e limpas, mas queremos saber quem vai ficar com a conta do desperdício, já que eles estão entregando o prédio com defeito e não é justo a gente pagar”, opina uma das moradoras, que preferiu não se identificar.
Os vazamentos têm acontecido pelo telhado, passando para o apartamento dos moradores. Segundo relatos, muitos já perderam móveis. Vazamento de esgoto, também tem sido um problema. Uma outra moradora, que também prefere não se identificar, relatou que chegou em casa na última terça-feira e encontrou seu banheiro sujo de fezes e urina. O cheiro, de acordo com ela, estava insuportável.
“Moro no 4º andar e o teto do meu banheiro é de PVC. A pia e o chão estavam todos sujos de um pinga-pinga e o cheiro inconfundível. Não tive condições de ficar aqui com duas crianças pequenas que correm risco de pegar alguma doença. Voltei hoje e não sei o que fazer, o vazamento continua”, contou.
A subsíndica do bloco cinco, onde os problemas estão constantes, a chefe de cozinha Karine Carneiro Barbosa, 35 anos, revelou que os moradores começaram a se organizar para realizar os consertos, e só ela desembolsou R$ 40 para comprar uma boia para a cisterna, que também apresentou vazamentos. Logo após, a construtora do residencial começou a se envolver e realizar os consertos, mas são tantos que nem todos os pedidos foram atendidos ainda.
“Dos 180 apartamentos do setor, apenas 40 estão habitados. Imagina quando todos se mudarem. Nosso medo é que a construtora disse que ficará apenas até fevereiro aqui. E depois? Queremos que os funcionários permaneçam aqui, para que os defeitos sejam revistos. A empresa que coleta o lixo também informou que a lixeira do setor está fora de padrão, e que eles não podem entrar no condomínio para retirar os resíduos. Será preciso fazer uma entrada na lateral do muro para que eles tenham acesso, mas a construtora diz que é preciso uma nova licitação, mas que demora”, comentou, pedindo que o tempo de permanência dos funcionários seja prolongado.
A qualidade da água do bloco sete, no setor cinco, segundo a mãe Ana Paulina, 39 anos, pode ter sido a causadora de uma infecção em sua filha. A menina, desde que se mudaram há duas semanas, bebia água da torneira constantemente. Na madrugada do dia 31, entretanto, a criança, surda e muda, precisou ser levada para o hospital.
“Ela passou mal e fomos para a emergência. Deram uma injeção para enjoo e fizeram exames. Foi constatado que é uma infecção e que poderia ser da água que está tomando, nos pedindo para evitar. A água estava muito suja, que bom que já limparam a caixa”, agradeceu.
Procurada, a Caixa Econômica Federal não respondeu até o fim da noite desta quarta-feira.
Problemas se multiplicam no Residencial Venda da Cruz
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