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Moradores realizam protesto no Maria Paula
Foto: Colaboração / Lislane Rottas
Moradores do Campo Novo, em Maria Paula, realizaram durante toda a manhã desta quinta-feira (31) na Rodovia RJ-100 (Estrada Velha de Maricá) um protesto contra a morte de um morador atingido por bala perdida durante confronto entre policiais civis e traficantes da região, na tarde de quarta-feira. Alguns manifestantes impediram o funcionamento de comércios e escolas e chegaram a arriar a porta de algumas lojas que insistiram em abrir.![]()
Felipe Silva de Souza, de 34 anos, foi morto na tarde de quarta-feira (31)
Foto: Reprodução facebook
Durante a manifestação, dois vândalos foram presos por policiais do Batalhão de Policiamento Rodoviária (BPRv) na Estrada Velha de Maricá quando tentavam atear fogo em um ônibus. Os presos foram inicialmente para a 75ª DP (Rio do Ouro) e depois encaminhados para a 74ª DP (Alcântara).
Homens do 7º BPM (São Gonçalo) e do BPRv acompanharam os protestos para evitar tumultos, já que, na véspera, dois coletivos já haviam sido incendiados. Nesta quinta-feira, a Viação Pendotiba alterou o ponto final de algumas linhas. Até o fim do ato, por volta de meio-dia, as linhas 17, 35, 48, 52, 771 e 1920D fizeram a parada final na altura da Padaria Glamour, na Estrada Caetano Monteiro, no Badu, em Niterói.
Antes de encerrarem a manifestação, amigos e parentes da vítima deram as mãos e fizeram um minuto de silêncio pela morte de Felipe Silva de Souza, de 34 anos, conhecido como “Dylon do Pão”. Segundo moradores, ele trabalhava numa padaria da região e depois do expediente montava uma barraca para vender pão na porta de casa, onde foi baleado durante o confronto entre policiais e bandidos. Ele deixou mulher e três filhas: uma menina de 2 anos, uma de 8 e outra de 14 anos.
Alguns manifestantes disseram que o tiro que atingiu Felipe partiu de agentes da 75ª DP (Rio do Ouro), que segundo eles chegaram na comunidade atirando. A esposa da vítima, a manicure Juliana Ribeiro Januário, de 30 anos, disse ainda que, antes de morrer, o marido enviou um áudio para ela falando para não sair de casa, porque tinha ouvido tiros.
“Eu estava na porta de casa com ele momentos antes de tudo acontecer, mas depois eu entrei. Em seguida, ele me mandou um áudio que dava para ouvir o barulho dos tiros e depois desligou. Ele era trabalhador. Estávamos juntos há cinco anos. Ele foi baleado quando ia pegar o pão dentro de casa. O que eu vou falar para a minha filha?”, desabafou.
O taxista Jefferson Paulo de Souza, de 57 anos, pai da vítima, se mostrou indignado.“Meus filhos tinham que me enterrar, não eu enterrar um filho. Ele sempre trabalhou para ter uma vida melhor. Se fosse um vagabundo, eu dava as costas, mas ele não era. Um menino de ouro, que saía de casa às 4h para trabalhar. Só chegava lá pelas 20h. E depois de trabalhar o dia inteiro, botava uma barraca na frente de casa para vender pão e assim complementar a renda. Sempre foi um menino honesto, na comunidade todo o mundo gostava dele. O que nós sabemos é que um policial foi dar um tiro em um bandido, errou e acertou o coração dele”, desabafou emocionado.
O corpo de Felipe foi enterrado na tarde desta quinta, no cemitério do Maruí, no Barreto, em Niterói. Cerca de 300 pessoas, entre amigos e familiares, acompanharam a cerimônia. A mãe de Felipe, bastante abalada, precisou ser amparada durante todo o cortejo.
O delegado Marcus Amim disse que os policiais civis que participaram do confronto na quarta-feira já foram ouvidos e que as armas deles já foram apreendidas para serem submetidas a exame de balística. O laudo deve ficar pronto em até 30 dias. Durante esse tempo, ele pretende realizar uma “reprodução simulada” do episódio.
Colaborou: Márcio Bulhões
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