Um mundo para todos

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Muita gente se admirou quando foi predito que o rumor de asas de uma borboleta no Atlântico moveria as águas do Pacífico. As asas da borboleta, não sei. Mas a globalização, ao que parece, fez isso.

Globalização é a palavra do mundo atual, um conceito que aceita muitas variantes, das mais providenciais às mais catastróficas. Tudo vai depender de quão perto você se encontra do lado mais fraco da corda, do acesso a marcas importadas à perda do emprego. Longe de ser um processo cego, a globalização é míope, ambivalente e nada indolor. 

Seu lado mais ambivalente é o livre-comércio. Não se pode deixar de levar a sério os riscos desse modus operandi, entre os quais o desemprego, a sobrevivência econômica de países inteiros e a devastação ambiental. Qualquer sistema único dominado por qualquer controle único se torna um sistema fechado; os sistemas fechados tendem à falência, mas não sem antes levarem todo o redor também à falência.

Quando Jesus nasceu, o mundo sob o Império Romano já vivia sua primeira experiência maciça de globalização. Para muitos historiadores, as transformações atuais só refletem a tendência que se iniciou no século XV, quando a economia da Europa se expandiu depois dos descobrimentos e passou a definir uma nova ordem econômica e política. Foi tanta prata e ouro que fluiu das Américas que o preço do pão pulou 300% para mais em um ano. 

De 1870 a 1914, a Grã-Bretanha liderou a expansão do comércio internacional de mercadorias. Entre as duas grandes guerras mundiais, o processo da globalização retrocedeu. Mas no pós-guerra tudo se acelerou novamente.

Na década de 1980, três fatores entraram em cena e se tornaram decisivos: a ascensão do neoliberalismo, o fim do império soviético e o surgimento da internet. Nesse novo cenário, empresas transnacionais mudaram o entendimento do sistema produtivo: ele se tornou integrativo – todos os produtos finais são resultado de uma linha de montagem de componentes fabricados em variadas partes do mundo. Hoje, as tecnologias modernas de comunicação têm a missão e a vantagem de tornar esse processo cada vez mais barato, rápido e eficiente. 

Esse não é o melhor dos mundos? Depende de onde você se encontre nesse mundo. 

Nos países da periferia do sistema capitalista, isso significa submeter-se às diretrizes dos mais fortes. Você pode dizer que sempre foi assim. Mas não seria o primeiro objetivo do desenvolvimento, justamente, mudar as práticas de exclusão? Fazer do mundo de todos um mundo para todos?

O grande excluído desde mundo excludente foi Deus. Em sua única visita oficial, Ele não foi aceito. Apesar disso, nunca deixou de acreditar em nós. 

O Natal é a lembrança da fé que Deus depositou em você. Retribua o gesto, nem que seja por fineza. Os ganhos são infinitamente maiores. 

Nessa véspera de Natal, desejo a você e aos seus um Natal de muita luz. Se não faltar luz, tudo o mais se fará.