Velejadores enfrentam lixo em Charitas

Cidades
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Marinheiros tiveram que retirar o excesso de detritos para que os atletas pudessem ter acesso às águas da Baía

Fotos de Fred Hoffmann / Facebook

Faltando menos de seis meses para o início das Olimpíadas Rio 2016, as águas da Baía de Guanabara ainda surpreendem pela sujeira. Na manhã desta quinta-feira (18), uma enorme quantidade de lixo na orla de Charitas,  Zona Sul de Niterói, foi flagrada pelas lentes de um fotógrafo que esteve no local e publicou nas redes sociais. O lixo atrapalhou o treinamento das equipes de Vela Adaptada do Brasil e da Alemanha, que disputarão os Jogos Paralímpicos, que começam após as Olimpíadas.  

O treinamento das duas equipes ocorreu pela manhã, primeiro os alemães e, em seguida, por volta das 10h, os brasileiros entraram na água. Marinheiros que atuam no Clube Naval Charitas, de onde partem as equipes, tiveram que retirar o excesso de lixo das rampas usadas pelos atletas para chegar o mar.

“Todas as equipes de Vela Adaptada estão fazendo suas preparações no Clube Naval Charitas, mas, nesta quinta, apenas as equipes de Brasil e Alemanha estavam escaladas. As mesmas equipes estavam escaladas para fazer seus treinamentos na última segunda-feira, onde já foram encontrados alguns detritos flutuando na água, mas não na quantidade que foi verificada nessa manhã ”, disse um dos integrantes do grupo.

Forte chuva dos últimos dias pode ter trazido, de rios e córregos, os detritos para a Baía de Guanabara

Fred Hoffmann / Facebook

Ainda segundo ele, a quantidade de lixo era tão grande que os treinos foram prejudicados devido ao desconforto trazido pela sujeira na água. O fato levanta suspeita sobre as condições da água para a competição na Baía de Guanabara, nas Olimpíadas e nas Paralimpíadas.

Esta é uma preocupação de todos os atletas que vão disputar as competições nas águas da baía. Para a velejadora da classe laser radial, Fernanda Decnop, que vai estar nas Olimpíadas, a preocupação com a Baía de Guanabara não é apenas por conta dos jogos, mas a esperança era de que a sua despoluição ficasse como legado para a população fluminense. 

“Não velejei hoje , mas estive passeando de bote pela baía de manhã e vi muito lixo no espelho de água. Sempre depois dessas chuvas fortes, infelizmente, uma ‘lixarada’ é trazida para a baía. Além de um trabalho na despoluição, é preciso ainda um esforço de conscientização da população para que não jogue lixo nos rios e córregos que desembocam na baía”, relatou. 

Polêmica - No início do ano, o ex-presidente da Federação Internacional de Vela (ISAF), Peter Sowrey, afirmou que perdeu o cargo por insistir que as águas da Baía de Guanabara estão poluídas. Segundo ele, a melhor solução seria a mudança do local das provas de vela dos Jogos Olímpicos para Búzios, na Região dos Lagos. 

Ações - O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou, em nota, que a retirada do lixo flutuante da Baía é feita através de uma frota composta por dez ecobarcos e nove ecobarreiras, que contribuem para a contenção e retirada de resíduos sólidos da baía. 

O órgão afirma ainda que o Governo do Estado ampliou a cobertura de tratamento de esgoto nos 15 municípios do entorno da Baía de Guanabara, com investimentos realizados, desde 2007, na modernização de quatro Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) - Alegria, Pavuna, Sarapuí e São Gonçalo - que antes estavam paradas. 

Especificamente sobre a qualidade da água para os jogos, o Inea afirma que as cinco raias, onde aconteceu o evento-teste e a Copa Brasil de Vela, seguem padrões internacionais de balneabilidade, ou seja, estão próprias para banho. Essas raias olímpicas estão localizadas no canal central da baía, onde há maior renovação das águas em função da proximidade com o oceano e grande profundidade, o que favorece a condição de balneabilidade dessa área. O órgão ressalta que as coletas são realizadas durante a maré vazante e ficam disponíveis no site do instituto. 
?
Ainda segundo o Inea, em 20 anos o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) investiu cerca de R$ 2 bilhões e serão necessários, pelo menos, R$ 12 bilhões para universalizar o saneamento nos 15 municípios do entorno da baía. Desse total, R$ 3 bilhões já estão em curso em obras de saneamento.