Vital Brazil quer reduzir custos

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Sediado em Niterói, Instituto Vital Brazil solicitará à Anvisa a suspensão de testes clínicos no desenvolvimento de medicamentos biotecnológicos

Marcelo Feitosa

Buscando diminuir os custos na produção de medicamentos, o Instituto Vital Brazil espera conseguir a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para suspender a realização de testes clínicos no desenvolvimento de medicamentos biotecnológicos – feitos com células vivas e geneticamente modificadas. Segundo o presidente da instituição, Antônio Joaquim Werneck de Castro, foi solicitada para o início do ano que vem uma reunião, na qual serão expostas as informações sobre a produção de células por dois parceiros internacionais pioneiros nesse tipo de tecnologia, que demonstram que não há variação do procedimento já realizado em outros países para o que seria feito pelo Brasil.

A expectativa é de que sejam aceitos pelo órgão regulador os resultados obtidos e as experiências que demonstram a igualdade de efeito do teste em seres humanos, independente de onde estes são feitos. Com o descarte dessa etapa da pesquisa, seria possível uma economia de algo em torno de R$ 200 milhões, preço médio em reais para essa fase de teste.

“Essa é uma discussão que o Vital Brazil está liderando. As nossas células são diferentes, porém a proteína produzida é igual, mas a Vigilância Sanitária diz que, como são células diferentes, é preciso fazer o teste em humanos antes de receber o registro, e essa é uma pesquisa cara. O que as pessoas que estão trabalhando com essas células demonstram é que hoje nós temos equipamentos sensíveis e avançados o suficiente e podemos dizer com 99% de chance que o resultado é igual. Então eu não precisaria gastar em exames clínicos e os medicamentos vão ficar mais baratos”, explica Antônio Joaquim.

Esses biológicos, medicamentos que utilizam células modificadas geneticamente para permitir a produção de novas proteínas, em geral são importados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, em conjunto com outros laboratórios brasileiros, o Vital Brazil pretende para os próximos dez anos fazer com que o país seja autossuficiente na fabricação desses remédios. Nesse quesito, o instituto dá seguimento aos projetos para construção de uma fábrica de biológicos, em Xerém, e de uma plataforma industrial, em Resende, que estão em fase de discussão e aprovação das plantas.

Além disso, atualmente a instituição conta com pesquisadores em áreas determinantes da criação de células, com estudos voltados para a criação de células biológicas por meio de alterações genéticas em células animais, vegetais e também na área de sintetização. Além disso, a instituição conta com parceiros importantes, como Chicago, nos Estados Unidos, e a Polônia. Esta última possui o mais importante laboratório da área. E, no Brasil, a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro), e as universidades do Ceará, Norte Fluminense, Federal Fluminense, Estadual do Norte Fluminense.

Buscando aperfeiçoar a tecnologia, também para o próximo ano o instituto enviará uma comissão para os Estados Unidos, onde serão acompanhadas pesquisas sobre a criação dessas células e a produção de transgênicos. Atualmente o Vital Brazil já investiga a criação em células CHO (sigla para ovário de hamster), através do cultivo em bactérias e através da sintetização de DNA. O instituto chegou a realizar também pesquisas em células vegetais. Já para esse grupo de cientistas o desafio é aprender a criação de células em animais maiores, como vaca e porca.

Outra novidade nessa área é que o Vital Brazil está tentando trazer para o país equipamentos descartáveis que trabalham com células vivas.

“Há alguns anos, esses equipamentos tinham grande porte e usavam cerca de 25 mil litros de células e alimentos para essas células. Hoje estamos trabalhando com “sacos descartáveis”, ou seja, onde não precisa de uma sala toda preparada para lidar com esse tipo de pesquisa. O Brasil, a partir de 2016, com o Vital Brazil e os outros laboratórios públicos que estão envolvidos, poderá ser um dos poucos portadores de tecnologia de ponta”, diz o presidente do IVB.

Para o próximo ano, o IVB aguarda ainda duas outras conquistas: produção inteiramente nacional e distribuição da vitamina H, fundamental para pessoas que nascem com uma síndrome rara, onde há deficiência dessa vitamina; e a produção de uma bolsa de líquido para transplante de órgãos, que hoje em dia é importada. Para isso, é aguardado apenas a finalização do registro.