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Rudi Sgarb, Desirée Bruver e Roberta Dacosta expõem algum de seus trabalhos em projeto que estimula o contato entre apreciadores e produtores de arte

Lucas Benevides

Muita gente ainda acha que não pode ter uma obra de arte em casa, que arte é deveras inalcançável. Mas não é. Ser a porta para essa possibilidade e incentivar artistas locais são dois dos objetivos do “Entreartes”, que realiza na terça-feira, dia 5, sua segunda edição, desta vez, no Solar do Jambeiro, no Ingá. O evento, com organização da cerimonialista Cacau Dias, vai reúnir os artistas Roberta DaCosta, Desirée Bruver e Rudi Sgarb e acontece de 16h às 22h. 

“Acho que a arte, antes de qualquer coisa, gera esperança em um povo. Existe uma lacuna enorme e mal explorada no Brasil hoje, que é justamente a dos artistas de média carreira e médio preço. Ou entra como artesanato, que, muitas vezes, é feito por um artesão que vende seu trabalho até na rua, ou com artistas internacionais caríssimos, com obras custando acima de R$ 200 mil. Existe uma outra gama de artistas e o interesse das pessoas em comprar arte na faixa de R$ 1 mil a R$ 5 mil”, analisa Rudi. 

Para o administrador de empresas que começou a viver da arte aos 30 anos (hoje tem 42) fazendo mais trabalhos decorativos e menos conceituais do que os atuais, essas questões de mercado precisam ser revistas, porque lá fora é muito comum pessoas que apreciam obras de arte serem colecionadoras aos 30 anos. 

“Aqui, uma pessoa de 40 nunca comprou uma obra. O que é pior: na maioria das vezes, ela paga mais caro em um quadro numa loja de departamentos, que nunca será um investimento, pois só vai desvalorizar com o tempo. A gente só melhora quando é estimulado a melhorar e o incentivo vem da venda”, pondera Rudi, que vai apresentar no espaço suas séries “Apanhadores” (cinco quadros) e “Optical” (cinco quadros e uma escultura). 

A psicóloga e também artista plástica Roberta da Costa vai apresentar no espaço cerca de 10 quadros e três esculturas da série “Tramas Contínuas”, que dialogam com os encontros que a vida traz e como eles acabam modificando cada um de nós. Uma das esculturas é toda feita de hexágonos agrupados na cor branco e a outra é um feio de cobre costurado com madrepérolas e emoldurado por vidro. 

“No meu trabalho, exercito a paciência. Cada camada a ser pintada sobrepondo a outra demanda tempo de secagem. Faço um paralelo com a vida, porque precisamos ter um pouco de paciência para as coisas acontecerem. E se a gente atropelar as etapas acaba se prejudicando. O que também acontece com a obra. Fazemos escolhas na vida e nunca temos um controle absoluto sobre elas, sobre onde elas vão dar. Traço um paralelo disso com as linhas feitas em tintas escorridas na tela. Elas seguem seu caminho”, ressalta Roberta. 

 

Divulgação

De acordo com Roberta, foi fundamental ultrapassar o padrão social que impõe o medo ao erro, que condiciona a todos a desviar do julgamento do olhar alheio para não sofrer. 
“Percebi que, na verdade, não há como não funcionar o que a gente cria, porque, no fim, tudo se transforma em alguma coisa. A pintura me trouxe liberdade, porque o errar nem sempre é algo ruim. Às vezes, a partir de um erro descubro um novo olhar estético”, analisa.

Pensando em valorizar as cores e as formas que os paineis de madeira freijó oferecem, a arquiteta e artista plástica Desèere Bruver vai apresentar 10 obras da série “Possibilidades” e seis paineis de 75cm x 2m da série “Retalhos”. 

“Esse trabalho é muito intuitivo, variando entre geométrico e orgânico, que faço tanto nos meus projetos de arquitetura como nas obras. Busco explorar o que os espaços me sugerem e vou trabalhando dentro das possibilidades. Deixo o fundo aparente justamente para interagir com a madeira, usando desenhos em tinta acrílica. A pintura me dá o fundo e o desenho a forma”, explica  Desèere, que encara a arte como uma forma de subsistência: “É como se fosse o ar que eu respiro. Não dá para viver sem. É necessário para o meu movimento”.