A beleza que fere

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O escritor indonésio Eka Kurniawan mistura folclore, sátira e tragédia

Foto: Divulgação

A vida da prostituta Dewi Ayu e das quatro filhas é marcada por estupros, incestos, assassinatos e fantasmas. Mas, ao contar essa história, o escritor indonésio Eka Kurniawan combina folclore, sátira, tragédia familiar e a formação da Indonésia, que culminam no recém-lançado “A beleza é uma ferida”.

Tradição e superstições também influenciaram a vida de Dewi Ayu, como a lenda da bela princesa Rengganis, que se casou com um cão e morava em Halimunda. História que serve como um aviso para mulheres bonitas na região. 

Os conflitos internos e políticos povoam as páginas do romance. Eka faz uma crítica mordaz ao passado conturbado da sua jovem nação: a ganância do colonialismo; a luta caótica para a independência; a ocupação japonesa; o assassinato de um milhão de “comunistas” em 1965, seguido por três décadas de governo despótico de Suharto. O autor constrói um retrato dos tempos sombrios, e reconhece que o passado pode não ter acabado ainda. Kurniawan também tem uma maneira perturbadora de inserir o sobrenatural e se deleita em obscenidades. 

Em um cenário devastador, de beleza idílica e violenta, Kurniawan oferece aos leitores uma linguagem exuberante para descrever uma carnificina, defendendo simultaneamente a força necessária para sobreviver.