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O documentário de Claudia Priscilla e Kiko Goifman “Bixa Travesty”, que fala da cantora transgênero Linn da Quebrada

Foto: Divulgação

Uma das maiores celebrações da sétima arte no mundo, o Festival Internacional de Cinema de Berlim já tem data marcada. A 68ª edição do evento vai acontecer entre os dias 15 e 25 de fevereiro, com uma expressiva participação brasileira na programação, com destaque para o niteroiense Eduardo Nunes, que estreia internacionalmente no festival seu segundo longa metragem, o filme “Unicórnio”.

“O Festival de Berlim é um dos festivais com maior prestígio junto ao circuito dos grandes eventos internacionais. Uma rede alternativa de exibição.  Além de conferir prestígio não só ao filme, mas também ao cineasta, ele também tem grande  importância no mercado de venda de filmes, proporcionando a comercialização do produto aos mais diversos países. Participar de um festival deste porte gera uma visibilidade em termos globais”,  explica Tetê Mattos, professora do curso de Cinema da UFF,  que por 12 anos esteve à frente do festival Araribóia Cine e também dirigiu três curtas-metragens.

Exibido pela primeira vez no Festival do Rio de 2017, “Unicórnio” vai ter a sua estreia internacional na Mostra Generation, dentro do Festival de Berlim. 

“Trata-se de uma adaptação de dois contos da escritora Hilda Hilst e conta a história de Maria, uma menina (Bárbara Luz) que está sentada num banco ao lado de seu pai. A conversa que eles tem ali conduz a narrativa do filme. Acompanhamos a história na rústica casa de campo, onde ela mora com a mãe (Patrícia Pillar), e aguardam a volta deste mesmo pai. Mas a relação entre Maria e a sua mãe muda com a chegada de um outro homem”, revela Nunes.

Esse é o segundo longa na carreira do cineasta, que já acumula no currículo “Sudoeste” (2011), que levou mais de 10 anos para ser realizado. Formado em Cinema pela UFF em 1995, Eduardo Nunes nasceu e sempre morou em Niterói.

“Vai ser muito importante para o filme estrear neste festival, que é um dos três maiores da Europa. Apenas com o anúncio de sua participação,  já surgiram convites para vários outros festivais, além disso, fechamos contrato para a distribuição internacional na Europa e nos EUA. O filme foi inscrito no festival de Berlim no meio do ano passado e foi selecionado através da curadoria. É uma seleção muito difícil, pois são mais de 3 mil filmes inscritos e poucos selecionados. Aqui no Brasil, “Unicónio” será distribuído pela Vitrine Filmes, e deve estrear em julho ou agosto”, adianta Eduardo.

Queridinho – O novo filme de Wes Anderson, “Ilha de Cachorros”, será o filme de abertura do Festival de Berlim e vai fazer história como a primeira animação a servir essa função na história do evento. Esse é o quarto filme do cineasta selecionado, junto com “Os Excêntricos Tenenbaums” (2002), “A Vida Marinha com Steve Zissou”, (2005) e “O Grande Hotel Budapeste”, (2014), que ganhou o Urso de Prata.

Três filmes brasileiros, entre 11 selecionados, foram anunciados para a sessão “Panorama”, mostra paralela à competição principal do festival. As três produções são documentários e têm como temática as minorias – indígenas, refugiados e LGBTS respectivamente. O diretor cearense Karin Aïnou participa com “Aeroporto Central”, que acompanha um jovem refugiado sírio que morou em hangares por um ano na Alemanha. Luiz Bolognesi apresenta “Ex-Pajé”, sobre o sumiço de uma etnia em Rondônia pela perspectiva de um ex-xamã que busca sua cultura original. “Bixa Travesty” é a produção da dupla Claudia Priscilla e Kiko Goifman que retrata a cantora transgênero Linn da Quebrada.

A mostra “Panorama” já recebeu nos últimos anos filmes nacionais como “Que Horas Ela Volta?” (2015), “No Intenso Agora”, “Pendular” e “Vazante” os três lançados em 2017.

“Foi uma agradável surpresa a notícia. São mais de 8 mil filmes tentando entrar neste festival, que é um dos três mais importantes do mundo. “Ex-Pajé” terá sua primeira exibição mundial nesta grande vitrine, que fará com que vários países conheçam a realidade dos povos indígenas da América”, comemora Bolognesi, enquanto adianta sua nova história.

“Este filme conta a história do Perpera, um ex-pajé que, por pressão da igreja evangélica, abandona suas crenças. Porém, ele se sente ameaçado pelos seres da floresta, que cobram que ele volte a ser como era há 50 anos, antes do contato com os brancos. É comovente seu dilema. O público terá a oportunidade de ver uma Amazônia de verdade por dentro e não uma caricatura”, adianta.

Entre as produções selecionadas para a mostra alemã, destaca-se “Don’t worry, he won’t get far on foot”, coestrelado por Joaquin Phoenix, Jonah Hill e Rooney Mara. Com o novo filme, Gus Van Sant concorre ao Urso de Ouro pela quarta vez - anteriormente, ele foi indicado por “Gênio Indomável” (1997), “Encontrando Forrester” (2000) e “Terra Prometida” (2013).

O Festival Internacional de Cinema de Berlim é um dos mais importantes festivais de cinema do mundo. O evento acontece todos os anos no mês de fevereiro. Foi inaugurado em 1951. Os prêmios  oferecidos são chamados de Urso de Ouro e Urso de Prata. Neste ano, o festival será presidido pelo cineasta Tom Tykwer, de “Corra Lola Corra” (1998).