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Documentário “Cinema Novo”, do filho de Glauber Rocha, traz depoimentos, cenas e críticas dos filmes na época em que foram lançados, mostrando seus impactos

Fotos de divulgação

“Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, essa frase de Glauber Rocha era o lema do movimento cinematográfico brasileiro que mudou a forma como o País se enxergava na tela. Pouco mais de 60 anos após o início do Cinema Novo, Eryk Rocha, filho de Glauber, lança nesta quinta-feira (3) em circuito nacional uma grande homenagem a este momento da história da sétima arte. Com o mesmo nome que recebeu quando surgiu, “Cinema Novo” traz depoimentos, cenas, e críticas dos filmes na época em que foram lançados, mostrando o grande impacto que essas películas tiveram ao redor do mundo e, principalmente, em terras tupiniquins.

Eryk comenta sobre a possibilidade das novas gerações descobrirem o Cinema Novo e redesenhá-lo em nova linguagem

Foto: Leonardo Lara / Divulgação

Longe dos filmes suntuosos de Hollywood, esses cineastas queriam retratar o que se passava nas ruas das grandes cidades: a pobreza, a miséria, a violência, os amores chulos. Os diretores misturavam atores profissionais com amadores para dar ainda mais verossimilhança aos personagens. Para marcar bem a sua distância em relação às superproduções, eles também gravavam suas cenas nas cidades, usando luz natural e cenários comuns.

“Eu vejo o Cinema Novo não só como um movimento cinematográfico dos anos 60, mas como um estado de espírito, uma atitude que une a arte e a política, e apresenta uma possibilidade de fazer cinema para uma geração”, opina Eryk.

Inspirados pelo que já vinha sendo feito por Humberto Mauro, Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro Andrade, Cacá Diegues, Paulo Cesar Saraceni, Ruy Guerra e outros cineastas decidiram criar um cinema que tivesse a cara do nacional e que também se relacionasse, de certa forma, à ruptura que o modernismo fez nas artes plásticas. 

“A característica do movimento é essa urgência de fazer um cinema autêntico e que dialogue com a nossa realidade, com uma vontade de olhar e viver a complexidade do País, de criar uma linguagem própria para essa interpretação. Isso ainda está em movimento, pois cada geração pode descobrir o que é o Cinema Novo”, explica.

O longa ganhou o troféu “Olho de Ouro”, na categoria de Melhor Documentário no Festival de Cannes e, a partir dessa quinta, pode ser visto pelo público brasileiro.
“Esse prêmio é um reconhecimento que me deixa muito feliz, pois apresenta a obra pelo mundo e expande sua distribuição. Isso me permite realizar o meu objetivo e da minha equipe: reapresentar essa geração do Cinema Novo para o Brasil e o mundo”, declara Eryk.