Com muita pressa de viver

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Kapitu surgiu em 2008. Os quatro niteroienses estudaram juntos no Instituto Abel e foi a afinidade musical que os aproximou

Foto: Divulgação

Inteligência, personalidade forte, atitude. Características que marcaram a emblemática personagem Capitu, de Machado de Assis. Até hoje, muitos tentam decifrar esse enigma criado pelo autor. Inspirados pela tal personagem, surge a banda Kapitu, que se apresenta  nesta sábado (27), às 20h, no Teatro Popular Oscar Niemeyer.

“Aqui não se tem dependência amorosa, comodismo ou frigidez. Letra e som demarcam liberdade, atitude e pressa por viver! A referência do nome da personagem de Assis serve como tradução por tudo que ela representa”, define o vocalista e guitarrista Yuri Corbal, que sobe ao palco ao lado de Jahba (guitarra), Irlan Guimarães (baixo) e Rafael Marcolino (bateria).

Kapitu surgiu em 2008. Os quatro niteroienses estudaram juntos no Instituto Abel e foi a afinidade musical que os aproximou. Com o término do ensino médio e já distantes, eles resolvem se juntar de novo e formar a banda que tanto sonhavam em ter. Como eles mesmo já disseram, nada de comodismo. A cena rocker para esses meninos já não era suficiente. Eles queriam mais. Interpretações também não é com eles, o que curtem mesmo é mostrar suas músicas, as autorais. E é com essa proposta que a banda vem conquistando um público cada vez maior.

“Procuramos nos conectar através de nossa música. Cada letra, música e suas respectivas mensagens têm algo a dizer”, revela Yuri.

Cheios de ideias e sonhos, eles se inspiram em tudo ao seu redor para levar suas músicas ao público. As canções autorais significam para eles a própria identidade do grupo. É através das letras que eles buscam uma conexão com quem os ouve e, quando isso acontece, a sensação é indescritível, como eles mesmos contam.

“Quando compomos e interpretamos nossas canções, no fundo estamos compartilhando nossas percepções, angústias e outros inúmeros sentimentos. Quando temos uma resposta positiva sobre essa exposição, temos a sensação de que, de certa forma, estamos antenados com o mundo à nossa volta”, argumenta o vocalista Yuri.

Grande parte das bandas rock cantam músicas do cenário internacional, que é referência desse gênero. No entanto, o “made in Brasil” é o que marca o sonoridade da Kapitu. O som puramente brasileiro em uma banda de rock é algo que boa parte dos roqueiros dessa terra buscam ouvir. 

Realizado através do crowdfunding, “Vermelho” traz a banda em sintonia, com repertório autoral e exclusivamente cantado em português

Foto: Divulgação

“Nós valorizamos muito a música brasileira, é uma das mais ricas do mundo! Cantar em português é essencial para nos conectar ao nosso público. Para nós, é natural fazer música dessa forma, e, apesar das influências externas, muito da MPB está no nosso sangue”, explica o baterista Rafael.

Foi com essa autenticidade que a Kapitu garantiu o posto de finalista no Web FestValda, em 2012, realizado no palco que se transforma em sonho das bandas de rock, o Circo Voador. Durante o festival,  Yuri Corbal levou o prêmio de Melhor Guitarrista. 

Com cinco anos de dedicação, foi lançado em 2013 o primeiro disco da banda, o “Utopia”. O reconhecimento veio junto. Em setembro, uma das faixas do álbum, a “Não Deixe Amanhecer”, se tornou  tema de abertura do programa “Rota 51 Ice”, apresentado por Bruno de Luca e divulgado em um canal na internet. Todas essas conquistas são o estímulo para seguir o caminho da música.

“O reconhecimento é gratificante. Poder ver que nossa arte atinge diferentes públicos e segmentos só nos dá mais gás para continuar. O caminho é árduo e a luta é diária, mas é isso que torna o nosso trabalho tão especial”, se orgulha Rafael. 

O projeto Converse Rubber Tracks, um dos mais importantes para o cenário independente, chegou ao Brasil em 2014 e lá estava a Kapitu. Os roqueiros de Niterói foram selecionados para participar e tiveram o privilégio de gravar uma faixa inédita na Toca do Bandido, um dos estúdios mais renomados do Rio de Janeiro. Ganhando seu espaço nas redes sociais, a música “Pra Nunca te Deixar” rendeu sucesso ao grupo.  

Além disso, esse projeto rendeu uma direção musical de peso. Aaron Bastinelli, um grande engenheiro de som de Nova Iorque, estava junto com a banda nessa empreitada.

“Essa experiência foi enriquecedora pra nós como músicos, além de ter gerado um lançamento inédito na época da música ‘Pra Nunca Te Deixar’, que veio a ser a faixa de abertura do ‘Vermelho’”, ressalta o baterista da Kapitu.

Assim como a própria cor, o novo álbum vermelho tem muito a dizer. Tudo de mais intenso é representado por essa cor. Paixão e violência, fogo e sol. É tônico, forte e brilhante.
Vermelho tem o poder de representar lados opostos ao mesmo tempo. Quando claro, representa o lado masculino. Quando escuro, noturno e secreto, o feminino. 

Inspirados pelos sentimentos mais vivos que esse tom pode despertar, nasceu o CD “Vermelho”, que representa a própria transgressão da Kapitu. 

“Na busca por algo que sintetizasse a proposta do disco, notamos que ‘vermelho’ era a terceira palavra dita no álbum, presente na faixa “Pra Nunca Te Deixar”, que abre o disco”, pontua o guitarrista Jahba.

O que diferencia esse trabalho é a forma como ele foi produzido. “Vermelho” surgiu a partir de uma iniciativa dos fãs, o que, para a banda, dá um sabor mais especial ainda. O crowdfunding, um financiamento coletivo, é uma ferramenta que cresce cada vez mais na tentativa de ajudar artistas ou projetos tecnológicos. Foi assim que eles puderam realizar o desejo de lançar mais um CD, algo que estava em seus planos desde o lançamento de “Utopia”. Dessa forma, atingiram a meta e arrecadaram fundos para colocar a ideia em prática. 

“Nós trabalhamos um ano desde a pré-produção do álbum. Tudo ficou exatamente do jeito que a gente queria e isso só transmite total verdade em nossa arte”, destaca Jahba, que assume que o novo trabalho foi produzido pela própria banda. “‘Vermelho’ é um álbum plural, onde demos espaço para outros instrumentos, climas, ritmos, experimentações e colaborações de músicos externos”.

O álbum representa um avanço na carreira desse quarteto. Os novos arranjos, sons e climas só traduzem o amadurecimento da Kapitu. O que começou como um sonho se tornou coisa de gente grande. A nova fase da banda gerou elogios, tanto do público e de quem os acompanha, como dos críticos.

“Muito se viveu, aprendeu e construiu de 2008 pra cá. A estrada, os lugares por onde passamos, as pessoas que conhecemos, diversos músicos com quem tivemos a oportunidade de trabalhar. Tudo isso contribuiu pro nosso crescimento como artistas e pessoas e isso vem nítido nessa nova fase”, conta Irlan, o responsável por comandar o baixo.

O show no Teatro Popular receberá o som de “Vermelho” na íntegra, com as participações de Lis Vanelle no backing vocal e Ge Fonseca nos teclados. Os dois também participaram da gravação do álbum. 

A Kapitu espera que essa apresentação permita a troca de sensações com o público e a música, e aguardam com ansiedade o que está por vir, sempre com planos em mente e uma bagagem de sonhos na mão.

“Agora viajaremos pelo Brasil fazendo shows e divulgando ‘Vermelho’. O primeiro videoclipe também está em fase de pré-produção e será rodado no dia 4. Muitas novidades ainda estão por vir”, adianta o baixista.

O Teatro Popular Oscar Niemeyer fica na Avenida Jornalista Rogério Coelho Neto, s/n, no Centro de Niterói. Às 20h. Preço: R$ 30 (inteira). Telefone: 2620-6101.