Do amor e da dor

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Cantora Chiara Civello se apresenta na quarta-feira, no Teatro Municipal de Niterói

Foto: Fabio Lovino / Divulgação

Em um mergulho nas suas raízes e pela primeira vez somente no papel de intérprete, a cantora, compositora e pianista italiana Chiara Civello faz um tributo à música italiana no seu mais recente trabalho: “Canzoni”. A artista apresenta um show dedicado ao álbum na próxima quarta-feira, dia 20, às 19h, no Teatro Municipal de Niterói, no Centro.

“Vai ser a primeira vez que vou cantar no Teatro Municipal de Niterói. Ouvi falar muitas coisas lindas, que é como um teatro italiano: uma pequena pérola”, conta, animada.

“Canzoni” é o quinto álbum de estúdio da artista, que, para o disco, se dedicou à interpretação das canções. Para Chiara, o trabalho possui uma sensibilidade pessoal e criativa que ela obteve depois de ter viajado muito e de ter feito quatro discos como cantora, autora e compositora.

“Quando eu estava prestes a gravar o meu quinto álbum, senti essa necessidade interior de fazer um tributo à canção italiana. Um tributo que não fosse um disco nostálgico, que só olhasse o meu passado, mas que fosse uma comemoração da grande melodia italiana dos anos 1960 até os nossos dias, comemorando, também, os autores mais modernos”, adianta.

O amor, com toda a sua representatividade, é o fio condutor do álbum. Nele, Chiara alia o northern soul à bossa nova, o soul branco ao jazz e ao pop internacional. Dentre as canções do show estão a contagiante “Con una rosa”, de Vinicio Capossela; a desilusão de “Arrivederci”, de Umberto Bindi; o desencanto um pouco ingênuo de “Metti una sera a cena”, de Ennio Morricone; a sedução conduzida com um fio de autoironia de “Una sigaretta”, de Fred Buscaglione, entre outras.

“São todas canções de amor. Não tinha nada para trazer, o disco já estava cheio de amor. É um tema muito importante: o amor, o encontro, o desencontro, a despedida, a paixão. Todas as coisas do amor e da dor, que têm a ver, estão juntas. É um disco que eu pensei para o amor, para acompanhar todas as suas faces, principalmente, porque é um disco muito romântico. Mas romântico sem ser ‘melenzo’, como se diz em italiano, sem ser cheio de mel”, assegura.

Como convidados especiais, fazendo dueto com Chiara no álbum “Canzoni”, estão Chico Buarque, na canção “Lo che amo solo te”; Gilberto Gil, na música “Lo che non vivo senza te”; e Ana Carolina, em “E penso a te”.

“Os encontros com o Gil e o Chico foram quase já marcados pelo destino, porque eles são muito ligados à Itália. O Chico fala italiano muito bem, ele morou na Itália muito tempo, conheceu o Sérgio Endrigo, que é o autor da música que a gente cantou junto, “Lo che amo solo te”. O Gilberto Gil também vai muito a cada ano, canta, tem uma relação com a Itália. A Ana também. Foi muito natural, eles cantaram em italiano e acrescentaram muito no tributo à Itália”, argumenta Chiara.

Com uma relação estreita com o Brasil e falando um português fluente, Chiara conta que começou a trabalhar mais no País a partir de 2008. Segundo ela, o encontro entre a música italiana e a brasileira é histórico e começou a partir dos anos 50, quando a música italiana era muito mais exportada. A partir desse momento, os dois países iniciaram uma troca muito profunda.

“É uma relação muito profunda feita de afinidades e diferenças porque o que o Brasil tem e a Itália não tem muito é conteúdo rítmico, que vem do samba, que vem da África. A Itália, paradoxalmente, porque está muito perto da África, não tem elementos da percussão, do ritmo africano que tem nas Américas”, explica a cantora, que acrescenta: “posso citar o Sérgio Endrigo e o Roberto Carlos, que lançaram [em 1976], no disco San Remo 1968, a canção ‘Canzone Per Te’. Posso citar a Mina que gravou Chico Buarque [a música ‘A Banda’ foi um grande sucesso, em 1967, no País na voz da cantora italiana Mina]. Posso citar tantas outras coisas lindas: a Marisa Monte, que gravou a canção ‘Bem que se quis’, que é uma canção de Pino Daniele. Até hoje, a Tiê gravou a canção ‘A Noite’, que é uma versão da canção italiana ‘La notte’, de Arisa. Me sinto muito honrada de poder fazer parte e de poder fortalecer essa troca”, celebra. 


O Teatro Municipal de Niterói fica na Rua Quinze de Novembro, 35, no Centro de Niterói. Quarta-feira, 20 de julho, às 19h. Preço: R$ 80 (inteira). Censura: livre. Telefone: 2620-1624.