Encontros e desencontros

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Cris e Pedro vivem situações em um relacionamento de fácil identificação da plateia

Foto: Leandro Carvalho/Divulgação

Junto com a sociedade, as relações estão sendo afetadas pela tecnologia e novas formas de se comunicar: WhatsApp, Facebook, Instagram, Twitter, etc. Os novos comportamentos colaboram para os encontros e desencontros da vida. Para falar sobre o amor contemporâneo, Renata Mizrahi, convidada pelos atores Ivan Mendes e Daniela Carvalho, escreveu a peça “Caixa de Phosphorus”, que fica em cartaz no Teatro da UFF de 19 a 28, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h.

A estudante de literatura Cris (Daniela) e o filósofo Pedro (Ivan) vivem essa realidade parecida com a de qualquer casal por aí que lida com questões como morar junto, se separar, não conseguir parar de pensar um no outro, não conseguir se relacionar com outros por algum tempo, romantismo, o peso das diferenças. Tudo isso depois de uma paixão à primeira vista. A intenção de Renata foi fazer algo que falasse com todos, todas as idades.  “Quis falar de amor com humor, mas sem perder a profundidade. As inspirações foram baseadas nas minhas próprias experiências com outra pessoa e em tudo que observo nas relações de hoje em dia”, explica Renata Mizrahi.

A comédia romântica pretende ainda provocar discussões sobre os relacionamentos pós-smartphones. Para a atriz Daniela, não existe tempo ou idade para falar, presenciar ou sentir o amor, por isso deve ser sempre o assunto da vez. “Quando decidimos que falaríamos sobre relacionamentos, não poderíamos deixar de lado essas novas configurações. Vivemos e presenciamos isso todos os dias. Acho as redes sociais maravilhosas e acho grandes facilitadoras no quesito ‘paquera’. Porém, não podemos deixar de observar e sentir o fato de que tudo se torna muito superficial e vago. É esse o ponto em questão, que na peça exemplificamos, com humor. O público dá risada se identificando com a situação mostrada. E acho que a identificação gera uma reflexão imediata”, ressalta. 

No decorrer da peça, Daniela interpreta duas personagens: Cris e Lia. Cris é uma mulher romântica, que ama viver uma vida leve e divertida. Apaixonada por Pedro, ela idealiza uma vida perfeita ao lado dele. Porém, não está livre das inseguranças e do medo de que tudo possa vir a dar errado com seu conto de fadas. Já a Lia é uma garota imatura, ainda totalmente entregue aos novos padrões de paquera, via rede social. É aquela típica pessoa viciada no celular. “Acredito que todas as situações da peça são compatíveis com a história de todos, em pequena ou grande escala. Não tem como não se identificar um pouquinho que seja. Renata (a autora da peça) é como uma borboleta (risos). Leve, livre e cheia de cores. Uma mulher altamente talentosa com quem tive o prazer de trabalhar nesse processo. Ela tem muita vida e traz isso para os textos dela de forma cativante. Sou muito fã”, avalia a atriz. 

Espetáculo aborda o relacionamento contemporâneo em meio à tecnologia

Foto: Leandro Carvalho/Divulgação

Ivan conheceu Daniela gravando “Malhação”, de onde veio a ideia de “Caixa de Phosphorus”, com a ajuda do produtor, sócio e amigo de Ivan, Sandro Rabello. A estreia foi na 8ª Festa Internacional de Teatro de Angra dos Reis (FITA), em 2011. O ator vive Pedro, um homem de mais ou menos 30 anos, que busca, em vão, preencher o vazio que seu último relacionamento deixou. O encontro falido com outras mulheres faz Pedro reencontrar Cris, seu grande amor. “Acredito que a principal função deste espetáculo é proporcionar uma noite agradável para os espectadores, mas o teatro sempre propicia uma transformação. Essa peça não é diferente, traz personagens multimídia, encontros ‘internéticos’ e outras características que geram reflexão”, explica o ator. 

A direção ficou a cargo da experiente Susanna Krugger, que, embora conheça Renata há tempos, pela primeira vez mergulharam juntas na construção de um espetáculo. Para a diretora, que trabalha há 30 anos com Aurélio de Simoni na iluminação, “Caixa de Phosphorus” não é uma peça que tenha mensagens. “Me parece que ela nos dá acesso a ações e pensamentos, ao mesmo tempo, muito particulares e comuns a todos. Renata foi muito generosa, permitiu que seu texto fosse apropriado pelos atores e, com isso, aconteceram mudanças, uma dança particular que surge durante os ensaios. Acredito que uma obra vai nos conduzindo no caminho daquilo que ela quer ser. O que mais importa são os lugares nos quais o texto da Renata toca, pois nos reconhecemos nos diversos movimentos de uma história de amor”, revela Susanna.