Mostra revela cinema lusitano

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Desde 1997, quando se tornaram um casal, praticamente todos os filmes de Joaquim e Nuno foram feitos em conjunto

Foto: Divulgação

A Caixa Cultural Rio de Janeiro recebe, de 15 a 27 de janeiro (terça a domingo), a mostra “Lembrando Joaquim Pinto e Nuno Leonel”, com a exibição de todos os filmes desses dois premiados cineastas portugueses, com ingressos a R$ 6 (inteira). Ao todo são sete longas e oito curtas-metragens, entre ficções, documentários e animações. A abertura contará com palestra do curador da mostra, o cineasta, crítico cinematográfico e jornalista Aristeu Araújo.  

Joaquim Pinto e Nuno Leonel são figuras conhecidas no cinema português desde os anos 1980. Antes de assinar seus próprios filmes, Joaquim foi engenheiro de som em obras de nomes como Manoel de Oliveira, Raul Ruiz, Werner Schroeter e André Techiné. Já Nuno começou a sua carreira no cinema aos 16 anos, passando por funções como animador, operador de máquina de trucagem e assistente de decoradores. Desde 1997, quando se tornaram um casal, praticamente todos os filmes de Joaquim e Nuno foram feitos em conjunto. A retrospectiva vai exibir tanto as obras realizadas em parceria quanto as assinadas por apenas um deles.

“A verdade é que o cinema português é muito pouco conhecido aqui no Brasil. Claro, há festivais que estão sempre antenados com as produções mais recentes e autorais, o que faz com que alguns títulos acabem por serem exibidos no país. Mas de modo geral, é um cinema muito desconhecido. No caso desse festival, há uma variedade grande de estilos e formatos. E isso, acredito, é uma das coisas mais legais do trabalho desses cineastas. Eles produzem ficções, documentários e animações. Fazem filmes experimentais e outros com um formato bem mais clássico narrativo. Nesta mostra, serão exibidos todos os filmes já realizados por eles”, destaca o curador do evento. 

A mostra, segundo Aristeu, é um movimento de aproximação necessário a esses filmes tão singulares e um ato de justiça a uma dupla de cineastas que precisa ser posta à luz do grande público. 

Os realizadores começaram a ser mais conhecidos no Brasil com o documentário autobiográfico E agora? Lembra-me? (2013), de Joaquim. Vencedor de prêmios como o Especial do Júri no Festival de Locarno, na Suíça, e o Melhor Longa no DocLisboa, em Portugal, o filme acompanha o tratamento experimental para o HIV ao qual o cineasta se submeteu durante um ano.

“É fundamental que as pessoas percebam os diferentes tipos de cinema, bem como a potencialidade que existe na linguagem cinematográfica, porque esse conhecimento o torna também crítico à enorme produção audiovisual que nos cerca. No caso específico desses cineastas, uma das maiores características presentes em grande parte do cinema realizado por eles é o afeto como motor principal de suas obras”, destaca Araújo.

A retrospectiva vai exibir tanto as obras realizadas em parceria quanto as assinadas por apenas um dos cineastas

Foto: Divulgação

Joaquim Pinto nasceu no Porto, em 1957. Antes de dirigir os próprios filmes, ele trabalhou como engenheiro de som em mais de 100 filmes, de nomes como Manoel de Oliveira, Raul Ruiz, Werner Schroeter e André Techiné. Entre 1987 e 1996, Joaquim também produziu cerca de 30 títulos, como Recordações da casa amarela e A comédia de Deus, ambos de João César Monteiro. A estreia na direção veio com Uma pedra no bolso (1987), considerado como um dos filmes de maior vigor daquela década.
Nuno Leonel nasceu em Lisboa, em 1969. Ele não teve uma formação acadêmica em escolas de cinema ou de arte, mas aos 16 anos já atuava na área. Nuno trabalhou como animador, operador de máquina de trucagem, assistente de decoradores, técnico e montador de som, eletricista, ator, maquinista, diretor de fotografia e realizador. Como diretor solo, o cineasta sempre preferiu animações, como Santa Maria (1989) e a Schizophrenia (1995). Ele voltaria ao formato apenas em 2007, com Porca miséria, já realizado em parceria com Joaquim.

Atividade Extra – No dia 15, às 19h, acontece uma palestra sobre os cineastas Joaquim Pinto e Nuno Leonel ministrada pelo curador Aristeu Araújo. A atividade contará com a participação de Joaquim Pinto e Nuno Leonel em vídeo exclusivo. A entrada é gratuita.

“Acho que mostras como esta são fundamentais para a formação de um público mais ativo e crítico. É importante que as pessoas percebam que o cinema é muito maior do que costumeiramente é ofertado na tela da TV, nos cinemas multiplex ou na Netflix. Como curador, sempre atuo com isso em mente, trabalhando para apresentar ao público títulos que a princípio ele não conhece, fazendo o espectador sair de seu lugar de conforto”, conclui Aristeu Araújo. 

A Caixa Cultural Rio de Janeiro fica na Av. Almirante Barroso, 25, Centro. De 15 a 27 de janeiro. Horários: consultar programação. R$ 6,00 (inteira). Clientes Caixa pagam meia. Telefone: 3980-3815. A programação completa do festival pode ser conferida no site: www.caixacultural.com.br