O blues vai invadir a cidade

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Niterói Blues Festival, que acontece na cidade nesta sexta (11), sábado e domingo, na área externa do Teatro Popular Oscar Niemeyer

Foto: Divulgação

Nesses últimos anos, muitos críticos de música e especialistas notaram uma banalização da música mundial e, principalmente, da brasileira. Com a popularização do sertanejo, funk e até do rap, de certa forma, harmonias e letras, com algumas exceções (Criolo, Carol Conka, Gabriel o Pensador...), ficaram mais simplórias se comparadas a alguns anos com a Jovem Guarda de Roberto e Erasmo, a MPB na época do movimento Tropicalista de Caetano e Gil, ou nos EUA de 1940 com B.B King e Mudy Waters levantando a bandeira negra na música americana. Havia um propósito além do faturamento de capital. As músicas tinham um fundo político, uma pegada transcedental.

O Niterói Blues Festival, que acontece na cidade nesta sexta (11), sábado e domingo, na área externa do Teatro Popular Oscar Niemeyer, vem com a ideia de reviver os “bons tempos” da música trazendo artistas do blues, rock, soul, folk e coutry.

“Escolhemos esses gêneros musicais exatamente porque ninguém faz isso no Rio de Janeiro e temos um público muito carente. Samba, pagode, funk, bossa nova, tem pra tudo que é lado, ninguém faz o que a gente está fazendo. Existe um público carente que quer sair da ‘mesmice’.

Temos bandas de blues nacionais que querem uma fatia do mercado, mas nenhum produtor teve coragem de fazer isso por elas. É por isso que o rock está morrendo, o blues não avança e o pagode, funk e sertanejo cada vez ganham mais destaque, pois só fazem evento pra eles, pensando apenas no financeiro”, critica Fernando Fernandes, organizador do evento, que cita o “Rock in Rio” como exemplo. “O festival deixou de ser ‘rock’, abrindo espaço para outros ritmos que nada têm a ver com rock”, lamenta.

O festival conta com novos nomes nacionais do blues, como Fred Chico - conhecido também como One Man Band (banda de um homem só), que ganhou destaque após participar do programa “Amor e Sexo” no ano de 2016, já tendo se apresentado em países da Europa, acumulando bastante experiência apesar da pouca idade. Outro que também marca presença, este já com mais tempo de estrada (mais de uma década de carreira), Big Joe Manfra traz o melhor do blues nacional para o evento. Serão cerca de 16 bandas e artistas, totalizando mais de 30 horas de música.

Serão cerca de 16 bandas e artistas, totalizando mais de 30 horas de música

Foto: Divulgação

“Há bandas nacionais que tocam soul, que tocam folk, blues. Temos que valorizar esses artistas que também dependem de shows e festivais para sobreviver, ninguém sobrevive tocando só em barzinhos e botecos. Eles tem que tocar para as grandes massas, para o grande público”, argumenta.

E ninguém consegue ouvir tanta música boa de barriga vazia, não é mesmo? Por esse motivo, o festival conta também com food trucks, além do tradicional festival de churrasco BBQ. Pra acompanhar tudo isso, cervejas artesanais dos mais variados gostos e marcas.

Criador e organizador do evento – sem o apoio do governo, investe tudo de seu próprio bolso e mantém a gratuidade do evento, sendo apenas preciso levar 2 kg de alimentos não perecíveis para entrar –, Fernando Fernandes crê na ampliação do evento para todo o País.

“A gente está cadastrando nosso projeto na Lei Rouanet, ainda não temos apoio de nenhuma empresa. Faço tudo sozinho, pago do meu bolso para fazer o evento pois acredito que, futuramente, se o nosso projeto for aprovado, alguma empresa vai querer nos ajudar ou patrocinar. Mas, apesar de pagar tudo do meu bolso, não cobro entrada do público. Faço esse evento para ajudar a música, bandas e, acima de tudo, para ajudar famílias carentes porque a gente pede doação de alimentos. Eu espero que um dia o brasileiro se sensibilize com isso. Acho que ainda vai demorar um pouco pra entrar na cabeça deles que existem pessoas que fazem algo em prol do próximo”, comenta.

O Teatro Popular Oscar Niemeyer fica na  Rua Jornalista Rogério Coelho Neto, s/n, Centro . Sexta, das 15h à 1h; sábado, das 13h à 1h; e domingo, das 13h às 22h. Preço: ingresso solidário retirado antecipadamente no site, válido mediante à doação de dois quilos de alimento não perecível ou de R$ 10. Na hora: R$ 20 (inteira).