Pelo amor e pelo resgate da arte

Todas as peças da exposição “Sim, aceito” são parte da coleção de Jorge Mendes e Jorge Guedes

Foto: Divulgação

O Museu Janete Costa de Arte Popular abre nesta quarta (23), às 19h, duas exposições com curadoria de Jorge Mendes, “Sim, aceito”, com obras que traduzem o amor em sua diversidade, e a “Nosso Trajeto, Nossos Caminhos” – uma retrospectiva das mostras de arte popular que passaram pelo museu.  

“Sim, aceito” conta com um conjunto de 56 peças, de 35 artistas, e revela a cerâmica do Vale do Jequitinhonha (MG), além de esculturas em argila, madeira e papel, mostrando a potência que transforma a escassez de regiões áridas em inúmeras possibilidades da arte popular. Todas as peças da exposição são parte da coleção de Jorge Mendes e Jorge Guedes.

“A gente vai falar sobre os desdobramentos do amor. A gente partiu de uma frase de Guimarães Rosa: ‘qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura’. A partir dessa frase, a gente vai falar dos relacionamentos afetivos e, acima de tudo, homenagear as noivas do vale do Jequitinhonha”, afirma o curador, Jorge Mendes. “A exposição vai ter 13 noivas, uma série feita só por mulheres. No outro lado, vamos falar sobre as cenas de casamento, que termina com um casamento na roça. Como vamos passar por junho e julho, então vamos homenagear Santo Antônio e as festas juninas”, completa. 

Exposição conta com um conjunto de 56 peças, e revela a cerâmica do Vale do Jequitinhonha

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As bonecas noivas de cerâmica compõem uma instalação com elementos, texturas e cores ligadas à realidade e vivência das “noivas da seca”, mulheres como Isabel Mendes, Noemisa Batista, Zezinha, Aparecida e Durvalina, que resistem aos longos períodos de estiagem sustentando suas famílias com a produção dessas peças.

“É importante nos dias de hoje uma exposição que fale sobre amor e afeto. Além disso, diversidade também, porque a gente tá trabalhando relacionamentos de uma forma geral. Não o tradicional, um homem e uma mulher. Mas isso tudo muito sutil, a gente só provoca, e mostra o amor em sua plenitude”, aponta Jorge Mendes. 

Além disso, a exposição conta com um lado educativo, em que criam uma cenografia das cidades do Vale do Jequitinhonha, convidando crianças da rede estudantil a partir para essas cidades, fazendo um caminho e experimentando sensações e emoções. 

Já a mostra “Nosso Trajeto, Nossos Caminhos” traz obras de artistas que participaram de exposições anteriores, desde a sua inauguração, e que fizeram história no museu. Com esculturas que passeiam entre madeira, argila, papel machê, entre outros materiais e técnicas, a exposição – de longa duração – reúne trabalhos que encantaram o público de artistas como: Adalton Fernandes, Dim Brinquedim, Fábio Francino, Jorge Brito, Manoel Eudócio, Mestre Vitalino, Nicola, Valéria Cavalcanti, entre outros, cujas obras fazem parte, hoje, do acervo permanente do museu.
“É uma exposição sobre o acervo do espaço. Não tem um tema, não vai percorrer nada. É, como sugere o título, para resgatar a memória do museu. E, na verdade, está sendo remontada. Além disso, a gente tá abrindo um espaço para o museu crescer o acervo, incentivando as pessoas a doarem”, conta Mendes.

Trata-se uma remontagem de uma exposição que aconteceu em 2015, de mesmo nome, que trouxe a curadoria de Wallace de Deus. 
“A gente pensou nela como uma forma de mostrar um pouco o que a gente tinha feito em questão de exposição, além de umas parcerias que fizemos. Fizemos parceria com o Museu do Índio, Museu do Ingá, e algumas dessas exposições temporárias geraram acervo pro museu. Foi a partir disso que a gente pensou em montar. Mas foi uma coisa bem pontual, a gente fez em função daquele momento que estávamos vivendo. Mas, desde então, já se passaram outros momentos”, indica Wallace. 

 “Nosso Trajeto, Nossos Caminhos” conta com cerca de 100 peças, adquiridas por meio de doação de artistas e colecionadores, e ocupam todo o segundo andar do museu.

O Museu Janete Costa de Arte Popular fica na Rua Presidente Domiciano, 178, Boa Viagem, em Niterói. 23 de maio de 2018, às 19h. Visitação: de terça a domingo, das 10h às 18h. Entrada franca. Telefone: 2705-3929.