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Rudy Sgarbi

Foto: Lucas Benevides


Formado em administração, o niteroiense Rudy Sgarbi resolveu alçar voos mais altos para construção de uma carreira nas artes. Desde 2005, acreditou na sua intuição para a criar obras em MDF, acrílico, entre outros materiais. Atualmente, o artista é representado nos EUA (NYC), França (Paris), Itália (Bari) e Finlândia (Helsinki). A novidade da vez é que Rudi foi convidado para integrar a exposição coletiva “The American Dream: The Latino Experience in America”, de 8 a 29 de abril, em Nova Iorque, ao lado de outros 18 artistas latinos. A curadoria é da peruana Dora Espinoza, especialista em Arte Contemporânea Latino-Americana, com mais de três décadas de atuação no mercado de artes. Rudi participa com duas obras: um quadro com a imagem do boxeador Muhammad Ali (96 x 62cm) e uma escultura representando Marilyn Monroe (30 x 20 x 12cm), ambas obras em Optical Art, numeradas e com tiragem máxima de 25 unidades.  

Fale sobre sua vivência como imigrante na América do Norte. O que de bom e ruim você tira da experiência 

Nos EUA, já passei alguns períodos em NY e Buffalo trabalhando e expondo. Somando esse tempo, poderia dizer que consigo entender como funciona a cabeça de um imigrante: a correria, o cotidiano, etc. O ponto positivo é que sempre fui como artista e essa condição, por si só, faz com que, de certa forma, você seja bem aceito em terras estrangeiras. Com isso, você passa a enxergar as dificuldades normais à qualquer imigrante com outros olhos. Então, não existe nada que eu considere como ponto negativo. O que não foi bom, se tornou aprendizado. 

Obra com a imagem do boxeador Muhammad Ali (96 x 62cm)

Foto: Divulgação


Como seu contato com os EUA e o mercado norte-americano da arte colaboraram para seu crescimento profissional? 

Estar num ambiente onde a arte é mais valorizada gera uma melhoria no cenário artístico de forma geral. Num mercado estável e competitivo, os artistas produzem e evoluem cada vez mais. O público passa a ter um critério de compra elevado e, com isso, todos ganham. Uma coisa vai levando à outra e isso reflete em oportunidades, incluindo aqui no Brasil. Ter visitado grandes museus e eventos de arte também contribuíram muito para minha visão artística. Felizmente, temos tido bons eventos e exposições no Brasil também. E a tendência é melhorar. 

O filme “The Square – A arte da discórdia” faz uma crítica ferrenha à arte contemporânea e seu nicho bastante específico. Principalmente o fato de ser uma bolha bem fechada onde se produz uma arte “de legenda”, para poucos “consumirem”. O que você acha disso?  

Existe, hoje, um mercado de arte emergente e acessível que é infinitamente maior do esse mercado elitizado, mas poucas pessoas têm conhecimento, simplesmente porque nunca se imaginaram comprando uma obra de arte assinada. Estou falando de obras que a classe média pode adquirir sem esforço e que podem ter uma valorização absurda. Arte comercializada entre R$ 1 mil e R$ 5 mil, por exemplo, que pode valer muito mais em pouquíssimo tempo. Ou seja, que pode ser considerada investimento. Esse mercado já é comum na Europa e nos EUA, que são repletos de compradores de arte na faixa de 30, 40 anos. É questão de hábito e tenho certeza que também veremos isso no Brasil em breve, já que possuímos um grande número de artistas emergentes de alto nível. Portanto, essa “bolha” existe e continuará a existir por um tempo. Mas é restrita e não vale ser usada como verdade absoluta. Arte é feita para ser vista pelo maior número possível de pessoas. E a Arte Contemporânea é muito mais abrangente do que aquilo que estamos acostumados a ver. 

Você se formou em Administração, mas foi como artista que encontrou sua verdade. Como se sente sendo artista?   

Nunca consegui me enxergar como um administrador de empresas convencional. Acredito que eu seria sempre um profissional mediano e ter tido essa percepção me fez trilhar o caminho das artes. Acho que eu me questionei antes de questionar qualquer outra coisa, mas nunca me coloquei contra a parede. As coisas foram acontecendo de forma gradativa. Certamente, isso refletiu no meu trabalho. Busquei desenvolver uma arte que eu considerasse esteticamente agradável, sem muita preocupação em passar alguma mensagem específica. Com isso, parti para uma diversificação de técnicas e materiais e isso acabou virando uma característica marcante.  Me sinto bem em poder viver de arte e em ser reconhecido como artista. Sempre em frente.