Quando o saber salva uma vida

Entretenimento
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A atriz Andréia Ribeiro vive Maria Carolina de Jesus e sua trajetória

Foto: Divulgação/ Dalton Valério

A emocionante história da catadora de papéis que virou escritora contada em “Maria Carolina de Jesus - Diário de Bitita” chega ao Teatro Municipal de Niterói para curtíssima temporada nos dias 3, 4 e 5 de maio.

O espetáculo é uma adaptação dos livros de memórias “Quarto de Despejo” e “Diário de Bitita”, da escritora mineira Carolina Maria de Jesus. A direção é de Ramon Botelho, que, após três anos de pesquisa, adaptação e ensaios, estreou a peça no Teatro Municipal de Uberlândia em 2015.

O projeto teve início com o encontro entre o diretor e a atriz Andréia Ribeiro, que estava em busca de um papel que a impactasse profundamente, e acabou sugerindo a incrível história de Carolina.

“A peça é um monólogo e mostra Carolina já adulta, catando papel nas ruas de São Paulo. As coisas encontradas no lixo a fazem lembrar de sua infância no interior de Minas. Eu quis fazer uma peça tão simples e poderosa quanto as palavras de Carolina. Mas é uma simplicidade muito pensada e orquestrada”, conta o diretor, que conseguiu arrancar elogios da família de Carolina, que assistiu à peça em 2017: “A filha de Carolina, Vera Eunice, disse que viu a mãe no palco. Acho que isso indica que estamos no caminho certo e que fizemos um produto de valor para homenagear a escritora que tanto amamos”, pondera.

Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914, e teve uma infância miserável. Já adulta, foi morar no Canindé, uma das primeiras favelas de São Paulo. Nunca se casou e sustentou os três filhos sozinha catando papel nas ruas. Nos anos 50, começou a escrever em cadernos que encontrava no lixo e conseguiu o improvável: se tornar uma grande escritora reconhecida mundialmente. A primeira edição bateu recorde de vendas no Brasil e o livro foi traduzido para 16 idiomas em mais de 40 países.

“Existem milhares de Carolinas silenciadas e sem oportunidades neste Brasil. O desinteresse e a manutenção da invisibilidade dessas pessoas são assustadores”, desabafa a atriz Andréia Ribeiro: “Aprendo com Carolina todos os dias. Desde aquela época já denunciava a fome, a miséria, a desigualdade social, o racismo e o machismo. Quando falo suas palavras a sensação que eu tenho é que eu já conhecia esta mulher, foi um encontro ancestral. O contato com essa obra me remete à minha vó Dolores e minha mãe Marisete, mulheres guerreiras como Carolina. Ela entendeu muito nova que seu maior patrimônio era o seu conhecimento”, conclui. 

Serviço: 
O Teatro Municipal de Niterói fica na Rua Quinze de Novembro, 35, no Centro de Niterói. Sexta (3) e sábado (4), às 20h e domingo (5), às 19h. Preço: R$ 40 (inteira). Classificação: 14 anos. Telefone: 2620-1624.