Retorno mais que esperado

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A banda rompe com a MPB e mistura rock, ritmos regionais e música clássica. A Cor do Som é formada por Mu (teclados), Dadi (baixo e guitarra), Armandinho (guitarra e bandolim), Gustavo Schroeter (bateria) e Ary Dias (percussão)

Foto: Rick Werneck / Divulgação

A banda A Cor do Som está de volta. Sucesso na década de 70, os músicos revivem o astral das apresentações que levantavam o público com letras suingadas e completa sintonia no palco e nos acordes. Uma de suas músicas mais conhecidas, “Beleza Pura”, estourou na voz de Caetano Veloso. Este e outros hits da banda, como “Zanzibar”, “Menino Deus”, “Semente do Amor” e “Abri a Porta” estão no repertório do show que acontece  nesta terça (12) e quarta-feira (13), às 20h, no Teatro da UFF, em Icaraí. A apresentação faz parte do Projeto “MPB Em Cena”.

Banda se apresenta no Teatro da UFF

Foto: Rick Werneck / Divulgação

Formado por Mu (teclados), Dadi (baixo e guitarra), Armandinho (guitarra e bandolim), Gustavo Schroeter (bateria) e Ary Dias (percussão), o grupo, que nasceu em 1977, rompeu com os paradigmas da Música Popular Brasileira (MPB) misturando rock, ritmos regionais e música clássica. Ao som tradicional do chorinho, uma pegada mais pesada dos instrumentos elétricos. O resultado do tempero caiu no gosto do público. 

O surgimento do grupo veio na esteira dos ritmos que marcaram a cena musical brasileira entre o final da década de 60 e o início dos anos 80. Beberam da mesma fonte que os Novos Baianos. Depois que o cantor e compositor Moraes Moreira saiu do grupo, foi chamando um a um para se apresentarem juntos, lembra Armandinho, filho de Osmar, inventor do famoso trio baiano ao lado de Dodô.

“Recebi o convite de Moraes quando ainda morava em Salvador, em 74. Dadi já estava com a gente e conhecia um batera que, na época, estava disponível, era Gustavo, o roqueiro do grupo A Bolha. No primeiro disco do Moraes, o Mu, pianista, faz uma participação e é logo convidado também para os outros shows. Já o Ary Dias, que tocava bateria comigo no trio elétrico Dodô e Osmar, entrou como percussionista na banda. Mas foi com a antiga gravadora WEA que nasceu A Cor do Som”, recorda Armandinho.

“Fomos bem recebidos pela crítica com o nosso trabalho de base instrumental. Renovamos o choro dando uma característica pop ao regional brasileiro. Isso, com influências múltiplas: de Jacob do Bandolim a Beatles, de Ernesto Nazaré  a Hendrix, Caetano, Gil e toda aquela sonoridade vinda do cavaquinho eletrificado que recebeu uma quinta corda passando a ser chamado de guitarra baiana, um som que personaliza a nossa identidade musical”, explica.

A Cor do Som foi a primeira banda brasileira a participar do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça. O grupo possui 11 discos gravados, um DVD, e vários prêmios no currículo.
O retorno da banda neste momento tem a ver não só com a conspiração do universo, já que os cinco estavam disponíveis para essa jornada, segundo ressalta o músico Gustavo Schroeter, mas também com o impulso da produção executiva de Marcelo Reis, diretor da empresa MusicBuzz.

“Sempre pensei neste retorno. Estou muito satisfeito com tudo isto que está acontecendo. O reconhecimento do público, que vibra, canta, dança. E é uma geração jovem, bonita. Tem gente que nos conhece desde lá do início. É um pessoal que tem mais de 35 anos. Mas o que a gente vê na plateia é gente ainda mais jovem, o que prova que o nosso trabalho tem qualidade, resistiu ao tempo. Música boa não morre. Mas a volta, o pé na estrada, deve-se, sobretudo, com o Marcelo Reis, que tem uma gestão moderna e nos ajudou a ficar mais confiantes no percurso. E aí as portas foram se abrindo”, diz ele, que tinha acabado de chegar de um show em Santa Maria, Porto Alegre. 

Gustavo lembra que quando a WEA – atual Warner Music – decidiu apostar na banda, o grupo pediu autorização ao Pepeu para a liberação do nome de batismo, já que a “A Cor do Som” é o nome de uma música dele com Moraes Moreira.
 
“O francês André Midani, dono da WEA, gostou do nome, que é bonito mesmo, poético. Na época, o público nos acompanhava, iam nos shows. Mas a nossa música não era muito tocada no rádio. Acho que é porque a nossa base é instrumental. Nosso segundo CD, gravado em 1978, por exemplo, é todo instrumental. Mesmo com a gravadora, vendíamos uns 5 mil discos. Foi depois que o Caetano Veloso gravou uma de nossas canções, e o Gilberto Gil também, que a coisa mudou. Saltamos dos cinco para os 50 mil álbuns vendidos”, recorda.

Em 1985 o grupo se dissolveu, com a saída de Armandinho e Mu, que decidiram seguir carreira solo. Em 1997, o grupo juntou-se novamente para gravar o disco “Ao Vivo no Circo”. Mais um gol da carreira do quinteto. Com o álbum, eles receberam o prêmio Sharp de melhor grupo de música popular. Em 2006 eles levaram mais um para casa: o Prêmio Tim de Melhor Grupo de Canção Popular com o DVD “A Cor do Som Acústico”, gravado no Canecão,  com a participação de Caetano Veloso, Daniela Mercury e Moraes Moreira, entre outros artistas.

“Nunca nos distanciamos. Sempre fomos amigos apesar da separação. Nos encontramos, gravamos um CD, um DVD, mas agora realmente resolvermos cair na estrada”, finaliza Armandinho.

O Teatro da UFF fica  na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, em Niterói. Esta terça (12) e quarta-feira (13), às 20h. Preço: R$ 40 (inteira). Censura: 16 anos. Telefone: 3674- 7512.