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Os companheiros Bia Bedran, Victor Larica e Ricardo Medeiros juntaram-se aos novos integrantes Guilherme Bedran e Paulão Menezes para lançar disco autoral

Foto: Paulo Rodrigues / Divulgação

Em volta da fogueira num clima interiorano, os jovens músicos Bia Bedran, Victor Larica e Ricardo Medeiros se encontram numa roda de viola. A cidade era São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo, nos idos dos anos 70. Naquele momento, eles não imaginavam o que estava por vir. Alguns anos depois, os amigos fundaram o Bloco da Palhoça. Após quase 40 anos desse primeiro contato, eles vão se reencontrar, junto com novos integrantes, no palco do Teatro da UFF, em Icaraí. Sexta (08), sábado e domingo, às 20h, o grupo lança de forma simultânea o show e o CD  “Bloco da Palhoça – O Reencontro” 

Neste show, com direção artística e a cenografia de Djalma Amaral, os fundadores do Bloco da Palhoça Bia Bedran (voz e violão), Victor Larica (voz, baixolão e marimbau), Ricardo Medeiros (voz, contrabaixo, violões e direção musical) se unem aos novos integrantes do grupo: Guilherme Bedran (rabeca, violino, bandolim e vocais) e Paulão Menezes (percussão). Como convidado especial, na bateria estará o músico Joca Moraes. “Nós somos um grupo muito vocal, cantamos todos juntos. Temos arranjos vocais muito cuidadosos. Somos músicos: tocamos todas as canções enquanto cantamos. É sempre um desafio, mas o coro é nossa característica. Temos sempre um coral na voz”, explica a cantora, compositora e atriz Bia Bedran.

A presença de instrumentos, como rabeca, bandolim, violino, violões de aço e náilon, baixolão, percussão e som exótico do marimbau – instrumento de uma corda só fabricado por Victor Larica –, é marcante no trabalho do conjunto. Composto por 11 músicas autorais de Bia e parceiros, o disco apresenta sete músicas inéditas e quatro regravações. Dentre as novas composições estão “Outono”, “Balança Menino” e as regravações “Apresentando a Percussão”, “Alumiou”, “Acalanto de Planta” e “Flor de Maracujá”. “As 11 músicas não são do folclore, são de autoria da gente mesmo. Nós temos quatro músicas que já gravamos no nosso primeiro LP, lançado em 1980, chamado “Bloco da Palhoça – Música para Brincar e Cantar”. Este trabalho foi muito importante dentro da história da música infantil brasileira e foi um dos primeiros, não existia CD ainda”, conta Bia que acrescenta: “O atual álbum estamos fazendo há dois anos. Demorou bastante para esse reencontro acontecer porque não temos patrocínio. Estamos bancando com nossos recursos. Completou dois anos e dois meses que estamos trabalhando e a gente foi aprimorando essa linguagem vocal, que era uma característica do bloco”. 

Bia relata que o conjunto era um grupo urbano, mas que queria tratar das tradições musicais do interior do Brasil. Ao mesmo tempo, eles também queriam apresentar a sua própria maneira de tocar. Diante disso, o nome foi escolhido para representar essas características.  “A ‘palhoça’ seria a ideia dessa casa de taipa (mistura de argila e cascalho), do interior… Nossa intenção era deslocar o eixo, sair das grandes cidades e percorrer o Brasil”, ressalta Bia.

Para Ricardo Medeiros, produtor musical e executivo do disco e um dos fundadores do grupo, o novo trabalho foi uma grande surpresa para todos os integrantes. No começo, eles tinham pensado que seriam regravações do primeiro LP “Música para Brincar e Cantar”, direcionado para o público infantil. “Quando começamos a ensaiar, lembramos de diversas composições, principalmente da Bia, que já tínhamos cantado muito nas nossas apresentações pelo Brasil e nunca tínhamos gravado. Aí, começou a dar vontade de fazer novos arranjos e o foco foi mudando. O trabalho acabou sendo 100% autoral e perdeu a conotação infantil sem, porém, perder o encanto da música folclórica brasileira”, explica Ricardo. 

Segundo Ricardo, o Bloco da Palhoça se define como de música essencialmente brasileira. Iniciado no interior do Brasil, tem como influências a música rural, os cantadores de viola, as rezadeiras, as antigas loas portuguesas, viajantes, marinheiros, os contadores de histórias, a congada e o maracatu.  Apesar de não ficar reunido de forma ininterrupta nesses 40 anos, Ricardo diz que o grupo nunca deixou de se encontrar, por diferentes motivos, durante esse tempo. “Fui produtor, arranjador e músico em mais de 10 CDs da Bia Bedran, sempre com a participação dos demais integrantes do Bloco da Palhoça”, revela.

O Teatro da UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, em Niterói. Amanhã, sábado e domingo, às 20h. Preço: R$ 40 (inteira). Censura: livre. Telefone: 3674-7512.