Tango argentino e voz brasileira

Entretenimento
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O repertório do encontro contará com canções de Astor Piazzolla e Carlos Gardel, referências do estilo musical, além de músicas inéditas de Marcelo e Alexandre Caldi e do cantor niteroiense Marcos Sacramento

Foto: Divulgação

Durante a época de ouro do rádio, entre os anos de 1920 e 1930, o tango fazia sucesso no Rio de Janeiro, principalmente na voz do cantor Carlos Gardel. Ainda hoje, o estilo musical encanta os brasileiros, não só pela dança ousada, mas também pelas canções dramáticas e viscerais. Um grupo que difunde o gênero portenho no Brasil é o LiberTango, que junto a atriz e cantora Soraya Ravenle, se apresenta nesse sábado (05) e domingo (06), às 20h, no Teatro da UFF.

O LiberTango é formado pela pianista argentina Estela Caldi e por dois de seus filhos: Alexandre Caldi (saxfone e flauta) e Marcelo Caldi (acordeom), ambos brasileiros. A primeira vez que Soraya Ravenle se apresentou com o grupo foi no Festival Internacional Tango Brasil, em 2013. 

Um ano depois, os encontros aconteceram novamente, no Theatro Net Rio, no Teatro Rival Petrobras, entre outros lugares. Segundo a cantora, o diferencial do show deste fim de semana é que os músicos vão apresentar músicas do álbum novo, ainda sem título, que eles acabaram de gravar juntos e vão lançar em 2017. “Essa apresentação será o embrião do nosso show de lançamento, agendado para março do ano que vem. Além do fato de que, após tantos anos juntos, nosso entrosamento musical se aprofundou, tornando esse trabalho um casamento artístico do qual muito me orgulho”, explica Soraya. 

O repertório do encontro contará com canções de  Astor Piazzolla e Carlos Gardel, referências do estilo musical, além de músicas inéditas de Marcelo e Alexandre Caldi e do cantor niteroiense Marcos Sacramento. Também serão apresentadas versões “tangueadas” de Chico Buarque, Paulo C. Pinheiro, Lupicínio Rodrigues, entre outros.  “Já havia gravado no meu disco ‘Arco do Tempo’, um arranjo de tango feito pelo Marcelo para um samba do Maurício Carrilho e Paulo Cesar Pinheiro: ‘Cristal Lilás’. Foi como se a canção tivesse sido feita originalmente como tango, tamanho encaixe e harmonia. Como a Soraya cantora está ligada, principalmente, a música brasileira, resolvemos ‘brincar’ seriamente de escolher outras músicas que pudessem conversar com o tango. Canções que já trouxessem nas letras, no clima, o universo do tango”, adianta a cantora. 

Segundo Soraya, sua relação com o gênero musical se estreitou durante a convivência com a família Caldi. Assim como, também, o fato de deixar de ser ouvinte e amante do gênero para ser intérprete. Como o estilo pede uma interpretação mais dramática, a cantora, que possui 28 anos de carreira, pode aproveitar de toda sua experiência como atriz.  “É muito prazeiroso poder passar de um certo limite, a atriz que mora em mim, agradece. Trato, muitas vezes, as letras como um texto teatral. Outras vezes deixo a melodia me levar”, confessa.

Com 20 anos de carreira, o LiberTango começou a partir de uma paixão em comum: a música de Astor Piazzolla e a força do tango. A pianista Estela Caldi nasceu em Santa Fé, cidade localizada no norte da Argentina, e viveu em Buenos Aires até os 27 anos. Depois, mudou-se para o Brasil, onde casou e teve quatro filhos. Toda a família dela ficou no país vizinho, mas a artista trouxe consigo a paixão pelo gênero portenho, que foi transmitida para os herdeiros.  

O trio possui quatro álbuns lançados. Os dois primeiros: “Grupo LiberTango” e “Cierra tus ojos y escucha” foram inteiramente dedicados ao Astor Piazzolla. Os dois CDs mais recentes: “Porteño” e “Tangos Hermanos” foram dedicados ao gênero de maneira mais ampla. Os músicos gravaram tangos clássicos de Gardel, folclore argentino, tango brasileiro. Atualmente, estão compondo novas músicas e dando um novo direcionamento para o estilo no Brasil. “Aqui, o tango é muito reconhecido como dança, mas não existem muitos grupos musicais dedicados a este estilo ou músicos que se aventurem com fluência nesta linguagem. É evidente que hoje podemos criar uma ponte cultural entre nossas linguagens artísticas. Argentina e Brasil são os dois maiores países da América do Sul”, analisa Marcelo Caldi. 

O grupo já foi destaque em diversos festivais de tango, como o Festival Internacional Tango Brasil (Rio de Janeiro), Festival Internacional de Acordeom (Belo Horizonte), Festival de Inverno de Londrina (PR), Festival Chorando sem Parar (São Carlos, SP), entre outros. Além disso, é considerado a maior expressão viva do tango no Brasil. “O artista que não produz, não está vivo. Que a gente saiba, não existe um grupo de tango com uma vida tão longa no Brasil. Adoraríamos ver novos artistas brasileiros se dedicando mais ao que chamamos de ‘identidade latina’”, finaliza Marcelo. 

O Teatro da UFF fica na Rua Miguel de Frias 9, Icaraí. Dias 5 e 6 de novembro, às 20h. Preço: R$ 40 (inteira). Censura: 10 anos. Telefone: 3674-7515.