Teatro da diversidade

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Um dos participantes do festival será o Grupo Cor do Brasil, composto por mulheres artistas ativistas afrodescendentes

Nathali de Deus / Divulgação

A partir do dia 11 de setembro, até abril do próximo ano, o Circuito Teatro do Oprimido marcará presença na agenda da Universidade Federal Fluminense (UFF). O projeto conta com a participação de 10 grupos, cujos trabalhos são pautados por diversidade de abordagens e pelos desafios sofridos pelas “minorias”. Dentro dessa proposta arrojada, o público poderá assistir a espetáculos com temáticas contemporâneas, representados por elencos bem originais: As Marias do Brasil (formado por domésticas); Pirei na Cenna (temática voltada para usuários da Saúde Mental e seus familiares); Grupo Panteras (com representantes LGBT); Marémoto (jovens moradores do Complexo da Maré); Grupo Cor do Brasil (artistas ativistas afrodescendentes); Coletivo Madalenas Rio (mulheres feministas); Ponto Chic (jovens moradores de Ponto Chic, em Nova Iguaçu); ETP (jovens integrantes de movimentos sociais); Madalena Anastácia (mulheres negras ativistas); e Maré 12 (jovens mulheres moradoras do Complexo da Maré).

Todos os grupos que integram o Circuito trabalham com a metodologia do teatrólogo Augusto Boal e, alguns deles, já possuem até carreira internacional, como o Cor do Brasil e Madalena Anastácia. Essa original forma de se apresentar um texto teatral foi criado nos anos 1970, com a proposta de que os próprios oprimidos usassem o teatro para debater questões da sociedade e conseguissem mudar essa realidade através da arte e da organização política. Nesse sentido, um dos diferenciais do evento é o fato de o público ser convidado a participar como aliado dos protagonistas. 

“O teatro fórum funciona da seguinte maneira: a peça apresenta uma situação problema e essa situação é proveniente de uma realidade que está muito próxima das pessoas do grupo ou algum integrante. Logo, a plateia assiste e é convidada para intervir na cena sugerindo uma ideia para ajudar o oprimido, uma alternativa para solucionar o problema”, explica Fernanda Dias, coreógrafa do grupo Cor do Brasil.

Integrando ainda a proposta do Circuito, uma das pautas é voltada para as leis trabalhistas que não são respeitadas em alguns tipos de emprego. Nesse espetáculo (“Nós não somos invisíveis”), o elenco “Marias do Brasil” fala sobre as empregadas domésticas, que foram as últimas a terem direito às leis trabalhistas. Uma das atrizes do grupo, Maria Izabel contou um pouco sobre a história e trajetória das artistas.

“O grupo surgiu em 1998, formado por mulheres de uma escola noturna, a maioria delas se chamava Maria e, através de pesquisas, descobrimos que os patrões, quando esqueciam o nome da trabalhadora doméstica, a chamavam de Maria. Isso é histórico, foi por esse motivo que o nome do grupo foi escolhido. Hoje em dia, o espetáculo já até participou de Festivais Internacionais”, afirma. 

Outra finalidade do projeto é a conscientização de problemas sociais, onde o teatro torna-se o veículo para a organização e debate dos problemas. Porém, os integrantes enfrentaram algumas dificuldades por abordar temas tão polêmicos.

“Trabalhar com arte militante não é fácil, ainda mais falando de racismo com pessoas negras atuando”, disse Alessandro Conceição, coordenador do Circuito Teatro do Oprimido.

Será a segunda vez que o Circuito se apresenta em Niterói e as expectativas estão grandes quanto à receptividade do público! Toda programação acontece com ingressos grátis.