Um clássico que se mantém atual

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Escrita por Frank Wedekind no século XIX, “O Despertar da Primavera” celebra uma viagem inesquecível da juventude à idade adulta com um poder, pungência e paixão difíceis de se esquecer

Foto: Divulgação

Em comemoração aos 17 anos de existência, a Oficina Social de Teatro apresenta na quarta-feira, às 20h, em sua sede, o espetáculo “O Despertar da Primavera”. A peça foi idealizada no primeiro módulo do curso regular da OST após os alunos se defrontarem com o estudo do método realista de interpretação proposto por Constantin Stanislavski, teórico russo do século XIX.

“Stanislavski revolucionou o mundo com uma análise bem específica de se ver a cena, fazendo com que o aluno/ator de teatro possa se defrontar com essa linha tênue entre ficção e realidade, usando essa última, a realidade da vida, de forma a favorecer a construção da personagem. Ao estar diante de uma turma desafiadora, repleta de memórias vivas e recentes de suas existências, como a que está envolvida neste projeto, pude concluir que o exame detalhado do método de Stanislavski culminaria com um exame pontual sobre suas próprias vidas e os dramas pertinentes com a faixa etária deles”, conta o diretor Jose Geraldo Demezio.

“O Despertar da Primavera” celebra uma viagem inesquecível da juventude à idade adulta com um poder, pungência e paixão difíceis de se esquecer. Explora a confusão e o desespero que os jovens seguem quando uma avalanche de hormônios invade seus corpos.

“O texto retrata vidas que se constroem tendo de fundo a história de um país e, por que não dizer, de um mundo em transformação. As mudanças do mundo, influenciando as mudanças no ser. A adolescência, pega pelo autor como um período que se equipara perfeitamente com o salto para uma fase adulta de nosso planeta e, consequentemente, de todos os seus habitantes. A queda de preconceitos e rótulos pontuais de como se viver e ser para no lugar se levantar questões como liberdade, amor e respeito”, narra o diretor.

A narrativa se passa em 1891 e, na época, foi censurada por tratar de diversos temas polêmicos, como estupro, suicídio e abuso sexual infantil. Hoje, toda a problemática trazida por Frank Wedekind no século XIX continua atual.

“Ainda temos um grande número de adolescentes que atentam contra a própria vida, o estupro e abuso ainda atingem números assustadores. Precisamos olhar e verdadeiramente enxergar essas pessoas, essas situações e lutar para que essas coisas não mais aconteçam”, defende o diretor, que acredita que a peça faz o espectador refletir sobre o tabu que pode ser a sexualidade dentro de um lar e que é natural os adolescentes terem curiosidade sobre essas mudanças no corpo. “Espero que aqueles que assistirem ao espetáculo e ainda tiverem limitações para esse assunto com os filhos lembrem que também passaram por essas dúvidas em determinada época da vida e que é natural, mas que, principalmente, entendam que o melhor lugar para os adolescentes aprenderem sobre sexualidade e as mudanças do corpo é dentro de casa”, pondera o ator Vinícius Medeiros, que dá vida ao personagem Moritz, um adolescente de 15 anos no início da puberdade, mas que não tem qualquer conhecimento sobre isso, o que causa nele muitas perturbações. Em meio a isso, ele precisa lidar com a rejeição e cobrança abusiva do pai para que seja aprovado na escola. “O Wedekind escreveu um texto muito inteligente e que exige de nós muita leitura e investigação para compreender os detalhes de cada personagem e da história como um todo, então acredito que os grandes desafios tenham sido compreender o personagem, todos os seus traços de personalidade, todas dúvidas, alegrias, tristezas e então me aproximar dessas questões que dão vida ao Moritz e fazer com que tudo isso apareça através do meu corpo e da minha voz com muita verdade”, conta o ator.

A Oficina Social de Teatro fica na Rua Saldanha Marinho, 14, no Centro de Niterói. Quarta-feira, às 20h. Entrada franca. Classificação: 12 anos. Telefone: 2721-0468.