Vazio ocupado

Entretenimento
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Vazio Sitiado será inaugurada nesta sexta-feira (15), às 19h, no Reserva Cultural

Foto: Lucas Benevides





Por Daniel Malafaia
[email protected]

“Pensou-se não apenas no cubo branco desta galeria, mas em sitiar os vazios da arquitetura de Oscar Niemeyer”. São com essas palavras que o curador Vilmar Madruga sintetiza a ideia da exposição “Vazio Sitiado”, que será inaugurada sexta-feira (15), às 19h, no Reserva Cultural. A mostra, a primeira de arte contemporânea na galeria do local, reúne cinco artistas: Cesar Coelho, Osvaldo Gaia, Rafael Vicente, Rodrigo Pedrosa e Marcelo Caldas. 

Vilmar explica, citando o filósofo Roland Barthes, que a mostra concorda com o conceito de que o poder da verdadeira arquitetura é o de embelezar corpos, objetos e coisas que nela habitam. Embasado nisso, as obras expostas não foram produzidas para, mas separadas a fim de ganhar o espaço que ocupam.

Os artistas se conhecem há um tempo e cada um, a seu modo, dialoga com questões próprias da relação do homem com o ambiente que o envolve, através de instalações, esculturas e pinturas. 

“Rafael Vicente, Rodrigo Pedrosa e eu dividimos um ateliê na Bhering, então já temos uma certa afinidade. Aí o Vilmar Madruga, que está junto da gente em outros empreendimentos, propôs essa exposição e convidou o Marcelo Caldas e o Osvaldo Gaia, que são escultores. O Rodrigo, como pintor e escultor, vai expor as duas coisas”, explica Cesar Coelho.

Com um trabalho que se aproxima do expressionismo contemporâneo, Cesar aborda situações características do cotidiano carioca, tão comuns, que costumam passar despercebidas aos olhos das pessoas, mas não aos do pintor. 

“Vou apresentar duas pinturas sobre os deslocamentos urbanos - que foram feitas a partir de viagens minhas dentro de ônibus, metrôs -, haverá duas sobre figuras de rua - inclusive famosas para algumas pessoas. Uma é um senhor que fica na frente do terminal rodoviário de Niterói cantando música gospel, e outra é um vendedor de guarda-chuvas que, certa vez, estava chovendo muito, tudo alagado, e ele vendendo. Aquilo me chamou muita atenção. Na mesma hora, fiz uma foto e desenvolvi o quadro a partir do registro”, adianta Cesar.

Também com uma mescla entre o expressionismo e a arte contemporânea, o pintor e escultor Rodrigo Pedrosa exibirá duas obras das duas últimas séries que vem trabalhando.

“Estarei expondo uma escultura da minha série chamada ‘Humanidades’, que fala sobre conflitos existenciais. E também duas pinturas de uma série que estou fazendo agora, chamada ‘Deslocamentos’, em que pego duas situações que estão acontecendo em lugares diferentes e junto em um díptico, criando uma terceira situação que acaba beirando o surrealismo, mas, na verdade, é um deslocamento de território. Com isso, procuro levar as pessoas a reflexões sobre a diversidade. O mundo está girando e às vezes olhamos apenas para o ‘nosso umbigo’”, reflete Pedrosa.

Representante do abstracionismo no quinteto, Rafael Vicente traz uma de suas pinturas com os traços peculiares de seu estilo estético, só que na forma de uma instalação de parede.

“Trarei uma pintura em grande formato, onde farei uma expansão dela pela parede com adesivos”, explica Rafael.

O espaço externo será sitiado com esculturas e instalações. Marcelo terá duas obras expostas que propõem enfatizar seu caráter totêmico.

“Trarei um arco sustentado por pedras, que as pessoas vão poder passar por debaixo, e uma instalação também com pedras que ficará na frente da galeria entre uma coluna e outra. Várias pedras de rio penduradas por cabos finíssimos, que olhando de longe são quase imperceptíveis. A ideia é refletir sobre essa coisa aparentemente fria, como a matéria, que na realidade carrega muita humanidade em si, e também criar um contraste a partir deste ambiente moderno, com algo mais orgânico, que são as pedras”, enfatiza Marcelo.

Conhecido por trabalhar com esculturas sob uma visão mais interna e perceptível, Osvaldo promete ao público uma obra em que corpo e matéria se transfiguram em delicada poesia.

O Reserva Cultural fica na Av. Visconde do Rio Branco, 880, São Domingos, Niterói. Sexta-feira (15), às 19h. Entrada franca. Classificação: livre. Telefone: 3604-1545.