Atletas se unem para fortalecer um legado e o futuro do esporte

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Um dos maiores legados que todo atleta busca deixar, além do seu nome marcado no esporte, é o de poder passar para gerações futuras aquilo que aprendeu, viveu e conquistou. Em Niterói, dois jogadores de futebol do Canto do Rio ainda estão em plenas atividades, mas já iniciaram o processo de ajuda aos atletas mais novos. Em São Gonçalo tem atleta que jogou com Ronaldo Fenômeno e abriu escola de futebol. Saindo do campo para areia, atletas de handbeach em Niterói utilizam seu tempo para trocar experiência com atletas mais novos. E saindo da areia para a água, no bodyboarding, a geração de aprendizado passa de pai para filho.

Trata-se do atacante Thiago Trindade – o homem gol do Cantusca e que vem se destacando na Série C do Estadual – e o seu companheiro de time Marcinho Pitbull, volante polivalente e que já foi campeão da Copa do Brasil com o Flamengo. Além de exercerem suas atividades, eles também exercem a função de auxiliares técnicos das categorias de base do Canto do Rio.

Thiago Trindade é auxiliar da categoria sub-12 do Cantusca. O jogador retornou da Finlândia no fim do ano passado, onde atuava pelo OPS. Além disso, o jogador já passou por importantes clubes como o São Gonçalo E.C e pelo Serra Macaense. Para o jogador, a oportunidade de poder passar seus conhecimentos a crianças e adolescentes é mais do que um sonho, mas a realização de ser parte da formação do caráter desses jovens.

Já Marcinho Pitbull, 31 anos, tem uma trajetória longa no futebol. Passou por clubes importantes como Flamengo, Figueirense, Vila Nova e Botafogo-DF. O atleta, uma das peças fundamentais do técnico Marquinhos Pereira na estrutura da equipe do Cantusca, é auxiliar técnico na equipe sub-12. 

Talento – Em São Gonçalo, ele já jogou nas categorias de base do São Cristóvão e foi parceiro de ninguém mais, ninguém menos que Ronaldo Fenômeno. Trata-se de Clayton Divina Nunes, ou Clayton Grilo, como é mais conhecido. Aos 40 anos, Clayton tem muita história para contar. Ao lado de Ronaldinho, venceu a Copa Mané Garrincha, em 1982. Na competição, o Fenômeno foi artilheiro e Clayton, o craque do campeonato. 

Por uma fatalidade, aos 29 anos e atuando pelo Gênus de Porto Velho, uma lesão no joelho o aposentou.

“Comecei a jogar à base de remédio e não fizeram nem um raio-x quando me machuquei. Eu permaneci jogando sem ganhar um centavo”, se recorda Grilo.

A paixão pelo futebol falou mais alto e por isso, em São Gonçalo, no Campo do Cruzeiro, no Porto Novo, Grilo resolveu montar o Centro de Oportunidades ao Talento (COT), com aulas de futebol todos os dias, da 7h às 11h. Além disso, o COT também realiza palestras e conta com ajuda de amigos para doações. O objetivo? Passar aos jogadores mais novos tudo o que aprendeu e viveu no campo.

“Atendemos a mais de 170 crianças e adolescentes neste projeto. Nós sustentamos esse projeto sozinho e, infelizmente, não temos ajuda alguma do poder público. Como diz o nosso slogan: ‘Quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol?’”, brinca o ex-jogador.

Bodyboard: aprendizado de pai para filho  

Que a Praia de Itacoatiara é o Templo do Surfe ninguém duvida. Mas o termo não surgiu hoje. Atletas de gerações passadas tem o privilégio de mostrar a importância do local para a geração mais nova, inclusive de pais para filhos. É o caso do bodyboarder Abel Torres e do filho Pedro Henrique, de apenas 7 anos. Para o atleta, a sensação desse aprendizado é única.

“Difícil descrever a sensação, melhor dizendo, a emoção de estar na água com meus filhos. O João Marcelo, de 10 anos, já fica sozinho, mas o mais novo, de 7 anos, entra pra surfar comigo, e ele se amarra. Ele quer falar com todo mundo e pede pra descer na maior onda sempre. Isso não tem preço! Aos poucos eu vou mostrando os caminhos do Bodyboard e deixo ele à vontade pra decidir se vai dar continuidade ou não, mas sempre que vamos juntos à praia, ele pede pra surfar, e eu adoro muito”, derreteu-se o atleta.

O benefício do esporte para a saúde também é passado para o pequeno: “Sempre vinculei o esporte à saúde, pois ele me faz manter o corpo e a mente saudáveis. Pensando nisso, desde cedo eu falo com meus filhos que o esporte, seja lá qual for, é uma ótima opção pra ter uma vida de boa qualidade, e o Bodyboard além de ter feito muito bem a mim, me proporcionou muitas alegrias e inúmeras vitórias. E qual pai que não quer ver o sucesso do filho naquilo que mais ama fazer. Então, pensando dessa forma, eu acho que eles terão uma ótima qualidade de vida agregando o esporte em suas vidas, e é um prazer enorme poder dividir e viver essa emoção ao lado deles, pois faz com que o elo entre pai e filho fique mais ligado, e o sucesso mais que garantido”, analisou.

Quem também ressaltou a importância da prática esportiva entre pais e filhos foi o bodyboarder Marcello Pedro.

“O esporte praticado em família traz benefícios intangíveis. Os que posso citar são aproximação, respeito mútuo, muita endorfina em família”, listou o atleta.

Realidade nas areias de Niterói

Se nos gramados e no mar o aprendizado é ensinado para futuros atletas, nas areias da cidade, a troca de experiências entre jogadores de handbeach já começam a surtir efeitos. Isso porque o Niterói Rugby já conta com uma verdadeira constelação de jogadores que servem à seleção carioca e brasileira, além de atletas das categorias infantis que já colecionam títulos e troféus de destaque.

Entre os atletas mais experientes estão Pedro Luiz Salvador Wirtzbiki - o Pedro Budega - goleiro da seleção e do Niterói Rugby. O niteroiense acredita que a interação entre jogadores mais antigos e novos acaba maturando mais os atletas que estão em desenvolvimento.

“O atleta mais experiente pode ajudar tanto em aspectos de jogo como em momentos de comportamento durante os treinamentos, dando tranquilidade aos mais novos nos momentos das partidas”, disse o atleta.

Uma das atletas de destaque da nova geração, tanto no handebol quanto no handbeach é Giulia Paes Leme, 14 anos. Além de títulos individuais, a atleta também integra a equipe do Niterói Rugby.

“Quando treinamos com os atletas mais experientes, a gente percebe que evolui muito mais rápido”, disse a jovem.