Clássico dos Milhões, Clássico das Almas

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Nenê, um dos destaques do Vasco, filma a torcida do Vasco

Foto: Divulgação / Vasco

É de uma raridade relevante dizer que um resultado de "clássico" foi justo, principalmente se tratando de futebol. Geralmente questionamos a boa vontade dos deuses do esporte que nos enganam durante 90 minutos e no fim mudam tudo por puro capricho. Cansamos de assistir roteiros tresloucados, heróis inesperados, principalmente em finais de campeonato. E acabamos nos acostumando com essa montanha russa de emoções. Junta tudo isso e deixa para conversar depois, porque na vitória do Vasco sobre o Flamengo, domingo, em São Januário, nada disso aconteceu. Eita, carioqueta! 

No já desprestigiado campeonato, sabotado por anos por seus próprios gestores, os "diferentões" fizeram questão de tentar esvaziar o clássico no estádio cruz-maltino alegando falta segurança e estrutura. Imagino que tenha sido um dia difícil para os profetas do apocalipse que previam mortes em massa, tal qual um atentado. Se arrasaram, tudo ocorreu na santa paz de São Judas Tadeu e Nossa Senhora da Vitória - até teve o que vou chamar de "incidente do banheiro". Calma lá, profetada, estádio não bate em ninguém, no máximo assusta. 

Quanto ao jogo, que não foi lá uma final de Liga dos Campeões, deu Vasco por um único e bom motivo: tem time. A rapaziada que ficou do ano passado já se conhece, se entende, aquele papo de entrosamento que se bate todo dia fingindo que é novidade. Jorginho deu tranquilidade, principalmente na saída de bola. Meio campo dominou as ações com Nenê e principalmente Andrezinho. Foi pra cima do Mengão e foi melhor, até agora não houve quem discordasse.

Jogadores agradecem o apoio da torcida do Flamengo

Foto: Divulgação / Flamengo

Flamengo inexplicavelmente se encolheu na defesa e apostava na bola parada. Eita, Muricy! Uma boa justificativa é que o time está em formação. Outra boa é que não foram com tanta sede ao pote. Muitos passes errados, certa de "fominhabilidade" Sheik, boa marcação do Vasco... qualidade o elenco rubro-negro tem de sobra, mas ainda falta acertar. Fato é que estranhamente não jogou, com exceção de Juan, fez o que pode até o fim. E deu no que deu. 

Elogiável mesmo foi a postura da rapaziada em campo, só bola e segue o jogo. Nem o juizão das bandas da Federação do Rio, que geralmente contribui para corneta nossa de cada dia, deu o ar da graça. Árbitro bom é aquele que marca o que não viu, só para garantir uma semana sadia de discussões supérfluas. Mas fiquem tranquilos, podem confiar na FERJ, ela jamais nos decepciona: semana que vem tem erro bom para debate, é certo.

Quando parecia que ia acabar no insosso 0 x 0, coisa que nunca ocorreu em São Januário: "Aos 45, bola na área do Flamengo, Rafael Vaz, que nem esperava, recebeu um presentão sem querer do Rodrigo. Não perdeu tempo, deu na cara dela e fez. Gol do Vasco. O zagueiro que tinha acabado de entrar faz 1 a 0. Alegria do povo na arquibancada cruz-maltina". Assim fere!

Rubro-negro sente na alma quando perde para o Vasco. Cruz-maltino vibra na alma quando vence o Flamengo. Por mais que muitos tentem negar, esse é o espírito. É Clássico dos milhões, Clássico das Almas. 

?E neste jogo não teve história de herói, nem enredo de filme romântico. Deu Vasco em São Januário simplesmente porque tinha que dar. É futebol.