Na crista da onda do SUP mundial

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Caio Vaz utiliza o quintal de casa como preparação para a disputa do ISA Games, que ocorrerá em Vuropor, na Dinamarca

Foto: Divulgação

Surfar na crista da onda é algo que literalmente faz parte da vida de Caio Vaz. O atleta carioca é especialista em grandes ondas no Stand UP Paddle e já conquistou o bi mundial da modalidade. Em busca do tri, ele se prepara para o ISA Games, espécia de Copa do Mundo do SUP, nas águas geladas de Vuropor, na Dinamarca. Para isso, ele demonstrou toda a sua habilidade fazendo o que mais gosta no quinta de casa: no começo de agosto surfou ondas de 3 metros na Baía de Guanabara, connhecidas como a Laje da Besta.

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Fluminense, Caio revelou como tem sido a preparação para o ISA Games.

“Na real essa preparação para o Isa não é imediata, isso já vem rolando há muito tempo. Toda sessão de surfe é focada no campeonato da Dinamarca, nos últimos meses estamos focando muito em treinos táticos, eu, meu irmão, o amigo nosso, o Bernardo Otero, o bezinho junto com o Cláudio Pastor que faz as minhas pranchas, nós estamos nos reunindo duas ou três vezes por semana para fazer só treinos táticos, a gente se junta para fazer como se fosse um campeonato com baterias de 15 a 20 minutos, nós vamos dando notas e julgando como se fosse um torneio mesmo, rolando marcação dentro d´agua e isso assim, rola o free surf que é um treino de aperfeiçoamento do surfe e o treino tático. Então, se colocar aí é surfe todo o dia na parte da manhã, não dá para falar quantas horas a gente faz, se tiver onda a gente está na água”, comentou, completando em seguida.

“Próximo a competição eu tento focar ao máximo no campeonato. Mas acaba que normalmente tem correria pra caramba para arrumar, viagem em cima da hora, sempre tem um monte de imprevisto. Por isso não gosto de deixar nada pra cima da hora, eu gosto de vir treinando a um tempo, quando vem chegando perto só dormindo melhor, me adaptando melhor. Eu gosto de chegar antes do campeonato, chegar  lá na praia, me adaptar ao fuso horário, as condições, a temperatura da água, Eu acho que essa climatização é o que faz a maior diferença pra mim: o local da prova”, detalhou.

O atleta carioca irá disputar duas modalidades no torneio, a SUP surf (surf com stand up paddle) e SUP race (corrida de remada). Ele revelou as dificuldades encontradas em cada prova e o desgaste apresentado por disputar duas modalidades na etapa dinamarquesa.

“Com certeza. Principalmente sendo o SUP Wave, que não é um campeonato como uma corrida que se larga e chega, são vários dias de bateria, acordando cedo e ficando muito desgastado na água e também na areia esperando também o torneio acontecer para você entrar na água de novo. É um lance que desgasta muito, são muitas horas de energias gastas na praia. Quanto ao SUP Race que é uma categoria de sprint, é uma categoria de largada e chegada, que você ali durante os 15, 20, 30 minutos você vai estar dando o seu máximo, remando muito forte. O SUP Wave é o que eu estou mais acostumado a fazer, é o que eu faço de melhor, é o Stand Up Surfe, o SUP Race eu costumo fazer mais de Cross Training, é um treino que eu costumo fazer para o SUP Wave, é importante eu estar em cima da prancha remando usando todos esses músculos, mas uma competição de SUP Race no nível internacional é difícil, os caras são muito feras, eles remam muito. Tem uma galera ali que só treina isso, diferente de mim que treino muito Wave. Minha prioridade é o Wave, eu estou fazendo ali por ser um campeonato de race nas ondas, então, tem onda, tem obstáculo, nessa parte eu me dou bem”, detalhou.


Caio nunca competiu em terras nórdicas e tira como experiência a disputa de etapas na França para tirar boa notas na Dinamarca.

“Não, eu nunca disputei na Dinamarca. É a primeira vez que estou indo pra lá. Já disputei os campeonatos do norte da Europa, no norte da França ali.Era bem frio, tinha muito vento, o mar chegou a ficar enorme nas 3 vezes em que eu fui para lá. Houve dois anos em que o mar chegou a ficar muito grande. É aquilo que eu falei, chegar antes, se acostumar com a temperatura local, se acostumar com a prancha naquela onda. Cada onda tem uma pressão diferente. É entrar em sintonia com o lugar e dar o melhor. Quando chegar a hora do campeonato é estar seguro, não ficar testando nada. É ficar bem seguro com o meu equipamento”, declarou.


Além da experiência de outros eventos mundiais, um local conhecido dos cariocas e niteroienses, ajudou Caio nesta preparação: a Baía de Guanabara. Lá, ele surfou a Laje da Besta, de até três metros de altura.

“Foi bom. Foi uma experiência única surfar lá na besta. Eu nunca tinha surfado nesta laje. Já tinha surfado na Baia da Guanabara em outros lugares, mas na besta em si eu nunca tinha surfado. E foi maneiro porque no dia anterior, dois amigos, o Marcelo Trekinho e o Vitor Gioranelli foram para lá e estava enorme, gigantesco. Quando eu vi as imagens eu fiquei com muita vontade de surfar, só que é uma onda muito rara, não só pelo tamanho que precisa para quebrar essa onda, mas também pela direção da ondulação, tem que ser uma direção muito especifica para entrar na Baía de Guanabara essas ondas. Isso é muito raro de acontecer aqui no Rio. Então quando passou esses dias que eles surfaram eu pensei: “ Pô, ferrou, só vou conseguir surfar essas ondas daqui a sete anos”.Estava bem chateado. Acabou que no dia seguinte, eu recebi uma mensagem de outros amigos dizendo que a onda ainda estava lá, está rolando. Eu não pensei duas vezes, falei com maior galera, e todo mundo se reuniu, saímos da Barra de Jet ski até a Baia de Guanabara, pegamos altas ondas, e voltamos de noite. O Jet Ski acabou a gasolina, foi uma missão assim... uma aventura que deu tudo certo. Todos unidos, todos se ajudando e acabou que deu tudo certo”, disse.


Por fim, ele declarou quais os seus objetivos para o fim da temporada.

“O meu objetivo é continuar treinando, evoluindo. Estar pronto para os campeonatos que estão vindo aí. O campeonato de Nova York, pelo o que eu estou achando, vai ser cancelado, não vai mais rolar, mas tem o campeonato das lhas Canárias que está vindo aí no final do ano. Fora isso, tenho vários projetos que estou fazendo de remada também, desafios pessoais, umas travessias, uns lances que me dão vontade, que me fazem sentir vivo. E é isso, quero concluir esses projetos e continuar competindo. Quero pegar umas ondas grandes também. Fazer o que me dá adrenalina e continuar nesse caminho”, encerrou.