O brilho no olhar voltou

O Flu na Folia
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Raissa Machado completa seis anos de reinado na vermelha e branca

Foto: Douglas Macedo

Um trecho do samba-enredo deste ano da Unidos do Viradouro, “o brilho no olhar voltou”, retrata bem o clima de euforia vivido pelos componentes da vermelho e branca. A escola de Niterói retorna ao Grupo Especial, e há quem diga que de lá ela nunca deveria ter saído. 

Vivendo esse clima de renovação, o presidente Marcelinho Calil apostou alto em contratações de renome no mercado. Mestre Ciça volta depois de 10 anos, ainda sentindo-se em casa. Segundo ele, hoje a escola dá atenção a cada detalhe, um diferencial para a busca do título. 

“Se a Viradouro de 10 anos atrás tivesse essa preocupação, com certeza a escola teria ganho muito mais títulos naquele tempo que passei lá. Porque esses detalhes é que decidem o carnaval. E hoje vejo que a escola tem potencial para o título”, declarou Ciça, que estará ao lado da rainha Raissa Machado, há seis anos se dedicando à Viradouro.

Outra contratação de peso é a do carnavalesco Paulo Barros, considerado hoje o mais caro do carnaval. Ele retorna à escola com um outro olhar, no auge da sua carreira. Em suas passagens anteriores pela agremiação de Niterói, Barros assinou os desfiles de 2007, quando fez história com o carro “Xadrez”, e em 2008.

Para 2019, o enredo lúdico “ViraViradouro” foi inspirado na própria escola, na capacidade de renascer das cinzas, como uma fênix. Nele, a inocência da infância será resgatada, através de um mundo de fantasias com histórias contadas por uma avó. A Viradouro quer trazer a reflexão de como perdemos, ao longo da vida, toda aquela pureza de criança.  

Considerando uma de suas melhores temporadas, Paulo Barros já concluiu os trabalhos no barracão, na Cidade do Samba. Segundo ele, isso é resultado de uma boa administração.  

“Vejo uma Viradouro diferente administrativamente. A escola hoje é dirigida de uma maneira muito tranquila, muito correta. Eles são extremamente cuidadosos. Eu sou um grande administrador do carnaval dentro da minha área. Tudo o que eu faço aqui dentro é administrado, tudo é pensado, calculado e minuciosamente visto”, detalha o carnavalesco. 

Aquele mito de que a escola que sobe da Série A para o Especial sempre cai não é uma verdade para Paulo Barros. O segredo, segundo ele, é encarar o trabalho de uma outra forma, como a própria diferença de infraestrutura exige. Assim, como ele mesmo diz, a Viradouro está pronta para ficar no lugar dela na elite do samba carioca.

“Geralmente, nas escolas do Acesso que sobem, os carros estão acabados, são peças de descarte. E, geralmente, as escolas que sobem não têm condições financeiras de colocar esses carros nos moldes do desfile de Especial. Acabam que vão adequando as coisas, fazendo uma maquiagem. Quando a gente veio para cá e eu vi os carros, já disse que aqueles não serviam. Esses carros não aguentam um desfile do Especial e, principalmente, um desfile meu. Então eles foram praticamente zerados, canibalizados até o final, e a gente remontou essa estrutura”, explica.  

Paulo Barros vê na Viradouro a grande chance do título e já finalizou os trabalhos no barracão

Foto: Douglas Macedo

Desfile - As seis alegorias da Viradouro prometem muitas surpresas, com o não poderia ser diferente num desfile assinado por Paulo Barros. Ele adiantou a O FLUMINENSE que um maquinário foi feito exclusivamente para o desfile da escola neste ano, que fará bruxas voarem na segunda alegoria, um castelo.  

Nesse enredo onde o lúdico reina, ViraViradouro é a palavra mágica. No primeiro setor aparecem os encantadores, que realizam desejos ou lançam maldições. Figuras como o gênio da lâmpada, fadas, o diabo e bruxas guiam o desfile.  

Os contos de fadas vêm no segundo setor. Personagens marcantes como A Bela e A Fera, Alice no País das Maravilhas e Cinderela prometem encantar a Sapucaí. Até que um feitiço é lançado... 

O terceiro setor retrata seres mitológicos, condenados pela ira divina. Um deles é o Rei Midas, que tudo o que toca vira ouro. Merlim é outro personagem que aparece no enredo. Uma das seis alegorias traz Medusa, numa floresta encantada. Uma enorme caveira chama a atenção na frente do carro, que lembra o navio dos Piratas do Caribe.  

Múmias, lobisomens e vampiros vão vagar pela Sapucaí. Mortos-vivos sairão de um cemitério. Até que os caçadores de monstros chegam. Um deles é o enigmático Motoqueiro Fantasma. 

O desfile é fechado com a fênix, o pássaro mitológico que simboliza a renovação, traduzindo o momento que a própria Viradouro vive.