Tigre homenageia Pitanga

O Flu na Folia
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Kamila Reis estreia como rainha da bateria Ritmo Feroz, da Porto da Pedra. No detalhe, o homenageado no desfile, Antônio Pitanga

Foto: Douglas Macedo

Desde 2016, com a volta de Jaime Cezário como carnavalesco, a Porto da Pedra assume o papel de trazer enredos populares, de fácil identificação, e que resgatam momentos e personagens da cultura nacional. Foi com essa proposta que o público vibrou com os enredos sobre o Palhaço Carequinha, as Marchinhas de Carnaval e as Rainhas do Rádio.  
Tendo como resposta a alegria e receptividade do público nas arquibancadas, o Tigre de São Gonçalo volta em 2019 com essa mesma ideia. Dessa vez, um dos atores mais significativos do Brasil foi o escolhido para a homenagem. O Tigre é a quarta escola a desfilar no sábado.

Antônio Pitanga, que saiu de Salvador para conquistar o título de primeiro protagonista negro em um filme, comemora seus 80 anos de vida, e 60 de carreira, passando pela Marquês de Sapucaí. O enredo “Antônio Pitanga, um negro em movimento”, como ele mesmo se intitula, retrata os primeiros passos do homenageado para as artes cênicas até a sua ascensão.  

“Ele (Pitanga) se empolgou muito com a ideia e me contou muita coisa. Tive que dizer: Pitanga, a gente só tem uma escola (risos)”, lembra Cezário.

Numa época em que o teatro e o cinema ainda eram marginalizados e não davam espaço para atores negros, no final da década de 30, Antônio Luiz Sampaio, seu nome de batismo, enfrentou barreiras.  

“O que mais me chamou a atenção foi a vitória dele. É a grande mensagem do enredo, de que nada é impossível. Um menino negro, nascido em Salvador. Foi um desafio alcançar o que ele alcançou. Ele abre as portas do cinema e das artes, em geral, para os atores negros. Isso me sensibiliza na história dele”, opina o carnavalesco. 

O desfile de Jaime Cezário passa por seu protagonismo no Cinema Novo, teatro da vanguarda paulista, as inesquecíveis novelas, além da sua militância política. O carro abre-alas traz o símbolo da escola, o tigre, imerso na cultura baiana. 

“O carro é uma igreja, mas com filho de santo, os filhos de Gandhi, anjinhos negros, tudo aquilo que não vemos na igreja católica. Vai mostrar a educação, o batismo, o primeiro ofício dele”, conta Jaime.  

O segundo carro alegórico é o Quilombo do Pitanga, fazendo relação com um dos seus filmes mais famosos. 

A terceira alegoria vem no estilo power flower, o momento hippie, com máscaras de teatro e nomes de muitos palcos nos quais o artista já pisou.  

O quarto e último carro mostra como o Rio de Janeiro se tornou a segunda casa de Pitanga. 

Aliado ao enredo, os nomes que levam a Porto da Pedra para a Passarela do Samba estão em ritmo de preparação intensa para este ano. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rodrigo França e Cintya Santos, ensaiam pesado para garantir seus 40 pontos.

Na bateria, mestre Pablo comanda os ritmistas. A novidade é a rainha: Kamilla Reis, que chegou neste carnaval para reforçar o time e mostra que nem só de beleza vive uma majestade, mas de muito samba no pé e amor pela vermelho e branca.