Madrugada de terror na delegacia

Polícia
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Andrei, de 23 anos, é estudante de Artes da UFF, e teve o celular roubado quando voltava de ônibus de uma festa

Foto: Reprodução

O estudante de Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF) Andrei Apolonio dos Santos, de 23 anos, acusa policiais da 81ª DP (Itaipu) de tê-lo agredido na delegacia, na madrugada de quinta-feira (13). De acordo com o estudante, ele teria ido à distrital para fazer um registro de ocorrência após perder o seu telefone celular dentro de um ônibus quando estava a caminho de casa, na Região Oceânica. Mas, segundo ele, os policiais não gostaram de terem sido acordados no meio da madrugada. Ele contou que perdeu três dentes, ficou com o rosto desfigurado e está com o pescoço cheio de hematomas por conta de um enforcamento. 

O estudante relatou que após as agressões, os policiais civis ligaram para a Polícia Militar, que esteve na delegacia para buscá-lo e levá-lo à Unidade de Urgência Mário Monteiro, em Piratininga. Ele contou que dentro da unidade hospitalar se sentia intimidado pelos militares e com medo desistiu do atendimento. 

Andrei contou então que buscou abrigo na UFF, e que permaneceu lá até a chegada dos seguranças, que o orientaram a procurar pelos advogados da instituição.

“Eu estava a caminho de casa após comemorar com os amigos o final do período na faculdade. No trajeto, acabei dormindo no ônibus e passei do ponto. Quando me dei conta, estava sem o telefone celular. Como estava perto da delegacia, fui tentar fazer o registro de ocorrência. Bati por alguns minutos na porta da delegacia até que um policial foi até a entrada e abriu a porta para perguntar o que havia acontecido”, contou o estudante a uma emissora de TV.
Segundo ele, os policiais já agiram com bastante truculência por ele ser homossexual e ter ido durante a madrugada fazer um boletim de ocorrência.

“Após ser ofendido pela minha orientação sexual e de sofrer algumas agressões, os policiais me levaram para dentro da delegacia e começaram a mexer nas minhas coisas. Insinuavam que estava bêbado e que poderia ter usado drogas. Eu tinha bebido porque estava em uma festa, no entanto, não estava bêbado. Me sentindo intimidado e com medo, fui embora. Os policiais foram atrás de mim e no pátio da delegacia me jogaram no chão e começaram a me agredir. Me levaram à força para dentro, onde as agressões continuaram”, acrescentou.

O estudante disse ainda que após ficar quase uma hora e meia sendo torturado psicologicamente e fisicamente, um dos agressores ligou para alguém dizendo que havia batido em alguém para contê-lo, e foi instruído a chamar a PM para levá-lo ao hospital por conta dos machucados. 

Depois de buscar ajuda no setor de advocacia da UFF, o caso foi registrado na Corregedoria Geral Unificada da Polícia Civil. Ele passou por exames de corpo de delito no Instituto Medico Legal (IML), e ainda passará por exames dentários para avaliar os machucados. A Organização Não-Governamental Rio Contra Homofobia está sendo acionada e os advogados de lá que são especializados neste tipo de crime, devem assumir o caso.

De acordo com a 81ª DP, o jovem chegou embriagado na delegacia querendo fazer um registro de ocorrência e fora de si, tentou sair correndo de dentro da delegacia, porém chegando na rua, caiu e se machucou. A Polícia Civil disse que está investigando o caso e vai fazer o reconhecimento dos policiais na segunda-feira.