Caminho da luz

Ian Mecler acaba de lançar um guia de orações, práticas e rituais. “Cabala, meditação e cura

Foto: Divulgação

Um dos mais conhecidos mestres de cabala e a maior autoridade brasileira no assunto, Ian Mecler acaba de lançar um guia de orações, práticas e rituais. “Cabala, meditação e cura” é o oitavo livro do autor, que já vendeu mais de 170 mil exemplares. Construída após doze anos de práticas e aprimoramentos sucessivos, a publicação é um guia composto por ferramentas cabalísticas que ajudam a abrir um canal receptor de cura. Na obra, Mecler, fundador do Portal da Cabala, ensina como criar uma atmosfera favorável para o despertar espiritual.

O que te motivou a falar de cura nesse momento?
Esse é um momento muito complicado no mundo. Por um lado, nunca se desenvolveu e se progrediu tanto, nem em um milhão de anos a gente avançou o que avançou nos últimos duzentos. Expectativa de vida, viajar pelo mundo, conhecer o universo, entre outras coisas. Com um único celular a gente acessa informação do mundo inteiro, o que certamente vai ajudar muito o progresso humano. Mas, por outro lado, ninguém está conseguindo se situar, o tempo todo tem uma demanda para fazer, responder, falar, um problema bastante complicado. Nesse sentido, acredito ser muito positivo ter um livro de cura com meditações, orações e salmos, para nos centrarmos e entramos em contato com o que é mais profundo na gente, buscar entender o que está além dessa vida e principalmente praticar a meditação. 

Afinal, o que é a Cabala?
A cabala é um caminho espiritual de quase 5 mil anos. Um sistema para o ser humano reconectar o sagrado à sua própria existência. Por exemplo: sabemos que as pessoas precisam de metas, assim, para ser engenheiro, estuda-se cinco anos, para ser médico, seis ou mais. No entanto, para viver com mais alegria e consciência, a gente não costuma ter nenhum tipo de preparação. E tem alguma coisa mais importante que ser feliz e viver com paz? A cabala envolve estudos e práticas, entre muitas outras coisas, nessa direção. É uma bússola para seguir as nossas melhores inclinações nessa vida.

Por que uma sabedoria judaica pode ser acessada por qualquer pessoa?
Porque, na verdade, antecede o judaísmo. A cabala vem antes de Moisés e Abrahão, dada por mestres incríveis que deixaram essa sabedoria para a gente. Sábios que começaram a falar do monoteísmo, do Deus único, em um momento em que essa ideia era tão plural, havia Deus de todos os tipos e por todos os lados. O judaísmo se formou muito tempo depois e o cristianismo em seguida. Por isso, para estudar cabala, uma pessoa só precisa ter um bom coração e sede de conhecimento pela mudança e pela transformação.  

No livro anterior, ‘A dieta da Cabala’, você falou sobre alimentação e agora fala de meditações e orações. A espiritualidade precisa envolver muitas práticas diferentes?
Precisa sim. Uma coisa é ir à igreja, sinagoga, mesquita, e outra é usar somente palavras e atitudes boas, compartilhar, ajudar o próximo, manter a paz em casa, na família, etc. Esse é um processo muito difícil, ainda mais sob a pressão do dia a dia. A gente precisa comer bem, meditar bem e estudar. A cabala é um sistema complexo que envolve todos esses detalhes, mas ninguém é obrigado a cumprir nada, na verdade, a gente vai escolhendo conforme se sente bem praticando. Pelo menos é assim que eu oriento os meus alunos. Dessa forma, a pessoa vai se remodelando, aprendendo a ser livre para escolher, mas sempre à custa de muito trabalho. 

No fim dos anos 90, a Cabala ficou comentada em todo o mundo por conta da adesão de artistas pop como Madonna. Essa exposição foi positiva?
Foi positiva sim, afinal, essas personalidades fazem diferença no mundo, as pessoas ficam sabendo da existência de muitas coisas através delas. Tive muitos alunos que não sabiam o que era a cabala, mas ouviram que a Madonna, Demi Moore, entre outros, praticavam e aquilo chamou a atenção deles, que, depois, acabaram ficando muito felizes com o estudo independentemente de ter sido uma influência de um artista. Acredito que foi muito positivo. Mas, independente disso, a procura pelos ensinamentos na minha escola é cada dia maior. Me lembro que, quando fundei o Portal da Cabala há cinco anos, as pessoas diziam que era uma moda que logo seria esquecida. Hoje, mesmo com toda essa crise que a gente passa, estou com turmas cada vez mais cheias, justamente porque as pessoas estão precisando.  

Para quem lê ou busca informações na internet, a Cabala é um assunto que varia muito, dependendo de onde se busca informação. Por que isso acontece?
As abordagens são muito diferentes. Tudo o que existe tem essas diferenças. O catolicismo, por exemplo, agora tem um papa totalmente diferente do anterior; mesmo cristãos, os evangélicos são totalmente diferentes dos católicos; no judaísmo, existe uma vertente ortodoxa e outra liberal. Na cabala, não é diferente. A que eu fundei, Portal da Cabala, por exemplo, é inteiramente prática. Todos os dias, motivo os alunos a orar, meditar, fazer ações de filantropia, e tudo sempre com muita simplicidade. A erudição não muda ninguém. O erudito demais mexe com o lado esquerdo do cérebro, mas não mexe o direito. Esse desequilíbrio muitas vezes é pior do que não mexer em nenhum dos lados. Então, a gente tem que estudar um pouco e praticar um pouco de tudo aquilo que aprende, na mesma medida de preferência.

Que contribuição a Cabala pode dar nesse momento crítico do Brasil e do mundo?
Muitas. Nossa escola pratica filantropia com várias entidades no Rio e em São Paulo, que beneficiam crianças, idosos e deficientes. Isso já faz muita diferença. Sem contar que essas pessoas são orientadas a falar sempre palavras positivas, focar no que é bom e, principalmente, meditar, que é uma prática purificadora e talvez a prática mais importante que existe no mundo hoje. Com tanta internet e celulares cheios de informação, a gente precisa muito mais da meditação. Caminhos genuínos espirituais são muito importantes nesse mundo, pois, se a gente se centrar só nos problemas que estão à nossa volta, a gente caminha para uma depressão. A cabala ajuda na reconexão do homem com o sagrado fora e dentro dele mesmo.

Para quem quer conhecer mais a Cabala, por onde começar?
Eu sou suspeito de falar. Sou autor e estou publicando meu oitavo livro sobre o assunto. É interessante ler livros, recomendo dois meus chamados “O poder de realização da cabala” e “A cabala e a arte de ser feliz”. São livros introdutórios que ajudam muito. Além disso, também há muitos sites, vídeos no YouTube. No meu site “Portal da Cabala” tem muitos cursos gratuitos, enfim, tem muita coisa para aprender. O ideal é ir lendo, praticando e conhecendo, mas principalmente praticando. Insisto nisso. Se a pessoa só estudar e não se aprofundar na prática, nem que seja um pouquinho, isso acaba não valendo nada. Meditação, oração, caridade, estudo, tudo isso faz diferença.

Você se sente confortável como um dos maiores representantes da Cabala no Brasil?
Me sinto sim, tenho muito alunos presenciais e on-line que sempre me procuram nas horas que mais precisam, não vou dizer que é um trabalho fácil, exige muita responsabilidade. Mas me sinto feliz, porque ajudar tanta gente a viver melhor é muito bom. Todos os seres humanos de coração bom adoram fazer o bem e se sentirem úteis.