Desde cedo

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Hamanda Garcia levou o filho Bento, de 2 anos e 6 meses, à exposição “Mambembe”, em cartaz no Museu Janete Costa, no Ingá

Foto: Lucas Benevides
 

A psicologia explica que as memórias construídas durante a infância influenciam no desenvolvimento da criança, em seu processo de aprendizagem e a moldam na vida adulta. Neste cenário, alguns pais asseguram-se de que seus filhos construam memórias enriquecedoras - e culturais - levando-os ao teatro, cinema e exposições desde cedo.   

“A criança vai aprendendo e absorvendo do mundo aquilo que ela vive a partir de uma relação prazerosa. Nessa idade, quando tudo é muito sensorial, cria-se uma memória afetiva e corporal - no teatro, com uma música -, e são essas memórias que produzem a estrutura psicológica e emocional de cada um”, explica Flávia Dias, psicóloga e psicoterapeuta corporal de crianças e adolescentes.

Os pequenos Pedro e Miguel, gêmeos de 2 anos e 3 meses, acompanham a mãe em programas culturais desde os primeiros meses de vida, quando iam ao Cinematerna, sessões de cinema voltadas às mães, promovidas pelo Plaza Shopping Niterói. 

“Eles dormiam a sessão toda, mas, quando cresceram, assistimos ‘Carros 3’, da Disney. Eles não piscaram um segundo de tão concentrados”, conta a mãe, a fotógrafa Patrícia Moreira Melo Thomaz, de 34 anos. 

Patrícia também levou os pequenos para ao “Show da Luna” e “Beatles para bebês”, no Teatro Bradesco, ambiente onde os dois se divertem muito e participam cantando e batendo palma. O entusiasmo é tanto que, quando chegam em casa, contam tudo o que viram para o pai – na língua deles, claro. A fotógrafa e o marido também levaram os gêmeos para Buenos Aires, onde fizeram um roteiro cultural interessante e visitaram diversos museus. 

“É uma fase em que a criança aprende muito e absorve tudo muito rápido. Meus pais sempre me levavam para teatros e passeios culturais, é uma memória muito boa que tenho da minha infância. Acho que a gente não pode ter medo de fazer esses programas com nossos filhos. O quanto antes melhor! Assim, eles se familiarizam e isso se torna um hábito. Os meninos aproveitam muito!”, avalia. 

Os pequenos Pedro e Miguel, gêmeos de 2 anos e 3 meses, acompanham a mãe, Flávia Dias, em programas culturais como o Cinematerna

Foto: Lucas Benevides

Pedro e Miguel não são exceção. Bento, de 2 anos e 6 meses, filho da enfermeira e idealizadora do “Dica de Mãe” Hamanda Garcia da Silva Blackman, tem uma extensa lista de programas culturais para sua pouca idade: peças de teatro, cinema, a Bienal do Livro, “Shell Open Air” e até exposições. “Mambembe”, dos artistas Fábio Francino e Silas Vilela, que aborda o universo dos palhaços, do circo e dos artistas saltimbancos, encantou o menino, que ficou entretido com cada detalhe da mostra.

“Ele adorou e registrou a experiência na memória. A primeira vez no cinema também foi muito importante. Agora, ele já consegue assistir ao filme todo e percebo que ele gosta muito de ir. Outra vez, o levei no ‘Carnaval do Bita’, no Circo Voador. Não foi nada forçado! Eu levo, ofereço, se ele achar que pode embarcar nessa viagem, ele embarca, se ele achar chato, vamos embora para casa”, revela Hamanda.

Quando se tornou mãe do Bento, Hamanda, que já fez teatro e sempre se interessou por cultura de forma geral, sentiu a necessidade de apresentar ao filho opções de entretenimento cultural, muito estimulada pelo seu blog, que acabou lhe abrindo portas para este universo. 

“A princípio, dava dicas de saúde, mas fui migrando para outros temas, como passeios. Então, as pessoas começaram a se interessar e comecei a receber convites para peças, filmes, viagens e exposições. Nesse cenário, achei muito importante oferecê-los ao Bento, pois, além de ficarem como memória, servem de aprendizado”, explica. 

Os benefícios de apresentar às crianças o universo cultural desde cedo foram comprovados pelas mães, que, no entanto, percebem um receio por parte de alguns pais, que acreditam que o filho não irá se adaptar à dinâmica de uma exposição de arte, por exemplo, perante a uma sociedade tão multimídia na qual vieram ao mundo. 

“No início, achei que o meu filho teria muita dificuldade para se concentrar, mas, se eu não tentasse, não saberia se ele iria conseguir se adaptar ou não. Os pais têm que estimular, têm que tentar. Se você não permite que a criança vivencie aquela experiência cultural, não vai saber do que ela gosta mais. Hoje, existe uma tendência muito forte às redes sociais, celulares - à internet. Eu acho importante a criança conhecer o mundo a que pertence, mas dou muito valor às atividades que abordam temas como folclore, música e natureza. Isso é que vai ajudar a construir a parte cultural dela”, pontua Hamanda.