Ela sonha, ela faz

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Quando criança, Patrícia Brazil, já negociava desconto com vendedor de balas na porta da escola

Foto: Lucas Benevides

A visão empreendedora da publicitária Patrícia Brazil, 26 anos, aflorou cedo. “Quando criança, já negociava desconto com o vendedor de balas na porta da escola”, conta a niteroiense. Em 2008, com apenas 19 anos e cursando Publicidade e Propaganda, ela criou a Eco Souvenirs, marca que originou a Holic, e-commerce de bolsas e acessórios que comandou até janeiro deste ano. Agora, ela se dedica ao Grupo IT Brazil, empresa de marketing digital também criada por ela em 2013.  “Acho que todo dia é um desafio, porque empreender não tem manual de instrução”, afirma. 

 De onde surgiu esse seu espírito empreendedor?  
Acho que você nasce empreendedor. Comigo pelo menos foi assim. Quando criança já negociava desconto com o vendedor de balas na porta da escola e fazia isso porque o convencia que eu era uma cliente preferencial, já que comprava sempre com ele.  Acho que pequenas atitudes como esta já davam sinais de que eu sempre fui boa vendedora e tinha poder de persuasão, algumas qualidades que todo empreendedor tem. 

 
 

Quando e como surgiu a ideia da criação das duas empresas? 
Tudo aconteceu em 2008, após terminar um curso de empreendedorismo para negócios de moda. Na época, eu estava cursando publicidade e propaganda e, no mesmo ano, lancei a minha primeira marca de bolsas e acessórios, que fundei e estive à frente até janeiro deste ano, quando vendi a empresa. Já o Grupo IT Brazil surgiu no fim de 2013, a partir de uma oportunidade que identifiquei no mercado de marketing digital.  

Como foi administrar duas empresas sendo tão jovem?  
Acho que todo dia é um desafio porque empreender não tem manual de instrução. Ainda mais no meu caso, que não venho de família com histórico empreendedor e muito menos do ramo da moda. Errar faz parte, mas a evolução é que tem que ser rotina. 

Por que você decidiu vender a primeira empresa que criou?  
Comecei no mercado da moda sem saber muito bem como era o dia a dia deste segmento e fui aprendendo pouco a pouco. Tudo valeu muito a pena. Mas sabia que por maior que fosse a empresa, o cotidiano seria o mesmo, lidar com fornecedores, atender os clientes, criar novas coleções junto com a equipe de estilo... era sempre o mesmo ciclo e isso me deixava inquieta. Hoje, o que me dá mais vontade de levantar da cama todos os dias é que no Grupo trabalhamos com projetos que têm início, meio e fim. Todo dia é um desafio novo, nunca um projeto é igual ao outro. E esse desafio diário me move de uma forma muito prazerosa! 

Como é sua rotina? 
Nos últimos seis meses que antecederam o #Yolovegas, websérie que acabamos de gravar em Las Vegas, não vou negar que faltou tempo para ficar com os amigos, família e namorado... Mas costumo acordar às 6h30min, sem despertador, e às 8 horas já estou no escritório. O meu dia só acaba quando a lista de tarefas está toda riscada. 

Qual o conselho você pode dar para os jovens que também desejam se tornar empreendedores? 
Tem uma frase do Walt Disney que repito sempre: “Se você pode sonhar, você pode fazer”. E empreender é isso! 

 
Você se considera uma workaholic? 
Sem dúvida! Trabalhei no mínimo 12 horas por dia nos últimos anos e vou tirar minhas primeiras férias em breve. Acho que ser workaholic é premissa básica para ser empreendedor. Porque na verdade, quando você trabalha no que você acredita, você trabalha quase que 24 horas porque você vive o seu trabalho. Tudo te inspira, as ideias surgem nos momentos mais inesperados e você acaba acordando no meio da noite para anotar um insight, por exemplo. 

 

Você se inspira em algum profissional ou case?  
Em vários! Adoro ler os cases de empresas que são sucesso e como tudo aconteceu, a história de seus empreendedores e até mesmo empresas que fracassaram. Acho que todo conhecimento é válido e inspirador. Hoje, admiro e acompanho de perto o trabalho da Sophia Amoruso, fundadora do e-commerce Nasty Gal, considerado pelo The New York Times uma das empresas com crescimento mais rápido no setor de varejo de moda no mundo. Acho que o livro dela, “#girlsboss” é uma ótima leitura para quem quer empreender. Adoro também como a Ivanka Trump está à frente de vários negócios de sua família, além de administrar diversos produtos licenciados com seu nome. E aqui no Brasil, sou apaixonada pela história de vida do Flávio Augusto, fundador da Wise Up e um fenômeno no meio dos negócios. 

Você considera o Brasil um país bom para se empreender? 
Com certeza! Aqui, diferente de outros países mais desenvolvidos tem muito o que ser feito, e isso é um mar de oportunidades. Mãos à obra! 

No universo de empreendora você já passou por algumas situações inesperadas? pode nos contar alguma delas?  
Acho que sufocos sempre passei e passo até hoje (risos). Mas passei alguns perrengues históricos na época da minha primeira empresa. Não esqueço que cheguei a dormir na fábrica de um fornecedor, na Região Serrana, porque fiquei presa lá durante dois dias na tragédia das chuvas em 2011. Outro caso tenso foi quando me perdi dentro de uma favela no caminho para uma fábrica e saí de lá, literalmente, escoltada pelos traficantes. Parei numa esquina, pedi ajuda e eles me deram cinco minutos para desaparecer dali. Minhas pernas tremiam tanto que achei que não fosse conseguir dirigir. Mas no final sempre dá certo, não é?  

 
Como você se vê no futuro? 
Trabalhando tanto ou mais quanto hoje, aprendendo cada vez mais e dividindo minha experiência de vida...