Expovinis 2016

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Maicol é um vinhateiro de mãos marcadas. Em seu colo está o produto da vinícola que carrega seu sobrenome, Zanella

Foto: Colaboração/Romeu Valadares

Todos os anos são três dias de imersão e este ano não foi diferente. A crise? Ela não pode desmotivar o apoio à mais importante feira de vinhos da América Latina.

Se o público comparece e a mídia, que tem o dever de informar, está lá, as empresas que apostam na participação fecham o círculo e dão saúde cardíaca a esse negócio que é o vinho, fazendo-o pulsar e correr por suas veias.

Sim, há álcool no vinho, mas ele não é só birita. Há a terra e sua gente que a lavra! Piegas? Talvez, mas aponte um amor de verdade que não escorregue na pieguice de vez em quando.

Quer distinguir um vinhateiro de um produtor de uma outra bebida? Olhe para as mãos. Numa feira de vinhos, ao perguntar a um francês se ele seria o enólogo da vinícola, ele me respondeu mostrando as mãos com voz e expressão enfáticas: “Não, eu sou o vinhateiro! ”.

Conduzir o fruto do ventre da natureza até a garrafa de um bom vinho é tarefa.

Na Expovinis, encontrei novas vinícolas e jovens decididos a trabalhar sob a égide dessa mãe poderosa e temperamental, coisa para fortes! Como se não bastasse enfrentar as intempéries, o vinho é tratado de uma maneira no mínimo equivocada por nossos governantes, cobrem-no de impostos como se de fumo tratasse, ou, quem sabe, já que devem consumir vinhos raros e caríssimos, acreditam ter nas mãos um rubi para pôr em seus turbantes de ex-futuros sheiks em ganâncias de pré-sal.

Vejamos: o consumo per capita de vinho feito com uvas viníferas no Brasil mal chega a 2 míseros litros por ano! Realmente vamos desenvolver muito esse país com o dinheiro arrecadado de uma atividade agrícola que envolve 20 mil famílias, mais ou menos a população da favela da Rocinha, no Rio.

Alinhar o pensamento com o mundo civilizado, colocando o vinho no patamar de alimento e apoiar a cultura que ele gera, ligando as famílias à terra, atraindo para o turismo, com história e gastronomia, isso sim, com certeza trará desenvolvimento para as regiões produtoras, turismo interno, queda no preço do produto, aumento de consumo e, claro, o tão amado $$ da arrecadação nos cofres públicos.

Lamentavelmente, muitas vinícolas familiares vêm desaparecendo e outras tantas deixaram de mostrar seus vinhos na Expovinis. Não existe milagre, a única chance desse setor é dar ao produtor incentivo para que ele possa colocar no mercado bons vinhos por menores preços. 

ACHADOS E PREFERIDOS 

Esse é o Maicol, vinhateiro de mãos marcadas. Em seu colo está o produto da vinícola que carrega seu sobrenome, Zanella.

O espumante Surrender Brut faz com suas próprias uvas e coragem para experimentar: tem chardonay, complementado com merlot e cabernet sauvignon vinificadas em branco (blanc de noir).

O resultado é um com um volume de boca especial dado pelas uvas tintas. No bom site da Zanella, ficha completíssima e venda por R$38. E viva o vinho!