Hora de brilhar

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Sergio Magalhães (76) é modelo maduro há cerca de 10 anos

Foto: Divulgação

Carolina Ribeiro

Quem pensa que a terceira idade é obrigatoriamente a época de sossegar precisa rever seus conceitos com urgência. Para muitos, este é o momento de brilhar. Ser modelo, andar na passarela ou ser capa de revista pode, sim, acabar acontecendo, além de ser uma forma de se ter novas experiências e, também, uma fonte de renda.

Carmen Dell’Orefice, de 85 anos, é a modelo com maior tempo de carreira no mundo, com mais de 70 anos de experiência e continua ativa. A modelo tem em seu currículo campanhas para marcas de renome como Dior, Gucci e Rolex e um de seus pontos altos são seus cabelos grisalhos, que chamam atenção por onde passam.

A booker Louise Ribeiro, da Agência Cintra, explica que seu trabalho é intermediar o contato entre o modelo e o cliente, ajudando em todas as etapas.

“Mandamos nosso casting (lista de pessoas disponíveis para o serviço) para o cliente e, se ele aceitar, finalizamos o trabalho. O mercado atua com a terceira idade em todos os segmentos, com foto e vídeo, de automóveis, bancos, mercados, shoppings, entre outros. Tudo depende do perfil que o cliente quer para o produto. Hoje a procura está muito equilibrada entre homens e mulheres”, relata a especialista.

O caminho para o idoso virar modelo é procurar a agência, fazer o book e esperar ser chamado.

O produtor e professor de curso de modelo Eduardo Araúju começou sua história com a terceira idade quando percebeu que as mães de suas alunas eram mais entusiasmadas que as jovens e que tinham guardado com elas o sonho de ser manequim, modelo ou mesmo atriz.

“Elas viam o sonho delas se realizando através das filhas. Então, resolvi criar para o Brasil o primeiro Curso de Modelos para Maturidade, em 1991, e estamos até hoje formando modelos maduras”, relata o produtor.

Inspirado no filme “Garotas do Calendário” (2003), que conta a história de duas amigas que fizeram um calendário de um grupo de senhoras para arrecadar dinheiro para o instituto em que viviam, Eduardo resolveu montar o seu próprio calendário, com a ‘cara’ do Rio de Janeiro. O projeto ‘Senhoras do Calendário’ deu certo e já completa 11 anos.

Carmem Dell’Orefice, de 85 anos, é a modelo madura mais bem-sucedida, com trabalhos para Dior, Gucci e Rolex

Foto: Divulgação

“Precisamos ter oportunidade na vida e é isso que eu faço: dou chance a quem sempre sonhou pisar numa passarela ou fazer um editorial de moda.

Essa oportunidade induz a felicidade desse público e também cria para o mercado um nicho de mulheres que estão aptas a desfilar com técnica e profissionalismo” aponta Eduardo, que completa que os temas para as fotos do calendário são pensados em equipe. “Nos reunimos em janeiro e decidimos. 

?Esse ano, voltamos às brincadeiras de criança, que já estão tão esquecidas pela modernidade. Na edição do ano passado, as modelos tiraram a roupa e o resultado foi ótimo. Foi o ensaio mais comentado de todos”, comemora.

A esteticista Maria do Amparo Iris Carreira, de 65 anos, começou a fazer um curso de modelo da maturidade há quatro anos, por indicação de uma amiga.

“Sempre foi um sonho. Quando mais nova, eu via as modelos em revistas e jornais e também queria fazer parte daquilo, mas nem sabia onde procurar. Agora, tenho a oportunidade de fazer. Não tem idade para realizar um sonho”, desabafa Maria do Amparo, que conta que aprendeu a melhorar a postura, o posicionamento e as técnicas de desfile.

A modelo diz, ainda, que não iniciou o curso pensando em trabalho, mas em aprender coisas novas, se distrair e ter mais experiências. Desde que começou, já desfilou para estilistas, em exposições de noivas, com roupas de madrinha e em asilos para idosos.

“Agora fomos convidadas por uma faculdade de moda para sermos modelos de suas criações. Muita gente acha que nós, da terceira idade, não fazemos nada, mas isso não é verdade, ainda quero fazer muitos desfiles”, revela Maria.

O professor de Educação Física e taekwondo Sergio Magalhães, 76, começou sua carreira como ator, mas, há aproximadamente 10 anos, se aventurou na experiência de modelo.

“Vi um anúncio de curso de modelo e manequim e achei interessante. Fiz desfiles para a Cruz Vermelha, Clube Naval e muitos outros, além de fotos, comerciais e também participações em minisséries e novelas. Foi uma época ótima, em que fiz muitos amigos. Adorava os aplausos e elogios”, conta Sérgio, que ganhou dois troféus como modelo.