A magia da cor

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A cor inspira combinações felizes com vinhos

Foto: Colaboração Romeu Valadares

As cores representam importante papel na formação mais ancestral dos nossos hábitos alimentares. Assim como funcionam até hoje, as cores na natureza visam atrair agentes polinizadores e revelam, com algumas perigosas exceções, qualidades adequadas para alimentação de todas as espécies. Para além do impacto visual e a atração que o vermelho e o amarelo exercem, a ciência moderna demonstra qualidades nutricionais que variam em relação às cores dos alimentos, daí os conselhos de nutricionistas para que se somem as cores numa refeição. Longe de mim discordar dos cientistas, pelo contrário, assino embaixo e vou além! A cor inspira combinações felizes com vinhos! O que dizer do rubi vibrante de um chianti e o ponto malpassado de um belo steak? E a escuridão de um porto vintage, um quase negro que abraça o chocolate de boa porcentagem em intimidade visível? “Coincidências” como essas surgem, provocadas ou espontâneas e trazem sempre uma alegria especial, uma certeza que os olhos anunciam mesmo antes da primeira garfada. Assim foi e é a história de um vinho rosé, da uva pinot noir da Bodegas Garzon e a massa italiana tagliolina al limone feita com caldo de camarão e lagostim.

A PASTA AL LIMONE

Preparo:

Sou fã dessa massa italiana Tagliolina (Supermercados Zona Sul) feita com limão-siciliano e “trafilata in bronzo”. A“trafila” é uma roda de metal que dá formato às massas, pode ser de teflon, que produz mais rápido, massas de superfície lisa ou as feitas com trafila de bronze (bronzo), que exigem mais tempo para serem produzidas e resultam em massas com a superfície porosa, que absorve bem melhor os molhos. Quando a massa estiver um ponto acima do “al dente”, ou seja, ainda um pouco dura, passar para uma frigideira com caldo de lagostins para finalizar o cozimento secando o caldo, que vai sendo absorvido pela massa. Os lagostins são rapidamente cozidos no caldo feito com suas cascas e adicionados no final com tomilho fresco e um toque muito sutil de queijo parmigiano reggiano (o verdadeiro parmesão). O rosé da Garzon, na linguagem do vinho, tem cor de casca de cebola, eu digo que tem cor de casca de lagostim! As cores dos vinhos rosé, às vezes, parecem embaladas por coleções fashion, agora parece que todos vão na direção da Provence francesa, onde a característica do rosé é uma certa palidez na cor. Esse vinho da Garzon não imita nada, tem a personalidade que os terrenos uruguaios da vinícola transmitem, com tonalidade, fruta (os tradicionais morango e cereja) e a presença dos ventos do oceano Atlântico, distante, poucos 18km das videiras. Uma nota salina sorriu para o lagostim que respondeu em bom espanhol: bienvenido hermano!