Marmiteiros assumidos

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Após descobrir que estava pré-diabética, Bárbara Harumy decidiu adotar o hábito de fazer suas marmitas diariamente

Foto: Lucas Benevides

Em tempos de crise econômica, comer fora de casa é um luxo. Segundo uma pesquisa do Datafolha encomendada pela Associação de Empresas de Refeição e Alimentação (Assert) o brasileiro gasta em média R$31,74 por dia em comida, que representa 76,2% do salário mínimo.

Seja por pressa, economia ou saúde, as pessoas estão cada vez mais preferindo levar alimentos preparados em casa para o trabalho em suas marmitas. Em busca de uma alternativa, sem abrir mão de uma refeição nutritiva e saborosa, os marmiteiros investem em refeições simples e gostosas.

Após se mudar para Niterói e descobrir que estava pré-diabética, a técnica de informática Bárbara Harumy decidiu adotar o hábito de trazer suas marmitas diariamente, tanto no almoço como no lanche da tarde.

“Adaptei minha alimentação para economizar dinheiro – gastava cerca de R$20 por dia –, pela saúde e também para ficar mais tempo no trabalho. Trazendo comida de casa também posso confiar na qualidade do que eu trago. Além disso, mudei meu cardápio, dando prioridade para legumes e verduras”, afirma.

O preparo das comidas e a escolha dos ingredientes devem fazer parte das decisões de um marmiteiro. Preparar o próprio prato também possibilita que se escolha o que comer e como comer. Para a nutricionista Renata Migueis, o principal para uma marmita ‘campeã’ é optar sempre por alternativas menos calóricas e mais naturais.

“Para uma refeição saudável, comece com uma proteína magra, cozida ou grelhada sem gordura, acrescente um cereal integral, uma leguminosa (feijões, ervilha, lentilhas, grão-de-bico) e capriche nas frutas, legumes e vegetais no prato. Lembre-se que legumes como batata-inglesa, batata-doce, batata-baroa, aipim, inhame e cará, se presentes na refeição, devem substituir a porção de cereais. Já que está levando comida de casa, aproveite para melhorar os seus hábitos alimentares. Deixe de lado o feijão com linguiça, o estrogonofe, o molho branco, a salsicha, os nuggets, o macarrão comum e a batata palha, por exemplo. Invista nos alimentos integrais, em preparações com pouca quantidade de gorduras e açúcar”, aconselha.

Viviane Pires perdeu mais de 35kg só com as marmitas que passou a levar ao trabalho

Foto: Divulgação

Trocar o fast-food ou a comida de restaurantes por uma alimentação feita em casa dá resultados também na perda de peso. Enquanto nos restaurantes a escolha mais comum é por pratos calóricos e elaborados, a correria do dia a dia e a possibilidade de criar seus próprios pratos faz com que os ‘marmiteiros’ estejam ainda mais atentos às informações nutricionais dos alimentos. A analista de atendimento Viviane Pires afirma que é necessário uma preparação para não fazer os pratos de última hora.

“O ideal é evitar frituras. E o erro mais comum é não se planejar, pois vai acabar comendo qualquer coisa e se sentindo culpado depois. Se o problema é o tempo, devemos nos organizar para ganhar e manter uma qualidade de vida saudável”, aconselha.

Para quem traz comida de casa, fazer um prato que possa ser usado durante os próximos dias da semana é uma grande solução para economizar tempo e dinheiro. Bárbara afirma que, quando decidiu levar as marmitas, deu preferência a alimentos mais práticos.

“Gosto de fazer muitos legumes assados e cozidos, às vezes até na mesma panela. Quem faz uso de carne, recomendo descongelar e temperar em pequenas porções individuais. Salada, fruta e legume eu já compro e lavo no primeiro dia de uma vez, para quando precisar sair apressada de casa. De lanche levo sempre um sanduíche com pasta de soja ou inhame/mandioca cozidos com manteiga”, revela.

Além do cuidado com o que se come, da qualidade dos ingredientes, das calorias e características nutricionais, o recipiente em que a comida é transportada também deve ser avaliado. É muito importante saber qual o material da marmita e como ela consegue proteger o alimento. 

“Temperaturas muito altas ou baixas dificultam a multiplicação dos micro-organismos, por isso, o ideal é que o alimento seja transportado em embalagem térmica, tanto para conservá-los quentes ou frios”, completa Renata, que sugere que congelar a marmita é uma alternativa também para quem não tem esses produtos.

O hábito de levar comida para o trabalho fez com que Viviane Pires perdesse mais de 35kg. As marmitas a ajudaram a controlar a perda de peso e também evitar que voltasse a engordar.

Para Bárbara, os benefícios foram além dos nutritivos e econômicos.
“Onde eu trabalho, temos uma copa em que as pessoas geralmente se reúnem para comer suas marmitas. Levar comida de casa fez com que eu me juntasse a esse grupo e conhecesse gente de outros setores que eu não teria contato se almoçasse fora do trabalho”, conclui Bárbara.
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Cozinhar para si mesmo e ter controle sobre o que comer é um modo de aprender mais sobre a função nutricional dos alimentos. No momento em que você é o único responsável por sua refeição, também depende de você a qualidade e as calorias de seu prato.