Mergulho interior

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Mestre Jonas Masetti explica como vedanta contribui para o encontro da paz a partir da identificação das necessidades básicas da pessoa

Foto: Divulgação

Em busca de uma posição melhor no mercado de trabalho, as pessoas hoje procuram se empenhar mais e se qualificar. Ensino superior, pós-graduação, hora extra no trabalho. Seja como for: o ser humano procura reconhecimento, dinheiro ou poder, com a certeza de que isto trará plena felicidade. Contudo, sabemos que não é exatamente isso que acontece. 

“Quando alcançamos o tão almejado resultado, vemos a felicidade esvaindo mais rápido do que um foguete e mesmo assim continuamos a insistir neste mesmo caminho. Por quê? Em geral, tocamos as nossas vidas dentro de expectativas ilusórias, sem pensar muito nos resultados das nossas ações e nem como isso poderia ser modificado”, destaca Jonas Masetti, mestre em vedanta, que trata a jornada do ser humano na busca interior por paz e felicidade, independente dos meios externos. 

Segundo Jonas, algumas pessoas encontram alívio em religiões que falam sobre conforto. Outros, em trabalhos terapêuticos em busca de consertar emoções. Contudo, se protegem atrás de suas conquistas materiais, afinal, isso faz com que se sintam especiais e melhores que os demais. 

“Porém, logo percebem que, quanto mais patrimônio acumulam, mais precisam conquistar para manter as aparências. Sempre há uma válvula de escape para poder viver senão a pessoa explode. Aí é que entram a diversão, as férias, as festas, os vícios, que trazem um falso sentimento de liberdade, na qual a vida só faz sentido quando esquecemos dela. Por esses e outros motivos é que podemos afirmar que hoje vivemos numa sociedade em que sabemos pouco a respeito do que realmente nos faz feliz”, ressalta Masetti.

Originado na experiência direta dos antigos sábios da Índia, os rishis, conhecidos como videntes do conhecimento eterno, o vedanta é uma sabedoria milenar, de origem indiana, que trata-se, principalmente, de um estudo de autoconhecimento. 

Enquanto atividade, a prática é composta, principalmente, por aulas sistemáticas com um mestre que conduz ao questionamento interior do aluno e ao autoconhecimento. Jonas conta que a técnica pretende conduzir o indivíduo em uma jornada de libertação das amarras impostas pela vida. Conta, ainda, com algumas disciplinas auxiliares, como meditação, respiração, mantras, sânscrito entre outros. 

Para o especialista, o vedanta aparece como uma alternativa para que a pessoa deixe de se esconder atrás de uma situação, a fim de tentar “curar” emoções, e acrescenta que o estudo se posiciona com uma visão positiva, racional e ampla. 

“É um processo que tem uma base racional sólida, que destrói doutrinas e preconceitos sociais arraigados em nossa mente, fazendo com que a pessoa possa, desta forma, enxergar quem ela realmente é, e não quem ela gostaria de ser para os outros, ou como a sociedade gostaria que ela fosse. Por este motivo, o vedanta age no desbloqueio intelectual e consequentemente emocional, trazendo à tona a possibilidade de um profundo autoconhecimento”, explica.

Apesar de fazer parte do legado espiritual da Índia, a linguagem do vedanta é universal e vale para qualquer cultura. “Basta estarem dispostos a enfrentar preconceitos, crenças e explorar emoções”, assegura Jonas Masetti.

Mas como definir vedanta? Como não utiliza o exercício físico e não é voltada para o corpo, não é yoga. Como não propõe uma estrutura de dogmas ou crenças, não é uma religião – não é à toa que existem pessoas de diversas crenças que o estudam. Como sua proposta não é o desenvolvimento de ideias e nem conclusões sobre a vida, não se encaixa como filosofia. Como não utiliza a história dos alunos ou seus traumas emocionais como base para um tratamento, também não é uma psicologia.

“O vedanta lida com as necessidades humanas básicas. A mesma aula pode ser dada para muitas pessoas, pois todos têm a mesma necessidade de serem felizes, em especial, amadas. Vedanta vem para resolver um problema que existe antes da estrutura da personalidade estudada na psicologia e outros campos de conhecimento”, conclui o especialista.