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Antes marginalizada, agora a arte faz a cabeça de muitos brasileiros

Foto: Evelen Gouvêa

É cada vez mais comum encontrar uma pessoa com tatuagem. Antes marginalizada, agora a arte faz a cabeça de muitos brasileiros. Tanto que o Brasil já faz parte do calendário do maior evento de tatuagem do mundo, o Tattoo Week, onde o público pode conferir de perto a rotina de tatuador e o universo colorido da arte na pele. 

Estudos indicam que a prática de marcar o corpo surgiu entre 4000 e 2000 a.C., no Egito. O registro mais antigo de uma tatuagem foi descoberto em 1991, no cadáver congelado de um homem da Idade do Cobre. Em seu corpo foram encontradas diversas linhas na região das costas, tornozelos, punhos, joelhos e pés. Supõe-se que os desenhos tenham sido criados a partir da fricção de carvão em cortes verticais feitos na pele.

Com o desenvolvimento das civilizações, as tatuagens ganharam um novo significado para a sociedade, e, muitas vezes, são usadas para marcar um momento importante, fazer uma homenagem ou simplesmente para embelezar o corpo.

“Vejo a tatuagem no País como um mercado em ascensão, onde cada pessoa pode expressar na pele sua identidade, além de ser cada vez mais reconhecida como arte, cultura e moda, não sendo mais segmentada para um determinado público ou profissão. Temos muitos formadores de opiniões, principalmente em redes sociais, que aderiram a essa ‘onda’ da tatuagem. Inclusive, vários artistas famosos ajudaram de forma acelerada essa popularização através da identificação do público”, afirma Felipe Carrete, dono do Estúdio de Tatuagem Konklav Tattoo. 

Bruno Braga e o tatuador Andy Marques

Foto: Evelen Gouvêa

No mundo das tatuagens, todo ano surgem tendências. Em 2018, os desenhos com técnicas em pontilhismo, aquarela, dégradé e sombreado prometem fazer grande sucesso. Para o tatuador Andy Marques, a criatividade do artista é o que transforma e gera essa tendência. 

“Na minha visão como profissional, a tatuagem deve ser vista como a representação única para cada indivíduo. A tendência é relevante para a arte a qual o cliente necessita. Existe uma procura significativa para trabalhos realistas, como fotografias, e trabalhos mais elaborados, por exemplo, aquarela, rosas, relógios, algumas procuras maiores no estúdio, sendo que a nossa preferência sempre será trabalhar a exclusividade em cima do tema preferido do cliente”, diz. 

O tatuador Anderson Bennington acredita que as influências vêm da mídia, pois a internet e a televisão mostram trabalhos que acabam se tornando uma febre por criatividade ou perfeição em detalhes. 

“Trabalhos em preto e cinza são bastante pedidos por homens. Já as mulheres, geralmente, costumam gostar mais de desenhos coloridos ou linhas delicadas. Mas acredito que o que deve prevalecer na escolha é a procura por uma inspiração em algo que venha de dentro, seja uma homenagem ou algo para si mesmo. Nesse momento é bom pensar que estará criando um rótulo com sua alteração corporal, pois a pele é o maior órgão do nosso corpo. Então busque um profissional que te agrade na questão do estilo de se propor a arte e busque por boas referências para que assim a arte tenha meio caminho andado para que o artista saiba exatamente como te atender da melhor forma possível”, aconselha.  

Rodrigo Braga com seu filho Hugo, de 2 anos

Foto: Evelen Gouvêa

O empresário Bruno Braga, de 33 anos, fez seu primeiro desenho no corpo há um ano e oito meses. Ele decidiu fazer o nome do seu filho, e todas as suas tatuagens têm um significado de cada momento de sua vida. 

“Minhas tatuagens têm sempre com relação à minha vida, à minha história. Essas últimas tatuagens que fechei o braço, o leão e o relógio, têm dois significados muito importantes para mim. A do leão representa uma figura de guerreiro e líder. Guerreiro por lutar todos os dias, não desistir e sempre perseverar. E, hoje, como empresário, me tornei um grande líder. Já a tatuagem do relógio traz a hora que meu filho nasceu, um dos momentos mais importantes da minha vida”, conta.  

O irmão de Bruno, Rodrigo Braga, de 26 anos, também seguiu a ideia de fazer um desenho em seu corpo que tivesse relação com seu filho. 

“Sempre tive o sonho de fazer uma tatuagem. E o que escolhi fazer simboliza o quanto meu filho representa para mim. Retrata o quanto é importante e me dá forças para eu prosseguir mesmo nos momentos ruins e de tristeza. Por exemplo, fiz um relógio que me traz a lembrança de quando ele nasceu, que foi um dois momentos que ficaram gravados em meu coração e agora no corpo”, garante.