Nos trinques

Revista
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Algumas raças de cães necessitam de cuidados constantes com a pelagem, com banhos e tosas regulares.

Foto: Lucas Benevides

Hidratação para o pelo, penteados, cuidados com higiene bucal... Quem olha, acha que estamos falando de uma pessoa, mas a realidade é que os tratamentos estéticos voltados para os pets são cada vez mais variados.  

“Os tratamentos estéticos para os pets são destinados a prevenir, amenizar ou eliminar agravos estéticos que podem interferir, direta e indiretamente, na qualidade de vida dos animais. São serviços voltados para o embelezamento e higienização. Os mais comuns são relacionados ao banho e tosa, hidratação dos pelos, massagens corporais e pinturas de pelagem e unhas. Existem também procedimentos estéticos mais invasivos, como cirurgias para corte de cauda (caudectomia) ou corte das orelhas (conchectomia), que são procedimentos proibidos pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária”, conta Raphael Rocha, dermatólogo veterinário.

Já é comprovado pelos médicos que os benefícios dos tratamentos estéticos vão além da vaidade.

“Banho, tosa, corte de unha e limpeza de orelhas são procedimentos indispensáveis para a saúde do animal, são formas de manutenção do equilíbrio da microbiota da pele, prevenindo e tratando problemas dermatológicos. Em relação à saúde bucal, é extremamente importante para prevenir infecções bacterianas que podem migrar pela corrente sanguínea, causando diversas doenças. Algumas raças são predispostas a ter problemas com excesso de pele e inversão/eversão de pálpebras. Todos esses transtornos prejudicam a visão e aumentam as possibilidades de infecções e problemas oftálmicos. Por isso, esses procedimentos, mesmo que estéticos, visam dar qualidade de vida a esses pacientes”, afirma a veterinária Aline Coelho de Freitas.
Mas é preciso ter moderação na hora de embelezar seu companheiro peludinho. Alguns desses tratamentos são extremamente invasivos e acabam prejudicando o desenvolvimento do pet.  

“Recomendo sempre cautela para realização de qualquer procedimento estético. Observo condições exageradas e perigosas de alguns tutores na realização desse tratamentos em seus animais. Existem também pets com doenças preexistentes que podem ser agravadas com alguns procedimentos estéticos, como animais alérgicos ou aqueles que têm uma pele mais sensível. Não aconselho a realização de procedimentos cirúrgicos por motivos estéticos, uma vez que os mesmos, relembrando, são proibidos”, alerta Raphael. 

A recomendação é unânime entre os profissionais, que ainda atentam sobre os produtos utilizados nesses tratamentos. 

“Cuidado com exageros. Devem ser a principal preocupação. Deve-se utilizar sempre produtos certificados e validados para os animais, para minimizar quaisquer tipos de manifestações alérgicas e pensar no animal em primeiro lugar, porque nem sempre a aparência é o que importa e, sim, o que aquele procedimento vai beneficiar em relação à qualidade de vida desse pet”, diz Aline. 

Paulo Bille, gerente de um pet shop, conta que, em média, um cão vai uma vez por semana para realizar os procedimentos. Apenas algumas raças que exigem mais cuidados vão duas vezes. Essa é a quantidade que os especialistas julgam necessária para que não vire exagero.

“Aqui no pet shop, o que mais procuram é o banho, que já vem com o corte de unha e limpeza dos ouvidos incluídos. Muitos também vêm atrás de hidratação e escovação dos pelos. Todos os profissionais que realizam os tratamentos estéticos são certificados de cursos profissionalizantes na área, tendo total capacitação. Eles realizam o trabalho em conjunto com os veterinários, que estão sempre a postos para atender qualquer emergência que surgir durante o procedimento”, garante Paulo.