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Não há frio que impeça Paola Torquato de ir às aulas de crossfit pela manhã, bem cedinho

Foto: Arquivo Pessoal

Os termômetros têm marcado temperaturas tão baixas que chega a ser cruel sair da cama pela manhã para se exercitar. A tentação de cair no pecado da preguiça é grande. Com o frio que tem feito na cidade, não é raro encontrar pessoas que se rendem à preguiça e não têm forças para praticar atividades físicas. Na contramão, entretanto, tem muita gente corajosa por aí botando para funcionar o “projeto inverno”.
 
A funcionária pública Paola Torquato, de 35 anos, lembra com precisão quando começou suas aulas de crossfit: na sexta-feira de carnaval desse ano. Ela gostou tanto que não há frio que a impeça de sair da cama para treinar. 

“Acordo às 5h30 todos os dias. Às vezes, levanto e meu marido fica me olhando sem entender como vou sair da cama com o frio. A chave é determinação e muito amor mesmo”, diverte-se. 

Fora a necessidade de maior força de vontade para sair da cama, Paola conta que não sente muita diferença na rotina em dias frios. É só botar um casaco mesmo e sair para treinar. 

“Eu estava sedentária há 15 anos. Depois que comecei a treinar, me apaixonei pelo exercício. Me deu disposição, há alguns meses parei até de fumar”, relata Paola, que admite, entretanto, que há dias em que quase não consegue sair de baixo dos cobertores. Mas é só lembrar do peso na consciência que vai bater mais tarde para conseguir reverter a preguiça.

Colega de crossfit de Paola, Heitor mora relativamente perto da academia onde treina: ele acorda às 6h e, às 7h, chega de moto ao local. 

“Atrapalhar até atrapalha, é difícil levantar da cama. Mas fico estressado quando falto ao treino, então acaba que, para mim, não vale a pena não ir. Se eu pudesse, treinava mais de uma vez por dia”, conta o mecânico industrial, que ainda encontra um tempinho para andar de skate.

Quando ele bota as quatro rodinhas na rua, além do frio, Heitor ainda enfrenta os horários ingratos para praticar o skate: de manhã bem cedinho ou de madrugada. 

“O skate é mais um hobby. Como faço downhill, preciso ir para locais com ladeira. Por conta do fluxo de carros nos locais onde vamos, tem que ser seis da manhã ou meia-noite. A secura por andar fala mais alto”, admite.

Aos 37 anos, a empresária Camila Cavalcanti é corredora de rua desde 2007. Na época, ela teve um princípio de síndrome do pânico. Ao procurar um especialista, recebeu a recomendação de procurar por algum tipo de esporte. Acabou escolhendo a corrida por uma questão de preferência por exercícios aeróbicos. Desde então, faça chuva ou faça sol – literalmente – ela bota o tênis e sai para correr. 

“Eu consigo até treinar melhor com o frio, meu corpo fica mais resistente. Só não deixo de correr. Quando eu não corro, por alguma situação específica, meu dia fica completamente diferente”, conta Camilla, que malha, inclusive, quando está em terras estrangeiras. “Fui para Nova Iorque recentemente e, quando fui correr no Central Park, estava caindo uma tempestade. Acabou que bati meu recorde de tempo: fiz 10 quilômetros em 49 minutos”. 

Tatiana Paula de Souza, de 41 anos, também começou a fazer exercícios físicos por uma questão de saúde. A corretora de imóveis começou a se queixar de dores nas pernas e calcanhares e recebeu a indicação dos médicos para investir em atividades na água.

Desde então, toda terça e quinta-feira cai na piscina pela manhã, não importa a temperatura  “Acordo às 5h e vou andando. O professor é muito animado, torce pela gente. Acho que isso motiva”, pondera.

Maria de Lourdes Rodrigues, de 70 anos, também não quer saber de preguiça e mergulha na piscina logo pela manhã. 

“Como eu faço circuito e pilates antes da hidroginástica e da natação, já estou com o corpo quente quando vou pular na piscina, então não passo tanto frio”, conta.