Opinião: O que é o 'Dezembro Laranja'? Entendendo o câncer de pele

Dra. Patricia Azevedo Janoni - Foto: Divulgação

Saúde
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País com sol e calor na maior parte do ano, o Brasil registra cerca de 180 mil novos casos de câncer de pele a cada ano, o que representa mais de 30% de todos os casos de câncer no país.

Felizmente, apenas 3% desses diagnósticos correspondem ao melanoma, o tipo mais agressivo. Acomete principalmente os caucasianos* que moram em países com alta intensidade de radiação ultravioleta. No entanto, esse tipo de câncer afeta todos os grupos étnicos em alguma proporção. Contudo, vale ressaltar que, apesar da alta letalidade, se detectados em estágios iniciais, os melanomas são curáveis e seu prognóstico é considerado bom.

Os outros tipos, chamados de câncer de pele não melanoma, têm baixa letalidade, mas constituem um sério problema de saúde pública por ser tão comum na população,permanecendo subnotificado pela maioria dos registros de câncer do mundo. No Brasil, figura como o tumor mais incidente em ambos os sexos.

Como surge o câncer?

O câncer é todo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele, devido a mutações que, na maioria das vezes, são adquiridas ao longo da vida, durante o processo de multiplicação celular. Apenas cerca de 5% dos casos de câncer de pele podem ser atribuídos a mutações genéticas herdadas dos pais.

Apesar de funcionar como barreira protetora, a pele não é impermeável,e alguns agentes externos podem ser absorvidos por ela. O principal inimigo é a radiação ultravioleta emitida pelo sol. Idosos e crianças têm a pele mais fina, por isso são mais vulneráveis a esse agressor.

Tipos de câncer de pele e seus sintomas

Dependendo do tipo de célula afetada, o câncer de pele pode ser dividido em três tipos principais:

CARCINOMA BASOCELULAR

O mais prevalente dos cânceres de pele. É mais comum em regiões expostas ao sol, como rosto, orelha, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas.

Sinais e sintomas: às vezes as lesões podem se assemelhar a outras doenças, como eczema ou psoríase. Em geral se manifesta como uma mancha avermelhada, brilhante, com uma crosta no meio que pode sangrar com facilidade.

CARCINOMA ESPINOCELULAR

O segundo tipo mais comum. Também é mais frequente em áreas mais expostas ao sol e mais prevalente em homens do que em mulheres. Alguns casos ainda podem ser associados a feridas crônicas, uso de drogas para evitar rejeição a transplantes ou agentes químicos.

Sinais e sintomas: costumam ter coloração avermelhada e se parecem com machucados ou feridas descamativas que não cicatrizam e sangram às vezes. Mas também podem ter aparência similar a de verrugas.

MELANOMA

Esse é o tipo menos frequente, mas com pior prognóstico, pois envolve maior risco de metástase. Mesmo assim, a detecção precoce traz grandes chances de cura.

Sinais e sintomas: como esse tipo de câncer afeta os melanócitos (que produzem pigmento), a manifestação é sempre uma pinta ou sinal acastanhado ou negro que muda de cor, formato ou de tamanho e pode causar sangramento. As lesões podem surgir em áreas menos visíveis, porém são mais comuns nas pernas, no tronco, pescoço e cabeça. Nos estágios iniciais, afeta apenas a camada mais superficial da pele, mas pode avançar para as mais profundas e alcançar outros órgãos, causando nódulos, inchaço nos gânglios linfáticos ou outros sintomas específicos na região afetada.

OUTROS TUMORES

Existem alguns tipos de câncer de pele não melanoma menos frequentes, como o sarcoma de Kaposi, o linfoma de pele e outros, mas eles representam menos de 1% de todos os casos.

Quando procurar um dermatologista?

Muitas lesões cancerosas podem se assemelhar a pintas, manchas ou machucados, por isso de maneira geral é importante procurar um dermatologista toda vez que você perceber alguma alteração na pele, como:

-Manchas que coçam, ardem, escamam ou sangram;Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor;Feridas que não cicatrizam em 4 semanas;Mudança na textura da pele ou dor.

Lesões pré-câncer

Algumas lesões são consideradas pré-câncer, ou seja, são condições causadas pela exposição excessiva ao sol com potencial para se transformar na doença. Um dos exemplos é a chamada queratose solar, que em geral se manifesta como pontos irregulares nas cores rosa, vermelho ou bege.

O carcinoma espinocelular in situ ou doença de Bowen é considerado um precursor do câncer de células escamosas. Em geral, se manifesta por manchas rosadas na pele, com bordas irregulares, e também é provocado pela exposição ao sol.

Sempre Alerta!

Por ser um tipo de câncer altamente tratável e com boas chances de cura, as pessoas tendem a subestimar a prevenção ou qualquer sinal de mudança na pele. Porém, o cuidado e a atenção são necessários para que o indivíduo perceba que alguma coisa não está indo bem. 

O câncer de pele pode se manifestar como uma pinta ou mancha, geralmente acastanhada ou escurecida, como também uma ferida que não cicatriza. Os especialistas costumam divulgar a chamada regra do ABCDE, que ajuda na suspeita de uma lesão maligna e sinaliza que um dermatologista deve ser procurado.

A= assimetria da lesão

B= bordas irregulares

C= coloração alterada

D= diâmetro maior que 6 mm

E= evolução da lesão

 

Como prevenir o câncer de pele?

Evitar a exposição excessiva ao sol é a principal forma de evitar o câncer de pele, especialmente para as pessoas com pele clara. No entanto, essas recomendações são para todas as pessoas, independente da cor da pele ou da região onde vive.

Veja algumas dicas;

Use chapéus, camisetas, óculos escuros e protetores solares para promover uma barreira física contra o sol;

Evite a exposição solar entre 10h e 16h;

Na praia ou na piscina, fique embaixo de barracas ou guarda-sóis de algodão ou lona, mas lembre-se que eles absorvem apenas 50% da radiação ultravioleta, por isso a proteção deve ser reforçada por roupas e protetor solar. As barracas de nylon praticamente não protegem contra os raios UV;

Use filtros solares diariamente, e não apenas na praia ou piscina;

Consulte um dermatologista ao menos uma vez ao ano para fazer um exame completo da pele;

Tenha o hábito de observar a própria pele e fazer o auto-exame em busca de pintas ou manchas suspeitas.

Protetor solar – o melhor aliado contra o câncer de pele, como escolher?

– Opte por produtos que oferecem proteção contra radiação UVA e UVB e que tenham FPS (fator de proteção solar) de no mínimo 30, especialmente se você tem pele clara. Se tiver dúvidas, consulte o dermatologista sobre o produto mais indicado para seu tipo de pele. 

– O protetor deve ser usado em abundância –o equivalente a uma colher de chá rasa para o rosto e três colheres de sopa para o corpo — e espalhado de maneira uniforme.

– A primeira aplicação deve ser feita 15 minutos antes de se expor ao sol. Reaplique a cada duas horas ou após entrar na água.

– Existem protetores químicos (que funcionam como “esponja”) e físicos (à base de dióxido de titânio e óxido de zinco), que ajudam a refletir a radiação incidente. O uso de coloração de base reduz o aspecto esbranquiçado desses últimos.

– Lembre-se que só o filtro solar não basta. É preciso se proteger com roupas e guarda-sóis, e buscar sombras nos períodos de maior emissão de UV (das 10h às 16h).

Use protetor solar diariamente!.. Aproveite com moderação!

Fatores de risco do câncer de pele:

– Cor da pele: pessoas de pele clara e que se queimam com facilidade têm maior risco de desenvolver a doença.

– Hereditariedade: a maior parte das mutações que levam ao câncer são adquiridas ao longo da vida, e não herdadas. Porém, familiares de pacientes diagnosticados com melanoma têm risco mais alto e devem fazer exames preventivos com maior regularidade.

– Exposição ao sol: a radiação ultravioleta (UV) do sol é o principal agente causador de danos no DNA das células da pele.

– Idade: os efeitos da radiação são cumulativos, por isso, quanto maior idade, maior a tendência a ter lesões cancerosas.

– Bronzeamento artificial: as câmaras de bronzeamento artificial também fornecem radiação UV e seu uso pode levar ao melanoma. É por isso que esses equipamentos foram proibidos para fins estéticos no Brasil desde 2009.

– Radioterapia: alguns pacientes que fizeram radioterapia para tratar outros tipos de câncer podem ser mais propensos ao câncer de pele, especialmente se isso ocorreu na infância.

– Histórico: quem já teve câncer de pele tem probabilidade alta de apresentar novas lesões, por isso os cuidados devem ser tomados pelo resto da vida.

– Uso de imunossupressores: drogas que evitam a rejeição de órgãos transplantados podem elevar o risco desse tipo de câncer.

– Doenças de pele: alguns pacientes com psoríase ou xeroderma pigmentosa (uma doença genética rara) podem ter risco aumentado. 

– Outros: fatores ambientais ou ocupacionais como a exposição a fuligens, ao arsênico e seus compostos (utilizados na conservação de madeiras, em agrotóxicos e na metalurgia, entre outros), ao alcatrão de carvão (piche), a óleos minerais (industriais, não tratados ou pouco tratados) e a óleos de xisto (utilizados na indústria petroquímica) também podem levar ao câncer de pele.

Como fazer o auto-exame?

Em frente a um espelho, com os braços levantados, examine seu corpo de frente, de costas e dos lados direito e esquerdo. Dobre os cotovelos e observe cuidadosamente as mãos, antebraços, braços e axilas. Examine as partes da frente, de trás e dos lados das pernas, além da região genital. Sentado, examine atentamente a planta e o peito dos pés, assim como os espaços entre os dedos.Com o auxílio de um espelho de mão e de uma escova ou secador, examine o couro cabeludo, pescoço e orelhas.Também com o auxílio do espelho de mão, examine as costas e as nádegas.Ao perceber qualquer alteração na pele, consulte um médico.

Tenho câncer de pele, e agora?

Assim como outros tipos de câncer, as chances de cura são altas se o diagnóstico da doença for precoce.

Em caso de melanoma, a cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas dependendo do estágio do câncer. Outras terapias como; Terapia fotodinâmica (PDT), Imunoterapia e terapia-alvo são opções disponíveis, conforme diagnóstico prévio.

Quando há metástase, o melanoma é incurável na maioria dos casos. A estratégia de tratamento para a doença avançada deve ter como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Os tumores classificados como não melanoma podem ser de diferentes linhagens, mas os mais frequentes são o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular e, nestes casos, a cirurgia de retirada completa da lesão, com uma margem confiável de diâmetro, é o tratamento mais indicado.

O indivíduo deve procurar o dermatologista ao primeiro sinal de surgimento de manchas ou sinais novos na pele, ou a mudança nas características desses, reconhecendo assim possíveis alterações precoces sugestivas de malignidade.

À partir do diagnóstico de exclusão ou confirmação da doença, o tratamento adequado a cada caso será indicado.

“As várias formas de tratamento estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e variam de acordo com o paciente e o tipo de tumor”.

A disseminação do conhecimento sobre o câncer de pele é essencial para conscientizar a população sobre a importância da prevenção.

Convidamos você a participar conosco desse movimento!

Cubra-se de laranja você também!!!

 

Dra. Patricia Janoni

CREMERJ 71919-6

Diretora da clínica Embjanoni

www.instagram.com/drapatriciajanonj/

Site: https://www.clinicaembjanoni.com.br

E-mail: [email protected]

Tel: (21) 99914-7145