Pela primeira vez, pesquisadores restauraram parte da visão de pacientes com degeneração macular avançada por meio de um implante de retina muito pequeno. Em estudo publicado no The New England Journal of Medicine, 27 de 32 participantes melhoraram a ponto de conseguir ler letras ampliadas com o auxílio de um sistema composto por óculos e câmera que projetam imagens em infravermelho sobre um chip implantado na retina. A visão recuperada é limitada, em preto e branco, com campo reduzido e nitidez inferior à visão normal.
O implante substitui parte dos fotorreceptores perdidos e converte sinais infravermelhos em estímulos elétricos que ativam neurônios remanescentes da retina. Pacientes ganharam em média cinco linhas em tabela oftalmológica padrão. O tratamento exige treino prolongado e não é indicado para todas as causas de cegueira. Houve efeitos adversos em 19 participantes, como aumento da pressão ocular e lesões retinianas, em sua maioria controláveis.
O dispositivo foi testado na Europa e a empresa responsável iniciou processo para comercialização em outras regiões. Especialistas veem o avanço com cautela e otimismo. A tecnologia não é cura milagrosa, mas representa marco científico com potencial para melhorar a autonomia de milhões de idosos afetados pela doença. Investimento privado e responsabilidade pública devem caminhar juntos sempre. Rigor regulatório e acompanhamento clínico permanecerão essenciais para avaliar segurança e eficácia em larga escala.



