Autonomia e remuneração estão entre os critérios mais levados em conta pelas novas gerações na hora de escolher um trabalho profissional. A questão salarial é apontada como prioridade por 41% dos jovens brasileiros. Já possibilidades de crescimento e benefícios complementares foram citados por 21% e 20%, respectivamente.
Os dados constam em uma pesquisa inédita do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social da Indústria (SESI), com apoio da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). O levantamento foi conduzido pelo Instituto de Pesquisa Nexus e ouviu 1.958 jovens de 14 a 29 anos de todo Brasil.
Ainda de acordo com a pesquisa, 50% dos jovens afirmaram que a remuneração baixa é o principal motivo para optar pela troca de um emprego. Outros 28% disseram que a escolha é feita pelo estresse no ambiente de trabalho.
Mylena Alves, de 27 anos, trabalha como auxiliar de engenharia civil. Moradora de Brasília, ela acredita que, além do fator salarial, é importante que o ambiente de trabalho também seja agradável, para um melhor desempenho do profissional.
“A remuneração, porque vai muito além de arcar com os custos da vida cotidiana, pois ela passa também pela capacidade ou não de conseguir fazer um investimento na qualificação profissional. Já um ambiente agradável de trabalho, além de proporcionar um ambiente que não seja tóxico, que não adoeça o profissional, ele também pode proporcionar a criatividade, o crescimento e o aproveitamento de habilidades específicas do profissional”, considera Mylena.
Na avaliação do superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado, essa tendência aponta para um maior interesse desse público em contribuir mais com o propósito da empresa.
“Isto mostra que o jovem não só quer participar das transformações no mercado de trabalho, ele quer de fato estar vivendo no dia a dia da empresa e contribuindo com o propósito, garantindo assim um maior significado para a sua profissão. Nós buscamos entender para onde o jovem gostaria de ir”, destaca o superintendente.
Remuneração ou flexibilidade de horário?
Para 66% dos entrevistados, sendo a maioria mulheres, o modelo híbrido de trabalho é considerado atrativo. Porém, o aspecto salarial ainda pesa mais que a flexibilidade. A pesquisa também revela que 55% dos jovens não aceitariam atuar com uma jornada de trabalho com horários mais flexíveis com remuneração mais baixa, nem para ter mais tempo para atividades pessoais.
Estudo e qualificação profissional
O levantamento mostra, ainda, que a intenção de evoluir profissionalmente se reflete na relação com a educação. 79% das pessoas ouvidas na pesquisa informaram ter o desejo de continuar estudando, enquanto 88% aceitariam participar de cursos técnicos, graduações ou micro certificações gratuitas.
Além disso, para 68% desse público, competências digitais, como uso básico e avançado de ferramentas online, análise de dados, comunicação, edição de conteúdo e vendas online, são imprescindíveis no mundo do trabalho.
Já 75% dos jovens consideram que a inteligência artificial pode aumentar a produtividade, embora parte deles ainda tenha receio em relação à substituição de vagas.
Interesse em trabalhar na indústria
O estudo aponta que praticamente 49% dos jovens brasileiros têm interesse em trabalhar na indústria. Essa intenção se sobressai entre os homens. A quantidade de jovens que já procuraram vaga no setor chega a 41% entre aqueles com idade entre 25 e 29 anos.
“A indústria é objeto de desejo porque está ligada à tecnologia. A indústria pode ajudar a atingir os seus objetivos. “Eles [os jovens] sabem que as tecnologias estão impactando as profissões, principalmente a inteligência artificial. Isso mostra que o desejo de estudar e de se atualizar é presente nos jovens”, pontua Morgado.
A indústria é compreendida como um setor empregador sólido e de bom retorno financeiro. A longo prazo, ou seja, em torno de 20 anos, 53% dos jovens acreditam que a indústria pode satisfazer pretensões financeiras e de carreira.
Fonte: Brasil 61


